“Idioma é pra se defender”: políticas linguísticas no ensino de português para migrantes haitianos em resposta à colonialidade
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-8412.2021.e81231Resumo
O mundo tem enfrentado uma das maiores crises sanitárias e socioeconômicas da história, a pandemia de COVID-19. Nesse período em que o distanciamento social é necessário para conter o avanço do vírus, a ONG Byenvini decidiu desenvolver ações de assistência linguística à população haitiana recém-chegada ao Brasil e repensar o que se entende por ensino de língua portuguesa. Nesse cenário, o presente trabalho foi desenvolvido a partir de um recorte de um estudo etnográfico e suscitou questionamentos sobre a experiência de migrantes haitianos no Brasil no que tange aos processos de ensino e aprendizagem de língua no período da pandemia. Objetivamos analisar, a partir de uma perspectiva decolonial, a noção de língua como defesa que orienta políticas linguísticas nos processos das aulas de língua portuguesa conduzidas por um professor haitiano no Brasil.
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