“Idioma é pra se defender”: políticas linguísticas no ensino de português para migrantes haitianos em resposta à colonialidade

Autores

  • Ana Paula Pessoa UFSC
  • Caroline Rodrigues UFSC

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2021.e81231

Resumo

O mundo tem enfrentado uma das maiores crises sanitárias e socioeconômicas da história, a pandemia de COVID-19. Nesse período em que o distanciamento social é necessário para conter o avanço do vírus, a ONG Byenvini decidiu desenvolver ações de assistência linguística à população haitiana recém-chegada ao Brasil e repensar o que se entende por ensino de língua portuguesa. Nesse cenário, o presente trabalho foi desenvolvido a partir de um recorte de um estudo etnográfico e suscitou questionamentos sobre a experiência de migrantes haitianos no Brasil no que tange aos processos de ensino e aprendizagem de língua no período da pandemia. Objetivamos analisar, a partir de uma perspectiva decolonial, a noção de língua como defesa que orienta políticas linguísticas nos processos das aulas de língua portuguesa conduzidas por um professor haitiano no Brasil.

Biografia do Autor

Ana Paula Pessoa, UFSC

Mestra Letras pela Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (2020), e doutoranda em Linguística na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil.

Caroline Rodrigues, UFSC

Mestra em Letras pela Universidade Federal do Paraná (2019), e doutoranda em Linguística na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil.

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Publicado

2021-12-29