Uma abordagem sociolinguística da concordância nominal de número no falar dos moradores do município de Fonte Boa (Amazonas)

Autores

  • Flávia Santos Martins Universidade Federal do Amazonas.
  • Izete Lehmkuhl Coelho Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2019v16n4p4097

Resumo

Este artigo, à luz da Sociolinguística Variacionista, propõe-se a refletir sobre a variação na concordância nominal de número na fala de dez moradores da cidade de Fonte Boa, um dos nove municípios pertencentes à microrregião do Alto Solimões (AM), a partir de resultados de Martins (2013). Para este estudo foram descritos e analisados 1.356 dados, submetidos ao programa estatístico Goldvarb2001. Desses dados, 754 foram da variante “presença de marcas de plural” (55% dos dados) e 602 foram da variante “ausência de marcas de plural” (45% dos dados). Apesar desse baixo índice de concordância nominal, os resultados mostram que a marcação na concordância é favorecida em Fonte Boa pelas mesmas restrições linguísticas de outras regiões brasileiras. Quanto às variáveis sociais, ‘escolaridade’ segue o padrão de comportamento geral, e ‘sexo’ revela o homem como favorecedor de marcação, um comportamento particularizado (semelhante ao de zonas menos urbanas), de uma localidade em que os papeis de mulheres e homens ainda são conservadores, sendo a mulher menos sensível à variável ‘mercado de trabalho’.

Biografia do Autor

Flávia Santos Martins, Universidade Federal do Amazonas.

Doutora em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professora Adjunta da Universidade Federal do Amazonas.

Izete Lehmkuhl Coelho, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutora em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professora Titular da Universidade Federal de Santa Catarina. 

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Publicado

2019-12-31

Edição

Seção

Artigo