Política externa e polarização: um estudo de caso sobre o discurso diplomático brasileiro

Resumo

O presente artigo procura investigar a frequência e a maneira como incide a chamada Retórica da Guerra Cultural no discurso diplomático brasileiro. Parte de uma pesquisa mais vasta, que inclui 20 anos de discursos oficiais dos chanceleres brasileiros do primeiro governo Lula até Bolsonaro, esta publicação se concentra no caso de Celso Amorim, perguntando-se em que medida e como o diplomata adotou ou não as constantes da Retórica da Guerra Cultural, bem como se se distanciou ou não, como e com que frequência, do discurso diplomático brasileiro tradicional, pautado pelo universalismo, pragmatismo, autonomia e desejo de inserção internacional. As constantes ou variáveis pré-estabelecidas teoricamente serviram de parâmetro para catalogar os discursos em uma planilha, fornecendo informação para o cruzamento de dados que possam responder às perguntas de pesquisa. O que se observou foi que Amorim não encampou as constantes da Retórica da Guerra Cultural, apesar de ter claramente pendido para a esquerda do discurso político. Além do mais, o referido chanceler se mostrou consoante, qualitativa e quantitativamente, ao que se entende por tradicional discurso diplomático brasileiro.