Os lugares das línguas estrangeiras nos exames de proficiência dos PPGs do Centro-Oeste do Brasil: um estudo sobre políticas linguísticas
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-8412.2025.e106896Palavras-chave:
Políticas linguísticas, Internacionalização, Línguas estrangeiras, Proficiência, Pós-GraduaçãoResumo
Este estudo teve como objetivo central investigar os lugares ocupados pelas línguas estrangeiras nos exames de proficiência exigidos pelos Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu, avaliados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, na área de Educação, em universidades localizadas na região Centro-Oeste do Brasil. A pesquisa se inscreve em uma abordagem qualitativa e documental, fundamentada nos pressupostos das políticas linguísticas críticas. A coleta de dados foi realizada a partir da análise de documentos institucionais – como editais de seleção, regulamentos internos e instruções normativas – obtidos por meio da Plataforma Sucupira e dos sites das universidades. A análise revelou a centralidade da língua inglesa nos processos seletivos, refletindo ideologias linguísticas e dinâmicas de poder associadas aos processos de internacionalização. Observou-se que, embora outras línguas como espanhol e francês sejam eventualmente aceitas, o inglês mantém posição hegemônica, configurando uma política linguística implícita que reforça desigualdades no acesso e na permanência na Pós-Graduação. O estudo contribui para o debate sobre os impactos das exigências linguísticas no campo acadêmico e evidencia a necessidade de políticas mais plurais e inclusivas no Ensino Superior brasileiro.
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