Por que o desenvolvimento ontogenético foi tratado como uma “caixa preta” na síntese moderna da evolução?
DOI:
https://doi.org/10.5007/1808-1711.2015v19n2p263Resumen
A Síntese Moderna da Evolução tratou o desenvolvimento ontogenético como uma “caixa preta”. Neste artigo pretendemos defender que a ausência do desenvolvimento ontogenético na Síntese Moderna se deveu, em grande medida, à forte fundação dessa disciplina na genética da transmissão. São discutidas três estratégias de pesquisa da genética da transmissão que estiveram diretamente envolvidas com a omissão do desenvolvimento ontogenético na Síntese Moderna: (i) o modelo de herança de partículas; (ii) a população como locus de pesquisa; (iii) e a adoção de ferramentas experimentais que procuraram remover “flutuações não hereditárias” de origem ambiental e ontogenética. Essas práticas contribuíram para a solidez da herança genética, mas também excluíram o desenvolvimento ontogenético da explicação causal da hereditariedade e evolução dos seres vivos. Procuramos argumentar que essa perspectiva foi central na Síntese Moderna, sendo importante para manter o poder explicativo da disciplina.
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