Estratégias de Resistência de Negras Cotistas Lésbicas e Bissexuais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2021v29n382622

Resumo

Neste artigo, analisamos estratégias de resistência de mulheres negras cotistas, lésbicas e bissexuais em uma universidade estadual no Centro-Oeste do Brasil, sob a perspectiva do “não-lugar social”. Alguns dos fatores interferentes na permanência dessas mulheres na universidade, assim como a maneira com que elas os enfrentam, foram evidenciados por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com quatro graduandas da instituição, no período de 2017 a 2018. A pesquisa baseou-se em referenciais que fazem a interface entre educação, gênero e relações raciais, feminismo negro e lésbico. Nas conclusões, delinearam-se processos que podem tornar a academia, desde a graduação, como um espaço social não acolhedor para as mulheres negras, ao subtender que estas mulheres são incapazes de exercer atividades intelectuais, o que as leva a procurar ações afirmativas e variadas redes de apoio.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Luisa Alves Cordeiro, Universidade Federal de Mato Grosso

Ana Luisa Alves Cordeiro (analuisacordeiro@ufmt.br) é doutora em Educação, Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Professora Permanente da linha Movimentos Sociais, Política e Educação Popular, no Programa de Pós-Graduação em Educação, do Instituto de Educação, da Universidade Federal de Mato Grosso (PPGE/IE/UFMT). Integra o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Educação (Nepre) e o Flores Raras - Grupo Estudos e Pesquisa Educação, Comunicação e Feminismos.

Daniela Auad, Universidade Federal de São Carlos/Universidade Federal de Juiz de Fora

Daniela Auad (auaddaniela@ufscar.br) é Professora Permanente do PPGEd-So/UFSCar, na Linha de Pesquisa Educação, Comunidade e Movimentos Sociais; docente permanente no PPPGE/FACED/UFJF. Cursou, na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP), doutorado em Educação, mestrado em Educação e graduação em Pedagogia. Daniela Auad é coordenadora do Grupo de Pesquisa Educação, Comunicação e Feminismos - Flores Raras (CNPq).

Referências

AUAD, Daniela. Feminismo: que história e essa? Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

AUAD, Daniela. Educar meninas e meninos: relações de gênero na escola. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2012.

BAIRROS, Luiza. “Nossos feminismos revisitados”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 3, n. 2, p. 458-463, 1995.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Senado Federal, 1996. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm.

BRASIL. Lei nº 10.639, de 09 de janeiro de 2003. Cultura e História Afro-brasileira e Africana. Brasília: Presidência da República, 2003. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm#:~:text=L10639&text=LEI%20No%2010.639%2C%20DE%209%20DE%20JANEIRO%20DE%202003.&text=Altera%20a%20Lei%20no,%22%2C%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias.

BRASIL. Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010. Estatuto da Igualdade Racial. Brasília: Presidência da República, 2010. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12288.htm.

BRASIL. Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012. Lei das Cotas. Brasília: Presidência da República, 2012. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711.htm.

BRASIL. Lei nº 12.990, de 09 de junho de 2014. Reserva aos negros 20% (vinte por cento) das vagas nos concursos públicos. Brasília: Presidência da República, 2014. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12990.htm.

BRASIL. Portaria Normativa nº 13, de 11 de maio de 2016. Ações Afirmativas na Pós-graduação. Brasília: MEC, 2016. Disponível em https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/21520493/do1-2016-05-12-portaria-normativa-n-13-de-11-de-maio-de-2016-21520473.

BRASIL. Ministério da Educação. Portaria nº 545, de 16 de junho de 2020. Revoga a Portaria Normativa MEC nº 13, de 11 de maio de 2016. Brasília: MEC, 2020a. Disponível em https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-545-de-16-de-junho-de-2020-262147914.

BRASIL. Ministério da Educação. Portaria nº 559, de 22 de junho de 2020. Torna sem efeito a Portaria nº 545, de 16 de junho de 2020. Brasília: MEC, 2020b. Disponível em https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-559-de-22-de-junho-de-2020-262970520.

CARNEIRO, Sueli. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo Negro, 2011.

CAVALLEIRO, Eliane. Do silêncio do lar ao silêncio escolar: racismo, preconceito e discriminação na educação infantil. São Paulo: Contexto, 2000.

CORDEIRO, Ana Luisa Alves. Políticas de ação afirmativa: implicações na trajetória acadêmica e profissional de afro-brasileiros/as cotistas egressos/as da UEMS (2007-2014). 2017. Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, MS, Brasil.

CORDEIRO, Maria José de Jesus Alves; CORDEIRO, Ana Luisa Alves; MULLER, Maria Lucia Rodrigues. “A permanência de estudantes na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS)”. Revista da Faculdade de Educação UNEMAT, Cáceres, v. 25, ano 14, n. 1, p. 131-153, jan./jun. 2016.

CRENSHAW, Kimberlé. “Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 10, n. 1, p. 171-188, jan. 2002.

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.

ESCOBAR, Geanine Vargas.; BAPTISTA, Maria Manuel Rocha Teixeira. “O pensamento das mulheres negras e a lesbianidade negra em contexto lusófono”. In: BAPTISTA, Maria Manuel Rocha Teixeira; LATIF, Larissa (Coords.). Género, Direitos Humanos e Ativismos: atas do V Congresso Internacional em Estudos Culturais. Coimbra: Gracio, 2016. p. 290-298.

GOMES, Joaquim Barbosa. “A recepção do instituto da ação afirmativa pelo direito constitucional brasileiro”. In: SANTOS, Sales A. dos (Org.). Ações afirmativas e combate ao racismo nas Américas. Brasília: MEC/UNESCO, 2005. p. 47-82.

GOMES, Nilma Lino. “Educação e Identidade Negra”. Aletria: Revista de Estudos de Literatura, Belo Horizonte, v. 9, n. 1, p. 38-47, 2002.

GONZALEZ, Lélia. “Racismo e sexismo na cultura brasileira”. In: SILVA, Luiz Antônio Machado da et al. Ciências Sociais Hoje: Movimentos sociais urbanos, minorias e outros estudos. Brasília, ANPOCS, n. 2, p. 223-244, 1983.

GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL. Lei nº 2.605, de 06 de janeiro de 2003. Reserva de vagas para negros na UEMS. Campo Grande/MS: Assembleia Legislativa, 2003. Disponível em http://flacso.org.br/?publication=lei-no-2-605-de-6-de-janeiro-de-2003-dispoe-sobre-a-reserva-de-vagas-para-negros-nos-cursos-de-graduacao-da-universidade-estadual-de-mato-grosso-do-sul-e-da-outras-providencias.

hooks, bell. “Intelectuais negras”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 3, n. 2, p. 464-478, ago./dez. 1995.

hooks, bell. “Mulheres negras: moldando a teoria feminista”. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 16, p. 193-210, jan./abr. 2015.

hooks, bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática de liberdade. 2 ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2017.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Demográfico 2010. Características da população e dos domicílios. Resultado do Universo. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/93/cd_2010_caracteristicas_populacao_domicilios.pdf.

LOURO, Guacira Lopes. O corpo educado. 3 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

MARCELINO, Sandra Regina de Souza. “Entre o racismo e a lesbofobia: relatos de ativistas negras lésbicas do Rio de Janeiro”. Gênero, Niterói, v. 16, n. 2, p. 111-129, 1 sem. 2016.

MUNANGA, Kabengele. “Políticas de ação afirmativa em benefício da população negra no Brasil: um ponto de vista em defesa das cotas”. In: SILVA, Petrolina Beatriz Gonçalves e; SILVÉRIO, Valter Roberto. Educação e ações afirmativas: entre a injustiça simbólica e a injustiça econômica. Brasília: INEP/MEC, 2003. p. 115-128.

MUNANGA, Kabengele; GOMES, Nilma Lino. O negro no Brasil de hoje. São Paulo: Editora Global, 2006.

SAFFIOTI, Heleieth. Gênero, patriarcado, violência. 2 ed. São Paulo: Expressão Popular; Fundação Perseu Abramo, 2015.

SILVA, Maria das Graças Martins da. “Expansão na educação superior e a política de democratização: avanços e contradições”. In: SILVA, Maria das Graças Martins da (Org.). Políticas educacionais: faces e interfaces da democratização. Cuiabá: Universidade Federal do Mato Grosso, 2011. p. 13-37.

SISS, Ahyas. Afro-brasileiros, cotas e ação afirmativa: razões históricas. Rio de Janeiro: Quartet, 2003.

UEMS. Relatório parcial da Comissão Própria de Avaliação. Ciclo de 2012-2015. UEMS: CPA, 2014.

Downloads

Publicado

2021-12-10

Como Citar

Cordeiro, A. L. A., & Auad, D. (2021). Estratégias de Resistência de Negras Cotistas Lésbicas e Bissexuais. Revista Estudos Feministas, 29(3). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2021v29n382622

Edição

Seção

Dossiê Feminismos e Lesbianidades em Movimento: a visibilidade como lugar