A contribuição das despesas fiscais na consolidação orçamentária em economias pós-crise: um estudo de caso do contexto em Portugal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2177-7055.2021.e84254

Resumo

Nesta pesquisa analisamos o uso do gasto fiscal como um instrumento de política de consolidação orçamentária. Portugal esteve sujeito ao programa de assistência financeira (PAEF) articulado com o FMI, a Comissão Européia e o Banco Central Europeu entre 2010 e 2014. O objetivo é analisar se a evolução dos gastos fiscais nos quatro anos seguintes, após o término desse programa de assistência (2015 e 2018) manteve o mesmo padrão que se verificou no período de assistência financeira externa. Procuramos saber se a política de redução dos gastos fiscais, implementada nos anos em que o programa esteve em vigor (2010-2014), teve continuidade nos quatro anos seguintes. Comparamos esta evolução com a evolução dos gastos orçamentários diretos, com base em dois eixos principais: os gastos econômicos e os gastos sociais. Conclui-se que, no período 2014-2018, o aumento da receita pública por efeito da diminuição da despesa fiscal, não evoluiu de forma consistente. Em 2014-2018, os gastos públicos diretos não seguiram o mesmo padrão que nos anos anteriores de 2011-2014, dada a equivalência funcional dos dois tipos de gastos. A despesa fiscal desceu nos anos de 2011 e 2012, e subiu nos anos de 2012 e 2013. A despesa geral do Estado diminui até 2012, depois aumentou nos anos seguintes, mas num grau muito menor do que a despesa fiscal.

Os dados evidenciam que entre 2010 e 2012, se verificou um decréscimo tanto na despesa fiscal (20%) quanto na despesa direta (11,6%) do Estado, tendência que se inverteu em 2013 com o crescimento de ambas (45,4% e 8,4%, respetivamente). Já no período 2014 a 2016 se verifica o crescimento da despesa fiscal (3,3%) e a diminuição da despesa direta.

Para observar a relação entre o nível de consolidação fiscal, realizada entre os anos de 2010 a 2018 e o comportamento das receitas e despesas fiscais, foi realizado o teste de Scheffé às médias das variáveis Receita e Despesa Total, e Receita e Despesa Fiscal. Este teste permite-nos concluir estatisticamente que tanto as médias da receita e despesa como as médias das percentagens não são todas iguais, como são, efetivamente, todas diferentes entre os grupos analisados. Tendo em visa esclarecer se as diferenças na receita e despesa e nas respetivas percentagens são estatisticamente significativas ou se, ao invés, são meramente eventuais verificamos ainda, previamente, a sua aplicabilidade por intermédio dos pressupostos de normalidade e homocedasticidade de cada um dos conjuntos de dados, recorrendo ao teste ANOVA. O observamos que quer para os montantes de receita e despesa, quer para as percentagens, o p-valor observado no teste ANOVA foi igual a 0,000 (isto é, inferior a 0,050), implicando a rejeição das hipóteses nulas e a aceitação das hipóteses alternativas, segundo as quais os valores médios dos montantes de receita e despesa, e os valores médios das percentagens não são todos iguais. Concluímos que houve consolidação orçamentária, mas esta deve ter-se ficado a dever a outros fatores, tais como a conjuntura económica, já que não se verifica uma relação direta entre a receita, a despesa fiscal e a consolidação orçamentária em nenhum dos períodos estudados.

Os dados evidenciam que entre 2010 e 2012, se verificou um decréscimo tanto na despesa fiscal (20%) quanto na despesa direta (11,6%) do Estado, tendência que se inverteu em 2013 com o crescimento de ambas (45,4% e 8,4%, respetivamente). Já no período 2014 a 2016 se verifica o crescimento da despesa fiscal (3,3%) e a diminuição da despesa direta.

Para observar a relação entre o nível de consolidação fiscal, realizada entre os anos de 2010 a 2018 e o comportamento das receitas e despesas fiscais, foi realizado o teste de Scheffé às médias das variáveis Receita e Despesa Total, e Receita e Despesa Fiscal. Este teste permite-nos concluir estatisticamente que tanto as médias da receita e despesa como as médias das percentagens não são todas iguais, como são, efetivamente, todas diferentes entre os grupos analisados. Tendo em visa esclarecer se as diferenças na receita e despesa e nas respetivas percentagens são estatisticamente significativas ou se, ao invés, são meramente eventuais verificamos ainda, previamente, a sua aplicabilidade por intermédio dos pressupostos de normalidade e homocedasticidade de cada um dos conjuntos de dados, recorrendo ao teste ANOVA. O observamos que quer para os montantes de receita e despesa, quer para as percentagens, o p-valor observado no teste ANOVA foi igual a 0,000 (isto é, inferior a 0,050), implicando a rejeição das hipóteses nulas e a aceitação das hipóteses alternativas, segundo as quais os valores médios dos montantes de receita e despesa, e os valores médios das percentagens não são todos iguais. Concluímos que houve consolidação orçamentária, mas esta deve ter-se ficado a dever a outros fatores, tais como a conjuntura económica, já que não se verifica uma relação direta entre a receita, a despesa fiscal e a consolidação orçamentária em nenhum dos períodos estudados.

Biografia do Autor

João Ricardo Catarino, University of Lisbon

Is an Integrated Researcher at the Center for Administration and Public Policy (Research Center registered at the Foundation for Science and Technology (FCT)), Institute of Social and Political Sciences, University of Lisbon. PhD in Social Sciences in the specialty of Public Administration at the University of Lisbon. Full Professor of Taxation, Public Finance and Financial Law at the Institute of Social and Political Sciences (ISCSP), University of Lisbon and at the Institute of Accounting and Administration of Lisbon (ISCAL), Polytechnic Institute of Lisbon. Member of several Portuguese Tax System Reform Commissions (IVA (1986); IRS, IRC (1989), Property Taxes (2003/2004) and IRS - Personal Income Tax (2014). Judge in arbitration Tax at the Administrative Arbitration Center (CAAD).

Rui Miguel Alcario Salvador , University of Lisbon

Has a Master's Degree in Public Administration (MPA), Institute of Social and Political Sciences, University of Lisbon (ULisboa); Postgraduate Degree in Accounting, Public Finance and Budget Management at Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) / Universidade Técnica de Lisboa (UTL); Degree in Management from Universidade Autónoma de Lisboa (UAL). Performance of public functions in various bodies of the Portuguese Public Administration: Directorate General of Contributions and Taxes (DGCI), currently AT - Tax and Customs Authority, Directorate General of Budget (DGO), Inspectorate General of Environment and Spatial Planning (IGAOT) - holding the position of middle manager - and the Portuguese Court of Auditors.

Ricardo de Moraes e Soares, University of Lisbon

Is an Associate Researcher at the Administration Center and Public Policies (Research center registered at the Foundation for the Science and Technology (FCT)), Higher Institute of Social and Political Sciences, University of Lisbon. PhD in Public Administration in the specialty of Public Policies. Assistant Professor of Public Accounting, Management and Public Finance at the Institute of Social and Political Sciences (ISCSP), University of Lisbon.

Referências

Afonso, A., Jalles, J. (2012). Measuring the success of fiscal consolidations. Applied Financial Economics 22, 1053-1061.

Aramayo, M. (1997). Beneficios y minoraciones en derecho tributario. Madrid: Marcial Pors.

Banco de Portugal (2008). Relatório Anual 2008. Banco de Portugal. Retrieved from https://www.bportugal.pt/sites/default/files/anexos/documentos-relacionados/ft0061_d090602_h103733-0061-cam-200812-cai.pdf.

Bell, E., Bryman, A. (2004). Social research methods. Oxford, Oxford University Press.

Bell, J. (2004). Como realizar um projecto de investigação: Um guia para a pesquisa em ciências sociais e da educação. Lisboa: Gradiva.

Bilhim, J. (2016). Políticas públicas e agenda política. Valorizar a tradição: Orações de sapiência do ISCSP. Lisboa: Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.

Brixi, H., Swift, Z., Valenduc, C. (2004). Tax expenditures: general concept, measurement, and overview of country practices. In Brixi, H., Swift, Z., Valenduc, C. (Eds.). Tax expenditures – Shedding light on government spending through the tax system (pp. 1-18). Washington, D.C.: The World Bank.

Cabral, N., Martins, G. (2014). Finanças públicas e direito financeiro – Noções fundamentais. Lisboa: Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa.

Caldas, R. (2008). Políticas públicas: Conceitos e práticas. Belo Horizonte: Casa de Editoração e Arte, Ltda.

Carmo, H., Malheiro, M. (2008). Metodologia de investigação, guia para autoaprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.

Catarino, J. (2017). Teoria fiscal. In Catarino, J., Guimarães, V. (Eds.). Lições de fiscalidade (5.ª edição). Coimbra: Almedina.

Catarino, J. (2020). Finanças públicas e direito financeiro (5ª edição). Coimbra: Almedina.

Catarino, J., Fonseca, J. (2013). Sustentabilidade financeira e orçamental em contexto de crise global numa Europa de moeda única. Sequência, Florianópolis 34(67), 21-51.

Catarino, J., Teixeira, M. (2016). Resiliência da progressividade, da capacidade contributiva e da redistribuição de renda na tributação das pessoas físicas em época de crise – um estudo objetivado na crise financeira portuguesa. Revista Direito GV 12(3), 734-727.

Devries, P., Guajardo, J., Pescatori, A., Leigh, D. (2016). A new action-based dataset of fiscal consolidation. Retrieved from .

Dye, T. (1972). Understanding public policy. Englewood Cliffs: Prentice Hall.

Ende, L., Haberham, A., Boogert, K. (2004). Tax expenditures in the Netherlands. In Brixi, H., Swift, Z., Valenduc, C. (Eds.). Tax expenditures – Shedding light on government spending through the tax system. Washington, D.C.: The World Bank.

European Commission. (2007). Public Finances in EMU – 2007. Brussels: European Union.

European Union (2012a). The economic adjustment programme for Portugal fourth review – Spring 2012 (Occasional Papers 111, julho 2012). Retrieved from https://ec.europa.eu/economy_finance/publications/occasional_paper/2012/pdf/ocp111_en.pdf.

European Union (2012b). The economic adjustment programme for Portugal fifth review – Summer 2012 (Occasional Papers 117, outubro 2012). Retrieved from https://ec.europa.eu/economy_finance/publications/occasional_paper/2012/pdf/ocp117_en.pdf.

European Union (2012c). The economic adjustment programme for Portugal sixth review – Autumn 2012 (Occasional Papers 124, dezembro 2012). Retrieved from https://ec.europa.eu/economy_finance/publications/occasional_paper/2012/pdf/ocp124_en.pdf.

Eurostat (2013). Taxations trends in the European Union. Retrieved from https://ec.europa.eu/taxation_customs/sites/taxation/files/resources/documents/taxation/gen_info/economic_analysis/tax_structures/2013/report.pdf.

Fadigas, L. (2015). Urbanismo e território – As políticas públicas. Lisboa: Edições Silabo.

Ferreira, R. (2011). Política fiscal. Revista de Finanças Públicas e Direito Fiscal, Lisboa 2(4), 36-46.

Fisher, R. (1918). The Correlation Between Relatives on the Supposition of Mendelian Inheritance. Philosophical Transactions of the Royal Society of Edinburgh, 52(2), 399-433.

Garcia, L. (2002). Medidas fiscales para el desarrollo económico. XXI Jornadas Latinoamericanas de Derecho. Retrieved from http://www.uckmar.net/ILADT/tema1/venezuela/Palacios.htm.

Giuliodori, M., Beetsma, R., Cimadomo, J., Furtuna, O. (2015). The confidence effects of fiscal consolidations. Great Britain: Centre for Economic Policy Research.

Gomes, N. (1991). Teoria geral dos benefícios fiscais. Lisboa: Direção-Geral de Contribuições e Impostos, Ministério das Finanças.

Howard, C. (1995). Testing the tools approach: tax expenditures versus direct expenditures. Public Administration Review 55(5), 439-447.

Hughes, O. (1994). Public management and administration: An introduction. London: Palgrave.

International Monetary Fund (2007). Manual on fiscal transparency. Washington D.C.: International Monetary Fund.

International Monetary Fund (2012a). Portugal: Third review under the extended arrangement and request for waiver of applicability of end-March performance criteria. Retrieved from https://www.imf.org/en/Publications/CR/Issues/2016/12/31/Portugal-Third-Review-Under-the-Extended-Arrangement-and-Request-for-Waiver-of-Applicability-25826.

International Monetary Fund (2012b). Portugal: Fourth review under the extended arrangement and request for a waiver of applicability of end-June performance criteria. Retrieved from https://www.imf.org/external/pubs/ft/scr/2012/cr12179.pdf.

Knoepfel, P., Larrue, C., Varone, F., Hill, M. (2007). Public policy analysis. Bristol: Policy Press.

Kraan, D. (2004). Off-budget and tax expenditures. OECD Journal on Budgeting 4(1), 121-142.

Lasswell, H., Kaplan, A. (1950). Power and society: A framework for political inquiry. London: Routledge.

Lemieux, V. (1995). L'étude des politiques publiques: les acteurs et leur pouvoir. Sainte-Foy-Tarentaise: Les Presses de l’Université Laval Dyu.

Martins, G. (2004). A despesa fiscal e o orçamento do Estado no ordenamento jurídico português. Coimbra: Almedina.

Martins, G. (2014). Consolidação orçamental e política financeira. Coimbra: Almedina.

Mcdaniel, P., Surrey, S. (1985). Tax expenditures. Cambridge: Harvard University Press.

Melazzo, E. (2010). Problematizando o conceito de políticas públicas: desafios à análise e à prática do planejamento e da gestão. Tópos 4(2), 9-32.

Mény, Y., Thoenig, J. (1989). Politiques publiques. Paris: Presses Universitaires de France

Ministério das Finanças (1998). Reavaliação dos benefícios fiscais. Lisboa: DGCI.

Ministério das Finanças (2005). Reavaliação dos benefícios fiscais. Lisboa: DGCI.

Ministério das Finanças (2011). Programa de assistência económica e financeira EU/FMI. Lisboa: Banco de Portugal.

Ministério das Finanças (2011). Programa de estabilidade e crescimento 2011–2014. Retrieved from https://www.parlamento.pt/orcamentoestado/Documents/pec/21032011-PEC2011_2014.pdf.

Ministério das Finanças (2012). Conta geral do Estado 2012. Retrieved from https://www.dgo.pt/politicaorcamental/ContaGeraldoEstado/2012/CGE_2012_vol1.pdf.

Ministério das Finanças (2013). Conta geral do Estado 2013. Retrieved from https://www.dgo.pt/politicaorcamental/ContaGeraldoEstado/2013/CGE_2013_vol1.pdf.

Ministério das Finanças (2014). Documento de estratégia orçamental 2014-2018. Retrieved from https://www.dgo.gov.pt/politicaorcamental/Documents/DEO_2014-2018.pdf.

Ministério das Finanças (2014). Relatório da despesa fiscal 2014. Retrieved from https://www.dgo.pt/politicaorcamental/OrcamentodeEstado/2014/Proposta%20do%20Or%C3%A7amento/Documentos%20do%20OE/Rel-2014.pdf.

Ministério das Finanças (2016). Relatório do orçamento do Estado para 2016. Retrieved from https://www.portugal.gov.pt/download-ficheiros/ficheiro.aspx?v=6b688a13-e7c9-4f1f-9fc7-5f90b0f39925.

Ministério das Finanças (2017). Programa de estabilidade 2017-2021. Retrieved from https://www.portugal.gov.pt/pt/gc21/governo/programa/programa-de-estabilidade.aspx.

Molnár, M. (2012). Fiscal consolidation: what factors determine the success of consolidation efforts? OECD Journal: Economic Studies 2012(1), 123-149.

Muller, P. (1990). Les Politiques Publiques. Paris. Presses Universitaires de France.

Nakamura, T., Singleton, R. (2016). An international comparison of tax base erosion due to tax expenditures. International Journal of Business Accounting and Finance 10(1), 54-68.

Nohlen, D. (2008). Conceptos y contexto: en torno al desarollo de la comparación en ciencia política. Barcelona: Institut de Ciencies Politiques i Socials.

OECD (1996). Tax expenditure recent experiences. Paris: OECD Publications.

OECD (2010). Tax expenditures in OECD Countries. Paris: OECD Publications.

OECD (2011). Restoring public finances. OECD Journal on Budgeting (Special Issue), 2011(2).

OECD (2013a). Government at a glance 2013. Paris: OECD Publications.

OECD (2013b). Portugal: reforming the State to promote growth. Paris: OECD Publications.

OECD (2014). Portugal: deepening structural reform to support growth and competitiveness. Paris: OECD Publications.

Pereira, P., Santos, J., Arcanjo, M., Afonso, A. (2012). Economia e finanças públicas. Lisboa: Escolar Editora.

Poterba, J. (2011). Introduction: economic analysis of tax expenditures. National Tax Journal 64(2), 451-458.

Saraiva, E. (2006). Introdução à teoria política pública. In Saraiva, E., Ferrarezi, E. (Org.). Políticas Públicas (Volume 1). Brasília. ENAP, 2006.

Sunley, E. (2004). Tax expenditures in the United States: experience and pratice. In Brixi, H., Swift, Z., Valenduc, C. (Eds.). Tax expenditures – Shedding light on government spending through the tax system. Washington, D.C.: The World Bank.

Tribunal de Contas (2012). Parecer sobre a conta geral do Estado ano económico de 2012. Retrieved from https://erario.tcontas.pt/pt/actos/parecer-cge/2012/parecer-cge-2012.shtm.

Tribunal de Contas (2014). Auditoria à quantificação da despesa fiscal (Relatório n.º 19/2014). Retrieved from https://www.tcontas.pt/pt-pt/ProdutosTC/Relatorios/RelatoriosAuditoria/Documents/2014/rel019-2014-2s.pdf.

Yin, R. (2009). Case study research: Design and methods (Fourth Edition). London: Sage.

Publicado

2021-12-08

Como Citar

CATARINO, João Ricardo; SALVADOR , Rui Miguel Alcario; SOARES, Ricardo de Moraes e. A contribuição das despesas fiscais na consolidação orçamentária em economias pós-crise: um estudo de caso do contexto em Portugal. Seqüência Estudos Jurídicos e Políticos, Florianópolis, v. 42, n. 88, p. 1–36, 2021. DOI: 10.5007/2177-7055.2021.e84254. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/sequencia/article/view/84254. Acesso em: 26 abr. 2024.