Freud: da perversão à pulsão de morte um percurso criminológico
DOI:
https://doi.org/10.5007/2177-7055.2022.e87182Palabras clave:
Criminologia, Psicanálise, Perversão, Pulsão de Morte, Mal-RadicalResumen
O ensaio apresenta a psicanálise como ruptura do método positivista do século XIX, oferecendo à criminologia, então dominada pelo paradigma etiológico e pelos saberes médicos, o “approach” subversivo do sujeito. Recupera a transição do problema de uma “teoria geral do mal”, da demonologia à criminologia, transitando de uma gramática fundada na religião, na alma e no mal, para outra fundada na ciência, no corpo e no desvio. Apresenta como o problema foi abordado por Freud a partir dos seus estudos sobre a perversão polimorfa, transitando da compreensão do anormal para o normal. Relaciona o problema kantiano do mal radical com a pulsão de morte freudiana, buscando compreender a tríade agressividade/violência/crueldade como dimensão normal dos seres-falantes. Apresenta, enfim, as possibilidades de uma criminologia das interações a partir do ponto de vista cultural de Freud. O método de abordagem é o dedutivo, partindo de teorizações selecionadas de Freud. O método de procedimento é o da organização ensaística dos argumentos.
Citas
ALEMÁN, Jorge (2007). El legado de Freud. In: ALEMÁN, Jorge et all. Lo real de Freud. Mardrid: Círculo de Bellas Artes, 2007.
BOUREAU, Alain. (2004). Satã herético: o nascimento da demonologia na Europa medieval (1260-1350). Campinas: Unicamp, 2016.
BURKERT. Walter. (1989). A criação do sagrado. Lisboa: Edições 70, 2001.
DUNKER, Cristhian. (2021). Freud explica Bolsonaro na pandemia com conceito de pulsão de morte. In: Folha de São Paulo, 2021. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2021/03/freud-explica-bolsonaro-na-pandemia-com-conceito-de-pulsao-de-morte.shtml.
ELIA, Luciano. (2004). O conceito de sujeito. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.
FERRI, Enrico. (1928). Princípios de direito criminal: o criminoso e o crime. Campinas: Bookseller, 1996.
FREUD, Sigmund. (1905) Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In: Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira, volume VII. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
FREUD, Sigmund. (1913). Totem e tabu: algumas concordâncias entre a vida psíquica dos homens primitivos e dos neuróticos. In: Obras completas volume 11. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
FREUD, Sigmund. (1920). Além do princípio do prazer. In: Obras completas volume 14. São Paulo: Companhia das Letras, 2010a.
FREUD, Sigmund. (1923). Psicologia das massas e análise do Eu. In: Obras incompletas de Sigmund Freud: cultura, sociedade, religião. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.
FREUD, Sigmund. (1923). Uma neurose demoníaca no século XVII. In: Obras incompletas de Sigmund Freud: neurose, psicose, perversão. Belo Horizonte: Autêntica, 2018.
FREUD, Sigmund. (1930) O mal-estar na civilização. In: Obras completas, volume 18. São Paulo: Companhia das letras, 2010b.
FREUD, Sigmund. (1933) Novas conferências introdutórias à psicanálise. In: Obras completas, volume 18. São Paulo: Companhia das letras, 2010c.
GARCIA-ROZA. (1990). O mal radical em Freud. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.
GAROFALO, Rafael. (1885). Criminologia: estudo sobre o delito e a repressão penal. Campinas: Péritas, 1997.
GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. (2013). Nietzsche: o humano como memória e como promessa. Petrópolis: Vozes, 2013.
GIRARD, René. (1972). A violência e o sagrado. São Paulo: Paz e Terra, 1990.
HARARI, Yuval Noah. (2011). Sapiens: uma breve história da humanidade. Porto Alegre: L&PM, 2017.
IANNINI, Gilson; SANTIAGO, Jesus. (2020). Mal-estar: clínica e política. In: FREUD, Sigmund. Obras incompletas de Sigmund Freud: cultura, sociedade, religião. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.
KANT, Immanuel. (1763). Ensaio para introduzir em filosofia o conceito de grandezas negativas. In: Escritos pré-críticos. São Paulo: Unesp, 2005.
KANT, Immanuel. (1793). A religião nos limites da simples razão. Lisboa: Edições 70, 1992.
KELLY, Henry Ansgar. (2006). Satã: uma biografia. São Paulo: Globo, 2008.
KFRAFFT-EBING, Richard von. (1886). Psychopathia sexualis: as histórias de caso. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
KRAMER, Heinrich & SPRENGER, James. (1487). O martelo das feiticeiras. 12. ed. Rio de Janeiro: Record: Rosa dos Tempos, 1997.
LACAN, Jacques. (1950). Introdução teórica às funções da psicanálise em criminologia. In: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
LACAN, Jacques. (1954). O seminário: livro 1, os escritos técnicos de Freud. 3. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.
LOMBROSO, César. (1876). O homem delinquente. Porto Alegre: Ricardo Lenz, 2001.
MILLER, Jacques-Alain. (1981). Clínica del superyó. In: Recorrido de Lacan: ocho conferencias. Buenos Aires: Manantial, 1990.
LACAN, Jacques. (2010). Do amor à morte. In: Opção lacaniana online nova série, ano 1, n. 02, jul. 2010. Disponível em: http://www.opcaolacaniana.com.br/nranterior/numero2/texto5.html.
MUCHEMBLED, Robert. (2000). Uma história do diabo: séculos XII-XX. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2001.
NICÉAS, Carlos Augusto. (2018). Uma conversa sobre o traumatismo. Trivium: Estudos Interdisciplinares, 10(1), 1-10. Disponível em: https://dx.doi.org/10.18379/2176-4891.2018v1p.1.
ROUDINESCO, Elisabeth. (2007). A parte obscura de nós mesmos: uma história dos perversos. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
SAFATLE, Vladimir (2020). Maneiras de transformar mundos: Lacan. Política e emancipação. Belo Horizonte, Autêntica, 2020.
SCHMITT, Carl. (1922). Teologia política. Belo Horizonte: Del Rey, 2006.
SELLERS, Terence. (2000). Introdução. In: KRAFFT-EBING, Richard von. Psychopathia sexualis: as histórias de caso. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
SPIELREIN, Sabina. (1912). A destruição como origem do devir. Porto Alegre: Artes & Ecos, 2021.
VALAS, Patrick. (1986). Freud e a perversão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
ZAFFARONI, Eugenio Raul. (2011). La cuestión criminal. 4. ed. Buenos Aires: Planeta, 2012.