Imperialismo anglo-saxónico através dos bens culturais: leituras sugeridas para jovens em Portugal
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7968.2017v37n1p139Resumo
A tradução desempenha um papel crucial na nossa sociedade multilingue e multicultural. Constitui uma infraestrutura fundamental da globalização e funciona como uma ferramenta essencial para promover a circulação de informação, conhecimento e cultura. Embora o inglês possa ser considerado uma lingua franca em certos setores da sociedade, o papel da tradução não diminuiu com a sua ascensão. De facto, a tradução é um forte indicador das relações que se estabelecem entre os vários países: os fluxos de tradução internacionais dependem dos (des)equilíbrios de poder no mundo. Neste artigo, analiso dados relevantes para perceber o peso que têm as obras originalmente escritas em inglês e traduzidas para português, recorrendo ao Plano Nacional de Leitura (PNL). Depois de abordar brevemente a influência da geopolítica no comércio de bens culturais e de descrever o sistema mundial de tradução, analiso a lista de 345 títulos sugerida no PNL para o terceiro ciclo, que cobre a faixa etária dos 12-15 anos. Quase metade desses títulos são traduções; contudo, isso não significa que a lista seja suficientemente multicultural, uma vez que, pelo contrário, mostra a dominância das obras escritas em inglês. Há muito que se pode fazer para diversificar as línguas de partida e expor os jovens leitores portugueses a uma maior variedade de culturas.
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