A literatura alemã no Brasil – escrevendo e traduzindo entre dois mundos. Os trabalhos de Herbert Caro e Ernst Feder como escrita-entre-mundos
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7968.2017v37n1p188Resumo
A literatura alemã, como qualquer outra literatura nacional, é normalmente delimitada por restrições territoriais – as fronteiras ou da Alemanha ou de países de língua alemã. Porém, este ponto de vista estático exclui a mobilidade espacial e o dinamismo vetorial, que constituem a base da literatura. A emigração para outros países, a escrita em línguas diferentes ou a leitura de romances, quer em línguas estrangeiras quer em tradução, foram durante séculos pontos de partida para a produção literária. Estas considerações prévias estão na base de um novo paradigma de historiografia literária, que perspetiva a literatura para além dos limites nacionais e dá conta do dinamismo espacial, de movimentos transnacionais e de uma conceptualização de literatura transatlântica que vai além das noções de centro e periferia. No caso do Brasil, este paradigma abre um campo de pesquisa que é desconhecido sobretudo no âmbito das histórias tradicionais da literatura alemã: a literatura que foi produzida no Brasil por emigrantes de língua alemã nos séculos XIX e XX. O meu contributo terá em conta dois escritores alemães em exílio, Herbert Caro e Ernst Feder, e tirará partido de um modo de leitura distanciada para ilustrar como estes exemplos desafiam conceitos de filologia tradicional.
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