A Questão do “Insílio” em Mulheres de Cinza: o Monolinguismo e a Monoidentidade do Outro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7968.2021.e71068

Resumo

Focaliza-se o romance moçambicano como terreno propício para a representação do insílio, isto é, o exílio interno no âmbito da língua portuguesa, e paralelamente, dos processos de identificação cultural, a partir da representação máxima da personagem Imani, tradutora do português na comunidade local. Com base na leitura da obra O monolinguismo do outro ou a prótese de origem, de Derrida procura-se analisar a língua do colonizador enquanto instância surgida no intervalo do jogo entre a presença e a ausência, problematizando-a como o fora, isto é, “a língua que não é minha”, mas advinda do outro. À medida que escapa da total apreensão, esta língua traz consigo a promessa de transbordamento. Nessa linha de raciocínio, reafirma-se, de igual modo, a impossibilidade de uma identidade plena, pronta e acabada, demonstrando-se a configuração de identidades em constante deslocamento.

Biografia do Autor

Maiane Pires Tigre, Universidade Estadual de Santa Cruz

Doutoranda em Letras: Linguagens e Representações pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Mestra em Letras pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), atualmente desenvolve pesquisas no âmbito das Literaturas africanas de Língua Portuguesa, de modo particular, da literatura moçambicana, articulada ao conceito de constituição identitária e resistência, dos estudos subalternos e da produção literária afro-brasileira. Pós-graduada em EJA (Educação de Jovens e Adultos) - (UNEB) e Pós-graduada em Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e Literatura (Uniasselvi). Graduada em Letras Vernáculas (UNEB). Professora substituta do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), campus Eunápolis, em que atua na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Escritora de textos acadêmicos e ficcionais com diversos artigos publicados em periódicos eletrônicos, outros no prelo, também possui crônicas, contos e poemas publicados em sites e capítulos de livros. (Texto informado pelo autor)

 

José Pedro de Carvalho Neto, Universidade Estadual de Santa Cruz

Mestrando no Programa de Pós-graduação em Letras: Linguagens e Representações (UESC/ 2019). Graduado em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda (Polifucs/ 2003), cursou pós-graduação em Roteiros para TV e Vídeo (Unijorge/ 2005) e é certificado em Writing and Editing (Melbourne Polytechnic/ 2010). É tradutor (inglês/português; português/inglês), principalmente de textos científicos, tendo traduzido inúmeros resumos, projetos de pesquisa, artigos científicos, além de capítulos de livro e outras produções acadêmicas. Em 2015, traduziu a autobiografia do compositor e guitarrista inglês Andy Summers (The Police). É revisor de textos científicos e já trabalhou para diversas editoras universitárias, como a PUCPRess/Champagnat (PR), Multifoco/ selo Luminária Academia (RJ), Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES), Editus (da UESC) e Edufba. Desde maio de 2018, leciona Artes no Colégio Nossa Senhora da Vitória, Ilhéus. Na área de Comunicação, tem amplo conhecimento em assessoria de comunicação, direção de arte, redação publicitária e marketing político. Além de ensinar inglês a jovens e adultos, também tem experiência lecionando português para nativos de língua inglesa. Possui textos literários publicados tanto em mídia digital como impressa.

Referências

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Publicado

15-01-2021

Como Citar

Tigre, M. P., & Carvalho Neto, J. P. de. (2021). A Questão do “Insílio” em Mulheres de Cinza: o Monolinguismo e a Monoidentidade do Outro. Cadernos De Tradução, 41(1), 86–99. https://doi.org/10.5007/2175-7968.2021.e71068

Edição

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Artigos