Para além do visível: pela adoção de um paradigma emancipatório em audiodescrição

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7968.2021.e71544

Resumo

A Audiodescrição (AD) é uma modalidade de tradução que visa tornar materiais audiovisuais acessíveis. Seu público primário é formado por pessoas cegas ou com baixa visão para as quais o recurso é uma fonte de informação e lazer. Nos últimos anos, a qualidade das descrições oferecidas e sua adequação ao público-alvo têm se tornado questões de extrema relevância, levando pesquisadores a repensar certos parâmetros que vêm guiando a área. Um desses pontos a serem revistos é o caráter compensatório tradicionalmente atribuído à AD, segundo o qual o audiodescritor passa a ser “o olho” de quem não vê e a AD o instrumento que compensa a “perda” da visão. A ideia de que a experiência de videntes e pessoas com deficiência visual deva ou possa ser igualada, e de que esse deva ser o objetivo final da AD, acaba por resgatar conceitos há muito abandonados, como, por exemplo, o ideal de “equivalência”. Neste trabalho discutimos as raízes e consequências negativas dessa prática, bem como apresentamos um paradigma alternativo: o paradigma emancipatório. Sob esse novo viés, a AD supera tendências assistencialistas, contribuindo para que seu público tenha maiores condições de fruir produtos audiovisuais a seu próprio modo.

Biografia do Autor

Manoela Cristina Silva, Universidade Federal da Bahia

Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia (2019), mestre em Letras e Lingüística também pela UFBA (2009), possui licenciatura e bacharelado em Língua Estrangeira pela mesma instituição (2006) e bacharelado em Comunicação Social pela Universidade Católica do Salvador (1996). Atualmente é professora adjunta da área de Inglês do Instituto de Letras da UFBA. 

 

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Publicado

19-07-2021

Como Citar

Silva, M. C., & Barros, A. (2021). Para além do visível: pela adoção de um paradigma emancipatório em audiodescrição. Cadernos De Tradução, 41(2), 66–84. https://doi.org/10.5007/2175-7968.2021.e71544

Edição

Seção

Artigos