Para além do visível: pela adoção de um paradigma emancipatório em audiodescrição
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7968.2021.e71544Resumo
A Audiodescrição (AD) é uma modalidade de tradução que visa tornar materiais audiovisuais acessíveis. Seu público primário é formado por pessoas cegas ou com baixa visão para as quais o recurso é uma fonte de informação e lazer. Nos últimos anos, a qualidade das descrições oferecidas e sua adequação ao público-alvo têm se tornado questões de extrema relevância, levando pesquisadores a repensar certos parâmetros que vêm guiando a área. Um desses pontos a serem revistos é o caráter compensatório tradicionalmente atribuído à AD, segundo o qual o audiodescritor passa a ser “o olho” de quem não vê e a AD o instrumento que compensa a “perda” da visão. A ideia de que a experiência de videntes e pessoas com deficiência visual deva ou possa ser igualada, e de que esse deva ser o objetivo final da AD, acaba por resgatar conceitos há muito abandonados, como, por exemplo, o ideal de “equivalência”. Neste trabalho discutimos as raízes e consequências negativas dessa prática, bem como apresentamos um paradigma alternativo: o paradigma emancipatório. Sob esse novo viés, a AD supera tendências assistencialistas, contribuindo para que seu público tenha maiores condições de fruir produtos audiovisuais a seu próprio modo.
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