Memória da colonização em tradução e performance
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7968.2020v40n3p34Resumo
O artigo tem o objetivo de analisar a cena inaugural da conquista da América como “ato reiterativo” e suas traduções intersemióticas como conformadoras de um arquivo que o restaura e repete em um presente em constante renovação, constituindo-se as traduções como reperformances dessa cena inaugural e de seus desdobramentos. Ao observar os movimentos que acompanham o momento inaugural da conquista territorial, vem à baila a condenação de práticas incorporadas de indígenas (língua falada e ritos, em particular) e a funcionalidade da tentativa de seu apagamento para efeitos de dominação. O trabalho de transcrição e tradução de parte do repertório de culturas ameríndias, levado a cabo por missionários como Diego de Landa e Bernardino de Sahagún, discute-se como duplo movimento onde se enfrentam memória e apagamento. Se, por um lado, deixam um registro de memória arquival que permite reconhecer as performances indígenas banidas pelo poder colonial, por outro lado, a concepção monológica da tradução faz prevalecer o objetivo da conversão da cultura de partida, redundando em uma forma de apagamento por sua subjugação aos paradigmas da cultura de chegada.
Referências
Alvim, Márcia Helena. “Um franciscano no novo mundo: frei Bernardino de Sahagún e sua Historia General de las Cosas de Nueva España”. Estudos Ibero-Americanos. XXXI. 1 (2005): 51-60. Portal de Periódicos da PUCRS. DOI: https://doi.org/10.15448/1980-864X.2005.1.1325 2/12/2019. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/iberoamericana/article/view/1325.
Areche, José Antonio. “Sentencia pronunciada en el Cuzco por el visitador don José Antonio de Areche, contra José Gabriel Tupac-Amaru, su mujer, hijos, y demás reos principales de la sublevación”. Relación histórica de los sucesos de la rebelión de José Gabriel Tupac-Amaru, en las provincias del Perú, el año de 1780, Buenos Aires: Imprenta del Estato, 1836, s.p. cervantesvirtual.com. 02/12/2019. Disponível em: http://www.cervantesvirtual.com/obra-visor/relacion-historicade-los-sucesos-de-la-rebelion-de-jose-gabriel-tupacamaru-en-las-provincias-delperu-el-ano-de-1780--0/html/ff9844fe-82b1-11df-acc7-002185ce6064_3.html.
Benjamin, Walter. Magia e técnica, arte e política. Tradução de Sérgio P. Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994.
Cassin, Barbara. Más de una lengua. Tradução de Vera Waksman. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2014.
Coronado, Tomás Serrano. “El silencio del traductor”. Mutatis Mutandi. 6. 1 (2013): 113-125. Dialnet. 02/12/2019. Disponível em: https://revistas.udea.edu.co/index.php/mutatismutandis/article/view/15051.
Cortés, Hernán. A conquista do México. Tradução de Jurandir S. dos Santos. Porto Alegre: L&PM, 1986.
Freire, Deolinda de Jesus. “Theodor de Bry e a narrativa visual da Brevíssima relación de la destrucción de las Indias”. Revista USP. 77. Mar-Mai (2008): 200-215. 02/12/2019. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i77p200-215. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/13668.
Landa, Diego de. Relación de las cosas de Yucatán. Paris: Arthus Bertrand Éditeur, 1864. pueblosoriginarios.com. 1/12/2019. Disponível em: https://pueblosoriginarios.com/textos/landa/1.html.
Las Casas, Frei Bartolmé de. O paraíso destruído. A sangrenta história da conquista da América Espanhola. Tradução de Heraldo Barbuy. Porto Alegre: L&PM, 2001.
León-Portilla, Miguel. Bernardino de Sahagún. Madri: Quórum, 1987.
Pereira, Octávio Méndez. Núñez de Balboa. Panamá: Prisa Ediciones, 2013. 28/11/2019 Disponível em: https://aplengua.org.pa/wp-content/uploads/2017/04/N%C3%BA%C3%B1ez-de-Balboa-de-Octavio-M%C3%A9ndez-Pereira.pdf.
Plaza, Julio. Tradução intersemiótica. São Paulo: Perspectiva, 2003.
Polar, Antonio Cornejo. “El indigenismo andino”. América Latina: palavra, literatura e cultura, organizado por Ana Pizarro, São Paulo: Memorial, 1994, pp. 720-738.
Sahagún, Frey Bernardino de. Historia General de las cosas de Nueva España. Madri: Alianza, 1988.
Seligmann-Silva. O local da diferença. Ensaios sobre memória, arte, literatura e tradução. 2ª. Edição. São Paulo: Editora 34, 2018.
Taylor, Diana (a). “O trauma como performance de longa duração”. Tradução de Giselle Ruiz. O percevejo. 1.1. Jan-Jun (2009): 1-12. Portal de Periódicos da UNIRIO. 9/12/2019. DOI: http://dx.doi.org/10.9789/2176-7017.2009.v1i1.%25p. Disponível em:http://www.seer.unirio.br/index.php/opercevejoonline/article/view/512.
Taylor, Diana (b). O arquivo e o repertório. Performance e memória cultural nas Américas. Tradução de Eliana L. de L. Reis. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.
Todorov, Tzvetan. A conquista da América: a questão do outro. Tradução de Beatriz Perrone Moisés. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
Turner, Clorinda Matto de. Aves sin nido. Caracas: Ayacucho, 1994.
Vega, Inca Garcilaso de la. Comentarios reales de los Incas. Tomo 1. México: Fondo de Cultura Económica, 1991.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro, com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista).