Cinema Ameríndio: silêncio e esquiva em tradução
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7968.2021.e72967Resumo
O presente artigo busca se aproximar da imaginação conceitual guarani por meio dos documentários “Tekoha — o som da terra” (2017) de Rodrigo Arajeju e Valdelice Veron e “Os verdadeiros líderes espirituais” (2013) de Alberto Alvares. Partimos do princípio de que a linguagem sonora e visual põe em diálogo cosmologias distintas (a ameríndia e a ocidental). O primeiro filme, que aborda a grave crise humanitária vigente nas reservas e áreas de retomada enfrentada pelo povo kaiowá no Mato Grosso do Sul, oportuniza a discussão sobre como a linguagem cinematográfica funciona nesta obra para expressar o luto e a luta desse povo. O segundo filme, que versa sobre o modo de ser guarani (nhande reko) a partir dos conhecimentos do xeramõi Alcindo e xejarji Rosa, em aldeia de Santa Catarina, abre ocasião para refletir como o silêncio e a esquiva constituem uma invisibilidade estratégica guarani.
Referências
Aumont, Jacques. “Lumière, ‘o último pintor impressionista’”. O olho interminável, Aumont, Jacques, São Paulo: Cosac Naify, 2004, pp. 26-47.
Agamben. Giorgio. Infância e História. Tradução de Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.
Alvares, Alberto. Da aldeia ao cinema: o encontro da imagem com a história. TCC, UFMG: Belo Horizonte, 2018.
Benjamin, Walter. “A tarefa do tradutor”. Clássicos da Teoria da Tradução, Heidermann, Werner. (org.), Florianópolis: UFSC/ Núcleo de Pesquisas em Literatura e Tradução, 2a. Ed, 2010.
Brasil, André. “Formas do antecampo: performatividade no documentário brasileiro contemporâneo”. Revista FAMECOS (Online), v. 20, (2013): 578-602.
Brasil, André. “Ver por meio do invisível: o cinema como tradução xamânica”. Novos Estudos CEBRAP, v. 3, (2016): 125-146.
Brasil, André; Belisario, Bernard. “Desmanchar o cinema: Variações do fora de campo em filmes indígenas”. Revista Sociologia e Antropologia, v. 6, (2016): 601-634.
Clastres, Pierre. A fala sagrada: mitos e cantos sagrados dos índios guarani. Tradução de Nícia Adan Bonatti. SP: Papirus, 1990.
Carneiro da Cunha, Manuela. Cultura com aspas e outros ensaios. São Paulo: Ubu, 2017.
Faleiros, Álvaro. Traduções Canibais: uma poética xamânica do traduzir. Florianópolis: Cultura e Barbárie, 2019.
Ferreira, Rodrigo Siqueira (Arajeju). TEKOHA - som da terra: a liderança das nhandesy nos processos autogestionários da vida e do território do Povo Kaiowa no Tekoha Takuara. Dissertação. Brasília - DF, 2017.
Franchetto, Bruna. “Línguas ameríndias: modos e caminhos da tradução”. Cadernos de Tradução. v. 30, nº2, (2012): 35-62. Portal de Periódicos da UFSC. 20/05/2012. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-7968.2012v2n30p35. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/article/view/2175-7968.2012v2n30p35/23493.
Krenak, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Cia das Letras, 2019.
Perloff, Marjorie. A escada de Wittgenstein: a linguagem poética e o estranhamento do cotidiano. Tradução de Aurora Fornoni Bernardini; Elisabeth Rocha Leite. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 2008.
Plaza, Julio. Tradução Intersemiótica. São Paulo: Perspectiva, 2003.
Rancière, Jacques. A partilha do sensível: estética e política. Tradução de Mônica Costa Neto. SP: Ed. 34, 2015.
Rothenberg, Jerome. Etnopoética no milê’. Azougue, Rio de Janeiro, 2006.
Shaden, Egon. Aspectos fundamentais da cultura guarani. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1974.
Viveiros De Castro, Eduardo. A inconstância da alma selvagem. Editora: Cosac Naify, São Paulo, 2002.
Filmografia:
Karai ha'egui Kunhã Karai ‘ete. Os verdadeiros líderes espirituais. (MG, 2013, 67 min)- Projeto financiado pela CAPES - OEEI_Observatório da Educação Escolar Indígena – FAE/ UFMG. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=mpNAxnL45UM.
TEKOHA - som da terra (DF/MS, 2017, 20 min.), Rodrigo Arajeju e Valdelice Veron. Disponível em link privativo: https://vimeo.com/217334549.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Cadernos de Tradução
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro, com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista).