Elysio de Carvalho: tradutor de Oscar Wilde e Escritor Decadentista olvidado pela Crítica?
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7968.2021.e73203Resumo
O presente texto busca apresentar o escritor Elysio de Carvalho na sua vertente de tradutor e escritor da viragem do século XIX para o século XX, levando em consideração principalmente a sua contribuição para a divulgação das obras de Oscar Wilde no Brasil e a herança decadentista de suas produções finisseculares, elementos pouco explorados pela crítica se confrontados ao caráter decisivo de Elysio como editor e como intelectual das letras, planos que convergem com sua atividade política, seu envolvimento com correntes do pensamento anárquico e, posteriormente, seu posicionamento ideológico conservador. Seu livro Five o’clock é analisado no que tange ao seu viés esteticista decadentista e nas marcas literárias dessas poéticas. Os trabalhos dos muitos teóricos e críticos literários, do calibre de Moretto (1989), Raby (2010), e Bouças Coutinho (2006) são consultados para embasamento da discussão literária acerca dessas temáticas. Em seguida, são investigadas suas traduções da peça teatral wildiana Uma tragédia florentina, realizada em 1924, e do poema A balada do cárcere de Reading, por ele intitulada A ballada do enforcado, em 1899, inaugurando a literatura de Wilde no sistema literário brasileiro. Busca-se descobrir marcas do seu projeto por meio da análise de suas escolhas tradutórias e verificar a transposição estética, estilística e cultural de Carvalho das obras de Wilde. Para essa finalidade, utilizam-se como norte teórico os textos de Susan Bassnett (2005), Antoine Berman (2007) e com o embasamento fundamental da Teoria dos Polissistemas de Itamar Even-Zohar (1990), teórico fundador da vertente dos estudos culturais da tradução.
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