As crianças na escola de samba: o saber-fazer da Etnografia em contextos locais de educação
DOI:
https://doi.org/10.5007/1980-4512.2019v21n40p276Resumo
Este texto reflete acerca da etnografia como metodologia que permite a construção de saberes locais com e sobre as crianças. Problematiza, a partir das práticas culturais e locais no contexto da escola de samba, a etnografia com crianças como uma metodologia útil e uma epistemologia que permite a produção de conhecimentos que reconhecem as crianças como sujeitos de direitos que participam de convívio coletivo marcado pela intergeracionalidade. Parte-se da pesquisa realizada sobre o carnaval na cidade de Florianópolis/SC e, especificamente, do “projeto mirim de casais de mestre sala e porta bandeira” da Escola de Samba Embaixada Copa Lord, localizada na comunidade do Morro da Caixa, região central da cidade, em que a proximidade com as crianças e adultos permitiu conhecer o lugar das crianças na interioridade das práticas ali existentes. Nesse texto escolhemos refletir sobre o aprimoramento do fazer etnográfico, identificando de que forma o tempo, as relações e as escolha das “técnicas” e recursos ocorrem no processo da pesquisa com crianças, em um esforço de interseccionar a etnografia pelo campo da Antropologia, colocando-a em diálogo com os Estudos da Infância e procurando conhecer as crianças a partir dos contextos locais onde constituem seus modos de vida.
Referências
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A Educação como Cultura. Editora Brasiliense: SP, 1985.
CHRISTENSEN, Pia; JAMES, Allison. (orgs). Investigação com crianças: perspectivas e práticas. Porto: Edições Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, 2005.
COHN. Clarice. Antropologia da Criança. São Paulo: Jorge Zahar, 2005.
DORNELLES, Leni Vieira. Infâncias que nos escapam: da criança na rua à criança cyber. Petrópolis, RJ: Vozes, 2. ed. 2008.
FERREIRA, Manuela. “- ela é nossa prisioneira!”: questões teóricas, epistemológicas e ético-metodológicas a propósito dos processos de obtenção da permissão das crianças pequenas numa pesquisa etnográfica. Reflexão e ação, v. 18, n. 2, p. 151-182, 2010.
GEERTZ, Clifford. O saber local. Novos ensaios em antropologia interpretativa. Petrópolis: Vozes, 2000.
GERBER, Rose Mary. Mulheres e o mar: pescadoras embarcadas no litoral de Santa Catarina, sul do Brasil. Florianópolis: editora da UFSC, 2015.
LIMA, Patrícia de Moraes. O governo da infância e a arte do cuidado de si. In: SOUZA. Ana Maria Borges de. BARBOSA, Isabella Benfica. Cuidar da Educação, Cuidar da Vida. Florianópolis: UFSC – CED – NUVIC. 2011.
LOPES, Jader Jader Moreira e VASCONCELLOS Tânia de. Geografia da Infância: Territorialidades Infantis. Currículo sem Fronteiras, v.6, n.1, p.103-127, Jan/Jun 2006.
LOPES, Jader Jader Moreira. Geografia da Infância: contribuições aos estudos das crianças e suas infâncias. In: Educação Pública. Cuiabá, v. 22, n. 49/1, p. 283-294, maio/ago. 2013.
MALINOWSKI, Bronisław. Os argonautas do Pacífico ocidental: um relato do empreendimento e da aventura dos nativos nos arquipélagos da Nova Guiné melanésia. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
MUNANGA, Kabengele. Mestiçagem como símbolo de identidade brasileira. In: SANTOS, Boaventura de Sousa, MENEZES, Maria Paula (orgs.) Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.
PRATT, Mary Louise. Trabalho de campo em lugares comuns. In: CLIFFORD, James; MARCUS, George. A escrita da cultura. Rio de Janeiro: edUERJ, 2016.
RIBEIRO. Ana Paula Pereira da Gama Alves. Novas conexões, velhos associativismos: projetos sociais em escolas de samba mirins. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 2009.
SARMENTO, Manuel Jacinto e PINTO, Manuel. As crianças e a infância: definindo conceitos, delimitando o campo. In: SARMENTO, Manuel Jacinto e PINTO, Manuel. As crianças, contextos e identidades. Braga, Portugal. Universidade do Minho. Centro de Estudos da Criança. Ed. Bezerra, 1997.
SKLIAR, Carlos. Palabras de la normalidade. Imágenes de la anormalidade. IN: DUSSEL, I; Gutierrez, D. Educar la mirada: políticas y pedagogias de la imagens. 1 ed. Buenos Aires, Manantial: FLACSO, OSDE, 2006.
SODRÉ, Muniz. Pensar Nagô. Petrópolis, RJ: Editora Vozes. 2017.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os direitos autorais referentes aos artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional.