A travessia das infâncias no Amazonas no contexto de distanciamento social

Autores

  • Célia Ratusniak UNICENTRO http://orcid.org/0000-0002-0608-8838
  • Ivanilde dos Santos Mafra Fundação de Vigilância em Saúde - Núcleo de Educação em Saúde
  • Vanderlete Pereira da Silva Universidade do Estado do Amazonas - UEA

DOI:

https://doi.org/10.5007/1980-4512.2020v22nespp1364

Resumo

As violências fazem parte do cotidiano das crianças das camadas populares que vivem no Amazonas, estado que abriga muitas infâncias e suas singularidades étnicas: indígenas, caboclas, negras, migrantes ou filhas de imigrantes e mais recentemente, crianças da Venezuela, espalhadas nas diferentes zonas e ruas da capital do estado. Neste artigo, destacamos as condições de desigualdade que violam o direito das crianças vivenciarem suas infâncias e que, com o distanciamento social exigido pela Pandemia da Covid-19, foram acirradas, causando mortes e exposição aos riscos de todas as ordens num tecido social destruído e que, com os mecanismos de exclusão ampliados pelo modelo econômico adotado, foram esfacelados. O trabalho se utiliza da análise interseccional para problematizar as formas de opressão as quais estão submetidas as crianças, considerando os marcadores sociais que carregam, buscando compreender as estratégias utilizadas por elas para produzirem as formas de viver e sobreviver no contexto imposto.


Biografia do Autor

Célia Ratusniak, UNICENTRO

Professora colaboradora do DEPED - UNICENTRO. Professora do Curso de Pedagogia Bilingue - IFSC. Graduação em Psicologia e Pedagogia. Mestre em Educação (UFSC). Doutora e Pós-Doutoranda em Educaçãol (UFPR). 

Ivanilde dos Santos Mafra, Fundação de Vigilância em Saúde - Núcleo de Educação em Saúde

Mestra em Educação

Pedagoga da Fundação de Vigilância em Saúde, Núcleo de Educação em Saúde, Manaus-AM, Brasil

Vanderlete Pereira da Silva, Universidade do Estado do Amazonas - UEA

Doutoranda em Educação. Mestra em Educação. Professora titular da Universidade do Estado do Amazonas, Escola Normal Superior.

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Publicado

2020-12-28