“Um jeito negro de ser e viver”: (re) inventando a vida no contexto da pandemia da covid-19 – o que dizem as crianças negras e suas mães
DOI:
https://doi.org/10.5007/1980-4512.2020v22nespp1229Palavras-chave:
Lucro da intervenção. Enriquecimento sem causa. Responsabilidade civil.Resumo
O artigo tem como objetivo analisar como a vida das crianças negras de um Centro Municipal de Educação (CMEI) em Salvador - e de suas mães - tem sido (re) inventadas no contexto da pandemia da Covid-19. Para tanto, discute-se o racismo, elemento estruturante da sociedade, documentas legais que amparam as crianças e as infâncias destacando o direito à vida e a educação, fazendo um contraponto com as narrativas dos sujeitos da pesquisa. Do ponto de vista teórico-metodológico é uma abordagem qualitativa de cunho exploratório, respaldada por Rosemberg (1996), Cavalleiro (2003), Dias (2007), Abramovicz (2016), Nunes (2016), Franco; Ferreira (2017), entre outros. Os resultados encontrados apontam que o pertencimento étnico-racial e as condições materiais de existência organizam a vida dos sujeitos da pesquisa. Conclui-se que as crianças negras e suas mães têm um “jeito negro de ser e viver” (MAKOTA VALDINA, 2005), ancorado nos valores civilizatórios afro-brasileiros (TRINDADE, 2010), e que isso impacta na forma como elas (re) inventam a vida, construindo estratégias individuais e/ou coletivas para ser/estar no mundo.
Referências
ABRAMOWICZ, Anete; SILVÉRIO, Valter Roberto; OLIVEIRA, Fabiana; TEBET, Gabriela Guarnieri de Campos. Trabalhando a diferença na educação infantil. São Paulo: Moderna, 2006.
ABRAMOWICZ, Anete. O direito das crianças à educação infantil. Pro-Posições, v. 14, n. 3, p. 13-24, 3 mar. 2016.
ALMEIDA, Silvio. O que é racismo estrutural. Belo Horizonte: Letramento, 2018. (Coleção Feminismo Plurais).
ARAUJO, Edna Maria de; CALDWELL, Lilly. Covid-19 is deadlier for black Brazilians, a legacy of structural racism that dates back to slaveryna. Disponivel em: . Acesso em: 15 out. 2020.
BAHIA. Secretaria de Saúde. Boletim Epidemiológico Covid-19. Disponível em: <http://www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2020/11/BOLETIM_ELETRONICO_ _242___21112020.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2020.
BENTO, Maria Aparecida Silva. A identidade racial em crianças pequenas. In: BENTO, Maria Aparecida Silva (Org.). Educação infantil, igualdade racial e diversidade: aspectos políticos, jurídicos, conceituais. São Paulo: Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades – CEERT, 2012.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da educação Nacional. Brasília: Congresso Nacional, 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. Acesso em: 15 jul. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, 2010. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dm documents/diretrizes curriculares_2012.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2017.
BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras providências. Brasília, 2014.
CARVALHAL, Tito Loiola. Movimentos Formativos Contra-Hegemônicos na Faculdade de Educação da UFBA: Primavera nos Dentes. 2020. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2020.
CAVALLEIRO, Eliane. Do Silêncio do Lar ao Silencio Escolar: Racismo, Preconceito e Discriminação Racial na Educação Infantil. São Paulo: Contexto, 2003.
DIAS, Lucimar Rosa. No fio do horizonte: educadoras da primeira e o combate ao racismo. 2007. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2007.
DIAS, Marcos. Makota Valdina: Toda Mulher Negra é ativista”. Disponível em: <https://atarde.uol.com.br/muito/noticias/2043873-makota-valdina-toda-mulher-negra-e-ativista>. Acesso em: 05 set. 2020.
GOBBI, Márcia. Desenhos e Fotografias: marcas indiciárias das culturas infantis. Contexto em Educação, Unijui, ano 23, n 79. P. 199-221.
GOMES, N. L. O Movimento Negro Educador. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.
FRANCO, Nanci Helena Rebouças; FERREIRA, Fernando Ilidio da Silva. Pesquisar e educar para as relações étnico-raciais na educação infantil: uma luta contra o ruído do silêncio. Zero-a-Seis, Florianópolis, v. 19, n. 36, p. 252-271, dez. 2017. ISSN 1980-4512. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/zeroseis/article/view/ 1980-4512.2017v19n36p252>. Acesso em: 02 set. 2020.
FRIEDMAN, Adriana. Como apurar a escuta das crianças. Disponível em: < http://aliancapelainfancia.org.br/como-apurar-a-escuta-com-as-criancas-por-adriana-friedmann/>. Acesso em: 24 nov. 2020.
HAMPATÉ BÂ, Amadou. A tradição viva. In: KI-ZERBO, Joseph (Ed.). História geral da África, I: Metodologia e pré-história da África. 2.ed. rev. Brasília: UNESCO, 2010, p. 167- 212.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONOMICA APLICADA. TD 2528 - Os Desafios do Passado no Trabalho Doméstico do Século XXI: reflexões para o caso brasileiro a partir dos dados da PNAD Contínua. Disponível em: <https://www.ipea.gov.br/portal/ index.php?option=com_content&view=article&id=352 31&Itemid=444>. Acesso em: 10 set. 2020.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. Desigualdades Sociais por Cor/Raça no Brasil. 2019. Disponível em: < https://biblioteca.ibge.gov.br/ visualizacao/livros/liv101 681_informativo.pdf>. Acesso em: 05 set. 2020.
INSTITUTO RODRIGO MENDES. Protocolo sobre Educação Inclusiva durante a pandemia da Covid-19: um sobrevoo por 23 países e organismos internacionais. Disponível em: <https://fundacaogrupovw.org.br/wp-content/uploads/2020/07/ protocolos-educacao-inclusiva-durante-pandemia.pdf>. Acesso em: 05 set. 2020.
MAKOTA Valdina: Um Jeito Negro de Ser e Viver. Direção: Joyce Rodrigues. Vencedor do Primeiro Prêmio Palmares de Comunicação – Programas de Rádio e Vídeo. Salvador, 2005. Vídeo-Documentário.
MINAYO, Maria Cecilia de Souza (Org.) Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. Petrópolis, R.J.: Vozes, 2012.
NUNES, Mighian Danae Ferreira. Cadê as crianças negras que estavam aqui? O racismo (não) comeu. Seer Latitude. v. 10, n. 2 p. 383-423, 2016. Disponível em: <https://www.seer.ufal.br/index.php/latitude/article/view/ 2616/0>. Acesso em: 30 ago. 2020.
OLIVEIRA, Roberta Gondim de. Desigualdades Raciais e a Morte como horizonte: considerações sobre a Covid-19 e o racismo estrutural. Cad. Saúde Pública. v 36, n.9, p. 1-14, 2020. Disponível em: < https://scielosp.org/j/csp/i/2020.v36n9/>. Acesso em: 10 out. 2020.
PEREIRA, Artur Oriel; SANTIAGO, Flavio; SOUZA, Ellen Gonzaga Lima. Ubuntu: acolhimento ancestral e inquietações feministas negras à educação de bebês e crianças pequenas em creches e pré-escolas. Revista Teias, v. 19, n. 53, p. 314-329, jul. 2018.
ROSEMBERG, Fúlvia. Educação Infantil, Classe, Raça e Gênero. Caderno de Pesquisa, n. 96, 1996. Disponível em: <http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index. php/ /article/view/814/824>. Acesso em: 15 out. 2020.
SALVADOR. Conselho Municipal de Educação (CME). Resolução nº 042/2020. Dispõe sobre Regime especial de atividades pedagógicas não presenciais para o Ensino Fundamental e suas modalidades e para a Educação Infantil, no âmbito das instituições e redes que compõem o Sistema Municipal de Ensino de Salvador, em decorrência da Pandemia Covid-19. Salvador, 2020.
SANTOS, Boaventura Sousa. A Cruel Pedagogia do Vírus. Coimbra: Almedina, 2020.
SANTOS, Ana Katia Alves. A emergência da criança como sujeito de direitos na educação infantil. Zero-a-Seis, Florianópolis, v. 19, n. 36, p. 223-234, dez. 2017. ISSN 1980-4512. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/zeroseis /article/view/ 1980-4512.2017 v19n36p223/35671>. Acesso em: 19 set. 2020.doi:
SILVA, P. B. G. e. Africanidades Brasileiras: Como Valorizar Raízes Afro nas Propostas Pedagógicas. Revista do Professor, Porto Alegre, v. 11, n.44, p. 29-30, 1995.
TRINDADE, Azoilda. Valores Civilizatórios Afro-brasileiros na Educação Infantil. Disponível em: <http://www.diversidadeducainfantil.org.br/PDF/Valores%20civilizat% C3%B3rios%20afrobrasileiros%20na%20educa%C3%A7%C3%A3o%20infantil%20-%20Azoilda%20Trindade.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2020.
VANA, NIC, INES. Quando a gente tem saudade. São Paulo: Editora Cachecol, 2016.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os direitos autorais referentes aos artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional.