Concepções e práticas pedagógicas de professoras de educação infantil diante da educação para as relações étnico-raciais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1980-4512.2023.e90728

Palavras-chave:

Crianças, Formação de professores, Racismo

Resumo

O racismo e outras formas de preconceito, baseadas em cor da pele e outras características fenotípicas, estão arraigados na história do povo brasileiro, por isso, para almejar a mudança do cenário atual é preciso adotar práticas referenciadas, problematizadas e contextualizadas para que tenham efeito. É possível afirmar que somente as leis e decretos não alteram a realidade, sendo necessário proporcionar meios para que se legitimem no cotidiano. Este artigo traz a descrição de uma pesquisa de campo realizada no ano de 2020 que teve como objetivo de identificar nos discursos de professoras da educação infantil, de que maneira a educação das relações étnico-raciais tem sido desenvolvida em suas práticas. Nesta perspectiva a pesquisa foi realizada no município de Santa Mercedes no interior do Estado de São Paulo, em uma escola de educação básica que atende também a educação infantil, mas apenas com as professoras de crianças entre quatro e cinco anos de idade (Pré I e Pré II). O estudo possibilitou compreender que as concepções presentes na legislação não são plenamente alcançadas na educação infantil. Para se proporcionar uma educação antirracista, é preciso que haja cada vez mais investimento em formação de professores, inicial e continuada, aquisição de materiais e escuta sensível das crianças.

Biografia do Autor

Crisley de Souza Almeida Santana, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - UFMS

Doutoranda e Mestra em Educação pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Professora de Educação Infantil e Especialista em Atendimento Educacional Especializado e Psicopedagogia Institucional e Clínica. Especialista em Educação Especial com enfase na Deficiência Intelectual. Possui graduação em Pedagogia . Professora na Sala de Recursos Multifuncional Rede Municipal de Santa Mercedes- SP e professora Titular no município de Tupi Paulista atuando na Educação Infantil. Tem experiência na área de Educação Especial onde já atuou por 4 anos na Associação de Pais e Amigos Excepcionais - (Apae de Tupi Paulista.) Faz parte do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Sociedade da UFMS/Três Lagoas. Participou como aluna especial do programa de Pós graduação em Educação Especial da UFScar na disciplina: Tópicos de Pesquisa em Educação Especial: Inclusão Escolar e Ensino Colaborativo. (2020/2021). Atualmente cursa a 2º graduação em Educação Especial pela UFScar.

Ione da Silva Cunha Nogueira, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS

Doutora em Educação pela Universidade Estadual Paulista na Área de Políticas Públicas e Administração da Educação Brasileira - Faculdade de Filosofia e Ciências - Marília - SP (2010) com Pós-doutorado em Educação pela Universidade Estadual Paulista UNESP/Assis. Mestre em Educação Escolar (2000) e Licenciada em Pedagogia (1996) pela Universidade Estadual Paulista (UNESP/FCL-AR) - Faculdade de Ciências e Letras - Araraquara. Atualmente é professora Associada da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - Campus de Três Lagoas - MS atuando na graduação e no PPGE/Mestrado em Educação. É coordenadora do grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Sociedade da UFMS/Três Lagoas e integrante do grupo de pesquisa Coletivo de Pesquisadores em Políticas Educacionais (COPPE) na Universidade Estadual Paulista - Marília.

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Publicado

2023-05-03

Edição

Seção

Dossiê - Infâncias, racismos e educação infantil