Um brinquedo diferente na luta antirracista na educação infantil: o livro de literatura

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1980-4512.2023.e90775

Palavras-chave:

Brinquedo, Livro, Educação infantil, Lei nº 10.639/03

Resumo

Este artigo tem como foco os debates sobre educação antirracista na educação infantil. O objetivo consiste em: Analisar práticas pedagógicas antirracistas na primeira etapa da educação básica, em especial, as ações desenvolvidas a partir do projeto “Livro: um brinquedo diferente”. O referencial teórico está ancorado na epistemologia de autoras/es negras/os. Para isso, foi desenvolvida a pesquisa de cunho qualitativo, junto à turma de crianças, a partir de quatro anos de idade, em um Centro Municipal de Educação infantil de Goiânia. Os dados foram obtidos por meio dos registros dispostos no Portfólio Digital, construído pelas crianças, suas famílias e a professora. Os resultados identificaram o livro como um brinquedo, um bem social e um direito de todas as crianças a despeito da idade, classe social e raça-etnia. Assim, este artigo compartilha os resultados do referido projeto, os quais apontam que o livro de literatura infantil se constitui como uma possibilidade para subsidiar a luta antirracista, o cumprimento da Lei n.º 10.639/03 e a formação continuada de professoras(es) da educação infantil.

Biografia do Autor

Cecília Maria Vieira, Universidade de Brasília - UNB

Doutoranda em Educação pela UNB. Possui graduação em Psicologia (PUC), Pedagogia (UVA) Especialização em Políticas Públicas e Docência do Ensino Superior (UFG), Mestra em Educação pela (UFG). Tem experiência na área de psicologia no atendimento clínico, grupos de trabalhos e na elaboração de projetos com ênfase em psicologia do Desenvolvimento Humano, Inclusão, Saúde Mental com recorte nas relações étnico-raciais, formação de professoras(es) e palestras. Experiência em trabalhos com Formação de Professores para a Lei 10.639/03 e Práticas Pedagógicas Promotoras de Igualdade Racial na Infância. Professora na educação básica e no ensino superior. Atuou como coordenadora, apoio técnico da Gerência de Ensino Fundamental e da Gerência de Infância e como psicóloga na Associação Pestalozzi Renascer e no Centro Municipal de Apoio a Inclusão Maria Thomé Neto, na estimulação cognitiva e no atendimento de crianças e suas famílias da Rede Municipal de Educação de Goiânia. Ex-coordenadora do Instituto Afro Origem ? GO, da Rede ANPSINEP (Articulação Nacional de Psicólogas (os) Negras (os) e Pesquisadoras (es) região Centro-Oeste e Presidenta do Conselho da Igualdade Racial do Município de Goiânia. Atualmente está licenciada lotada no Centro Municipal de Educação Infantil José Alves Batista, é Coordenadora do Núcleo de estudos Afrodescendentes e Indígenas- NEADI- UFG, do GENINHAS EM MOVIMENTO NA PRÁXIS PARA UMA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA - UFG, membro externo da Comissão de Heteroidentificação de Cotas-UFG e conselheira no Conselho da Igualdade Racial do Município de Goiânia-COMPIR.

Thaís Regina de Carvalho, Universidade Federal de Goiás - UFG

Professora do curso de pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás. Possui graduação em pedagogia pela Universidade do Estado de Santa Catarina. Mestrado e doutorado em educação pela Universidade Federal do Paraná. Realizou doutorado sanduiche na Universidade do Texas, financiado com recursos do Programa Abdias Nascimento - SECADI/MEC/CAPES. Coordena o grupo de extensão e pesquisa Geninhas em movimento na práxis para uma educação antirracista. Integra a Associação Brasileira de pesquisadores/as negros/as e a Associação Nacional de Pós-Graduação em Educação - ANPED. Atua com os seguintes temas: práticas pedagógicas antirracistas na educação infantil, políticas de promoção da igualdade racial na educação básica, estágio e formação docente.

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Publicado

2023-05-03

Edição

Seção

Dossiê - Infâncias, racismos e educação infantil