O processo civilizatório pela infância e o direito de brincar na educação infantil: algumas reflexões

Autores

  • Nair Correia Salgado de Azevedo Curso de Licenciatura em Pedagogia, Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE)
  • José Milton de Lima Departamento de Educação, Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), Universidade Estadual Paulista (Unesp)

DOI:

https://doi.org/10.5007/1980-4512.2017v19n36p428

Resumo

O furto das práticas lúdicas e a disciplinarização por meio do corpo, em muitas instituições de Educação infantil, são mais do que ações esporádicas – elas transformam-se em algo que se situa dentro da normalidade. Este artigo assume como objetivos principais: promover uma discussão e reflexão sobre a disciplinarização da infância por meio do controle das crianças, seja pela distribuição espacial, pela conduta dos professores ou, ainda, pela persistência de paradigmas históricos que insistem em afirmar que a presença do lúdico trabalha na contramão da aprendizagem e do desenvolvimento infantil. Ainda, busca alertar e defender a importância do lúdico na formação das crianças, refutando pressões, principalmente externas às instituições de Educação Infantil, que o secundarizam. Pauta-se na concepção de crianças como sujeitos de direitos – entre eles, o de brincar, assegurado por muitos documentos legais que visam à proteção da infância. No entanto, é preciso destacar que muitas instituições de Educação Infantil, pressionadas pela lógica neoliberal de políticas nacionais e internacionais, estão mais preocupadas com a preparação de obra do que com os direitos das crianças. Neste sentido, torna-se necessário que todos que atuam diretamente com as crianças não abram mão do acesso à atividade lúdica, visto que se trata de um direito da criança que precisa ser garantido no contexto da Educação Infantil.

Biografia do Autor

Nair Correia Salgado de Azevedo, Curso de Licenciatura em Pedagogia, Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE)

Doutora e Mestre em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da "Universidade Estadual Paulista" - UNESP - Presidente Prudente/SP. Possui graduação em Educação Física - Licenciatura pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2007), Licenciatura em Pedagogia - Faculdades Entre Rios do Piauí (2013). É docente do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE em Presidente Prudente/SP. Tem experiência na Educação Básica em que trabalhou no Ensino Fundamental I na prefeitura municipal de Presidente Prudente/SP e Educação Infantil (público e privado) em Presidente Prudente/SP entre os anos de 1997 e 2015.

José Milton de Lima, Departamento de Educação, Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Doutor e Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da "Faculdade de Ciências e Tecnologia" - FCT/UNESP de Marília. Possui graduação em Educação Física - Licenciatura Plena pelo Instituto Municipal de Ensino Superior e em Pedagogia pela Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE). É docente do Departamento de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia - UNESP - Campus de Presidente Prudente. Tem experiência na área de Educação e Educação Física, com ênfase na Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental.

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Publicado

2017-12-18