Quando as (hetero)normas estremecem o cotidiano da Educação Infantil: conversas com professoras sobre as marcas de gênero expressas nas interações entre crianças

Autores

  • Paula Rios de Freitas Graduanda do curso de pedagogia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
  • Dilton Ribeiro Couto Junior Pós-doutorando no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ProPEd/UERJ), com bolsa CNPq/PDJ. Membro do Grupo de Estudos em Gênero e Sexualidade e(m) Interseccionalidades (Geni).
  • Felipe da Silva Ponte de Carvalho Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ProPEd/UERJ). Membro do Grupo de Estudos em Gênero e Sexualidade e(m) Interseccionalidades (Geni).

DOI:

https://doi.org/10.5007/1980-4512.2018v20n37p246

Resumo

Fruto de pesquisa recentemente concluída, o estudo apresentado neste texto teve como objetivo investigar, sob a ótica de professoras da Educação Infantil, como as marcas de gênero se fazem presentes nos momentos de interação entre crianças de uma escola da rede pública de Itaperuna/Rio de Janeiro. Haja vista a necessidade de se desestabilizar o regime heterocentrado que busca, incansavelmente, normatizar corpos, gêneros e sexualidades, esta pesquisa é ancorada numa proposta que busca fomentar outras formas de olhar/(re)pensar o mundo em prol da necessidade de se criar estratégias de enfrentamento à heteronormatividade. Para isso, foram realizadas conversas com professoras da Educação Infantil dessa escola pública, que evidenciaram a forte presença das marcas de gênero no cotidiano educacional. Os achados da pesquisa apontaram para a necessidade de se buscar estratégias/brechas capazes de promover diálogos mais abertos entre a escola, as crianças e as famílias, com o objetivo de negociar sentidos que possam ser potentes para diminuir a incidência de preconceitos e discriminações em torno das questões de gênero que estremecem o cotidiano da Educação Infantil.

Biografia do Autor

Paula Rios de Freitas, Graduanda do curso de pedagogia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

Graduanda do curso de pedagogia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

Dilton Ribeiro Couto Junior, Pós-doutorando no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ProPEd/UERJ), com bolsa CNPq/PDJ. Membro do Grupo de Estudos em Gênero e Sexualidade e(m) Interseccionalidades (Geni).

Pós-doutorando no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ProPEd/UERJ), com bolsa CNPq/PDJ. Membro do Grupo de Estudos em Gênero e Sexualidade e(m) Interseccionalidades (Geni).

Felipe da Silva Ponte de Carvalho, Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ProPEd/UERJ). Membro do Grupo de Estudos em Gênero e Sexualidade e(m) Interseccionalidades (Geni).

Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ProPEd/UERJ). Membro do Grupo de Estudos em Gênero e Sexualidade e(m) Interseccionalidades (Geni).

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Publicado

2018-05-21