Análise do discurso de uma publicação ‘antivacina’ no youtube e algumas reflexões para a educação em ciências
DOI:
https://doi.org/10.5007/1982-5153.2021.e74309Resumo
O objetivo deste artigo foi apresentar uma pesquisa que analisou o discurso em uma publicação ‘antivacina’ no YouTube. O estudo se pautou na seguinte questão de investigação: que relações podem ser evidenciadas entre um discurso ‘antivacina’ e disposições de pensamento crítico? A análise discursiva foi encaminhada conforme Maingueneau, e algumas contribuições sobre pensamento crítico foram consideradas. As perspectivas de Paul Feyerabend e Bruno Latour foram assumidas para justificar um posicionamento simétrico frente ao discurso analisado. Como resultados identificamos a relutância de teóricos da conspiração frente a evidências e informações científicas, a demarcada oposição aos conhecimentos científicos e o caráter ideológico desses discursos. Teorias conspiratórias parecem fazer parte de um sistema cultural e psicossocial complexo, não exclusivamente relacionado às disposições de pensamento. Consideramos que esta pesquisa pode contribuir para as discussões referentes à investigação de teorias conspiratórias e para tornar esse um foco de pesquisa frutífero para a Educação em Ciências.
Referências
MITOS SOBRE VACINAS, 2019. 1 vídeo (22 min e 55 seg). Publicado pelo canal Ciência de Verdade do YouTube. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=xgPIv6jWvAE&t=979s. Acessoem 02/10/2019.
BROWNE, M., THOMSON, P., ROCKLOFF, M. J., PENNYCOOK, G. Going against the herd: psychological and cultural factors underlying the ‘vaccination confidence gap’. PlosOne, v. 10, n. 09, p. 01-14, 2015. Disponível em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0132562. Acessoem 15 out. 2019.
ENNIS, R. Critical Thinking: A streamlined conception. Teaching Philosophy, v. 14, n. 01, p. 05-24, 1991.
ENNIS, R. Critical Thinking Dispositions: Their Nature and Assesability. Informal Logic, v. 18, n. 02 e 03, v. p. 165-182, 1996.
FASCE, A., PICÓ, A. Science as vaccine: the relation between scientific literacy and unwarranted beliefs. Science and Education, v. 28, n. 1, p. 109-125, 2019.
FEYERABEND, P. Contra o método. Rio de janeiro: Francisco Alves, 1977.
GOERTZEL, T. Belief in conspiracy theories. Political psychology, v. 15, n.4, p. 731-742, 1994.
HARAMBAM, J., AUPERS, S.Contesting epistemic authority: conspiracy theories on the boundaries of science. Public understanding of science, v. 24, n. 4, p. 466-480, 2014.
HOCHMAN, G. Vacinação, varíola e uma cultura da imunização no Brasil. Ciênc. Saúde coletiva, v. 16, n. 2, p. 375-386, 2011.
JOLLEY, D., DOUGLAS, K. M. The effects of anti-vaccine conspiracy theories on vaccination intentions. Plos one, v. 09, n. 02, p. 01-09, 2014.
JOLLEY, D., DOUGLAS, K. M. Prevention is better than cure: Addressing anti-vaccine conspiracy theories. Journal of Applied Social Psychology, v. 47, s/n, p. 459-469, 2017.
LANTIAN, A., MULLER, D., NURRA, C., DOUGLAS, K. M. I know thing they don’t know: The role of need for uniqueness in belief in conspiracy theories. Social Psychology, v. 48, n. 03, p. 160-173, 2017.
LATOUR, B. Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora, 2. Ed. São Paulo: Ed. Unesp, 2011.
LESSA, S. C; SCHRAMM, F. R. Proteção individual versus proteção coletiva: análise bioética do programa nacional de vacinação infantil em massa. Ciênc. saúde coletiva, , v. 20, n. 1, p. 115-124, 2015
LIMA, A. L. G.; VIVIANI, L. M. Conhecimentos especializados sobre os problemas de rendimento escolar: um estudo de manuais de psicologia e da Revista de Educação. Hist. Educ., v. 19, n. 46, p. 93-112, 2015.
MAINGUNEAU, D. Gênese do discurso. Curitiba: Criar Edições, 2005.
PROOIJEN, J. W. V. Why education predicts decreased belief in conspiracy theories. Applied Cognitive Psychology, v. 31, n. 01, p. 50-58, 2017.
SWAMI, V., VORACEK, M., STIEGER, S., Tran, U. S. & Furnham, A. Analytic thinking reduces belief in conspiracy theories. Cognition, v. 133, n. 3, p. 572-585, 2014.
SOUSA, A. S., VIEIRA, R. M. O pensamento crítico na educação em ciências: revisão de estudos no ensino básico em Portugal. Rev. Fac. Educ., v. 29, n. 01, p. 15-33, 2018.
STAHL, T. VAN PROOIJEN, J. W. Epistemic rationality: Skepticism toward unfounded beliefs requires sufficient cognitive ability and motivation to be rational. Personality and Individual Differences, v. 122, s/n, p. 155-163, 2018.
TENTEIRO-VIEIRA, C., VIEIRA, R. M. Promover o pensamento crítico dos alunos: propostas concretas para a sala de aula. Porto: Porto Editora, 2000.
TENRERO-VIEIRA, C.; VIEIRA, R. M. Literacia e pensamento crítico: um referencial para a educação em ciências e em matemática. Revista Brasileira de Educação, [S. l.], v. 18, n. 52, p. 163-188, 2013.
WOOD, M. J., DOUGLAS, K. M., SUTTON, R. M. Dead and alive: beliefs in contradictory conspiracy theories. Social psychological and personality science, v. 6, n.3, p. 767-773, 2012.
WOOD, M. J. Some dare call it conspiracy: labeling something a conspiracy theory does not reduce belief in it. Politicalpsychology, v. 37, n. 5, p. 695-705, 2016.
ZORZETTO, R. As razões da queda da vacinação. Pesquisa Fapesp, ano 19, n. 270, p. 18-25, ago. 2018. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/as-razoes-da-queda-na-vacinacao/. Acesso em 05 de set. 2020.
Arquivos adicionais
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Alexandria: Revista de Educação em Ciência e Tecnologia

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Os autores cedem à revista Alexandria os direitos exclusivos de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution (CC BY) 4.0 International. Esta licença permite que terceiros remixem, adaptem e criem a partir do trabalho publicado, atribuindo o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico.
Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução, ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.