Ideologias linguísticas em disputa: aproximações e distanciamentos na formação de professoras/es de inglês para a Justiça Social

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8026.2025.e107103

Palavras-chave:

Ideologias linguísticas, Formação de professoras/es, Educação linguística crítica, Ensino de inglês

Resumo

Este artigo discute como as ideologias linguísticas de formadoras/es de professoras/es de inglês se aproximam ou distanciam de uma educação voltada para a justiça social, fraturando ou reforçando ideologias modernas de língua. Em termos praxiológicos e metodológicos, esta pesquisa é embasada em perspectivas crítico-decoloniais, a partir das quais discutimos entrevistas narrativas com seis professoras/es de inglês de cursos de Letras no estado de Goiás, Brasil. O estudo revela como ideologias modernas ainda influenciam e até mesmo moldam o ensino de inglês. No entanto, a oscilação entre concepções tradicionais e críticas, compartilhadas pelas/os educadoras/es participantes, gera fissuras que abrem espaço para micromovimentos pedagógicos, com vistas à legitimação de repertórios diversos, à valorização de saberes silenciados e, assim, à emergência de possibilidades de resistência e transformação social.

Biografia do Autor

Fernanda Caiado da Costa Ferreira, Universidade Estadual de Goiás

Fernanda Caiado da Costa Ferreira é mestra (2018) e doutora (2023) em Letras e Linguística pela UFG. Atua como professora na Unifan e pesquisadora de pós-doutorado, com bolsa CAPES, no PPG-IELT da UEG. Desenvolve pesquisas relacionadas à formação crítica de professores/as de línguas, construções identitárias docentes, Linguística Aplicada Crítica e perspectivas decoloniais na educação linguística.

Viviane Pires Viana Silvestre, Universidade Estadual de Goiás

Viviane Pires Viana Silvestre é mestra (2008) e doutora (2016) em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Realizou estágio doutoral (sanduíche no país/CNPq) na Universidade de São Paulo (USP) e estágio de pós-doutoramento na UFG (2018). Atualmente, coordena o PPG-IELT/UEG. Interessa-se por pesquisas na área de educação linguística crítica e decolonialidade.

Barbra Sabota, Universidade Estadual de Goiás

Barbra Sabota é mestra (2002) e doutora (2008) em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Goiás. Realizou estágio de pós-doutoramento no PPG-LA da UnB (2014). É professora ajunta da Universidade Estadual de Goiás, onde atua na licenciatura em Letras (Português/Inglês) e no PPG-IELT. Interessa-se por pesquisas na área de educação linguística crítica, letramentos críticos e decolonialidade.

Laryssa Paulino de Queiroz Sousa, Universidade Estadual de Goiás

Laryssa Paulino de Queiroz Sousa é doutora em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Goiás. No momento, realiza seu pós-doutorado, com bolsa FAPEG/CNPq, no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Educação, Linguagem e Tecnologias da Universidade Estadual de Goiás. Trabalha com a educação linguística e sua pesquisa envolve perspectivas críticas, decoloniais e pós-humanistas.

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Publicado

2025-11-03

Edição

Seção

Dossiê em Estudos Linguísticos

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