Educação Linguística Crítica em Língua Inglesa: por uma Linguística Aplicada Antirracista articulada à Praxiologia da Esperança

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8026.2025.e107333%20

Palavras-chave:

Linguística Aplicada Crítica, Educação Linguística, Ensino de Inglês, Antirracismo, Praxiologia da Esperança

Resumo

Neste artigo, discutimos os fundamentos de uma Linguística Aplicada Antirracista articulada à praxiologia da esperança, com base nos aportes da Linguística Aplicada Crítica (LAC) e nos escritos de Paulo Freire (2019; 2020). Analisamos o racismo como fenômeno histórico, social e linguístico, defendendo a necessidade de práticas educativas comprometidas com a equidade racial e a justiça social. A partir da concepção de linguagem como prática situada e ideologicamente marcada, propomos uma educação linguística crítica em língua inglesa que valorize os saberes e vozes dos sujeitos historicamente oprimidos. O artigo apresenta exemplos pedagógicos concretos – como análise crítica de músicas, leitura de narrativas negras, produção multimodal e oficinas reflexivas – que ilustram possibilidades de atuação docente inspiradas na praxiologia da esperança. Tais propostas pedagógicas visam a tensionar o negacionismo racial e a promover o letramento crítico antirracista em contextos escolares. Ao articular teoria e prática, buscamos contribuir para a construção de uma educação linguística em inglês que seja plural, emancipatória e eticamente situada.

Biografia do Autor

Kleber Aparecido da Silva, Universidade de Brasília

Professor Associado 4 do curso de Pós-Graduação em Linguística e em Relações Internacionais da Universidade de Brasília. Seus interesses em pesquisa são: Relações Internacionais; Linguagens, Gênero, Raça e Educação Linguística; Raça, Relações Internacionais e (De)Colonialidades; Linguagens, Discursos e Identidades; Inteligência Artificial e Racismo Algorítmico; (Multi)Letramentos (Digitais), Políticas Linguísticas/Internacionais e Educação Crítica na Formação de Professores/as de Línguas. É Bolsista em Produtividade em Pesquisa pelo CNPq.

Lauro Sérgio Machado Pereira, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais

É Doutor em Linguística pela Universidade de Brasília. É professor de língua inglesa do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG). Seus principais temas de atuação incluem: linguística aplicada crítica, formação continuada de professores de inglês, pesquisa-ação colaborativa-crítica, internacionalização da educação e políticas linguísticas.

Referências

ANDRADE, B. C. N. de; NICOLAIDES, C. S.; MOTA, V. M. Por uma linguística aplicada antirracista: problematizações acerca de discursos silenciadores e de (re)existência da negritude. DELTA: Documentação e Estudos em Linguística Teórica e Aplicada, [S. l.], v. 37, n. 4, 2022. DOI: 10.1590/1678-460x202156105. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/delta/article/view/56105. Acesso em: 22 jul. 2025.

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992a.

BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1992b.

BALDWIN, J. I am not your negro. Compiled by Raoul Peck. New York: Vintage International, 2017.

BENJAMIN, W. Sobre o conceito de história: edição crítica. São Paulo: Alameda, 2020. Organização e tradução de Adalberto Müller e Márcio Seligmann-Silva.

BETTO, F. Ano novo, vida nova. Correio da Cidadania, 30 dez. 2017. Disponível em: https://correiocidadania.com.br/colunistas/frei-betto/13031-ano-novo-vida-nova. Acesso em: 22 jul. 2025.

BEYONCÉ. Black Parade. [S.l.]: Parkwood Entertainment, 2020. Letra de música.

BONFIM, M. A. L. Por uma linguística aplicada antirracista, descolonial e militante: Racismo e branquitude e seus efeitos sociais. Língu@ Nostr@, [S. l.], v. 9, n. 1, p. 157–178, 2021. DOI: 10.29327/232521.8.1-9. Disponível em: http://periodicos2.uesb.br/lnostra/article/view/15667. Acesso em: 22 jul. 2025.

BORBA, R.; FABRÍCIO, B. F. (Orgs.). Oficina de Linguística Aplicada Indisciplinar. Campinas: Editora da Unicamp, 2024.

BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2003. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 8 ago. 2025.

CAVALCANTI, M. A propósito de linguística aplicada. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, v. 7, n. 2, p. 5-12, 1986.

COLLINS, P. H. Aprendendo com o outsider within: a significação sociológica do pensamento feminista negro. Sociedade e Estado, Brasília, v. 31, n. 1, p. 99-127, 2016.

FABRÍCIO, B. F. Linguística aplicada como espaço de “desaprendizagem”: redescrições em curso. In: MOITA LOPES, L. P. (Org.). Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006. p. 45-65.

FANON, F. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1961.

FANON, F. Peles negras, máscaras brancas. Tradução de Sebastião Nascimento, com colaboração de Raquel Camargo. São Paulo: Ubu, 2020.

FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 32. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2020.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 91. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2019.

GOMES, N. L. Movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.

GOMES, N. L. O Movimento Negro e a intelectualidade negra descolonizando os currículos. In: BERNARDINO-COSTA, J.; MALDONADO-TORRES, N.; GROSFOGUEL, R. (Orgs.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019. p. 223-246.

GROSFOGUEL, R. Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.

GOMES, N. L.; JESUS, R. E. de. As práticas pedagógicas de trabalho com relações étnico-raciais na escola na perspectiva de Lei 10.639/2003: desafios para a política educacional e indagações para a pesquisa. Educar em Revista, [S. l.], v. 29, n. 47, p. 19–33, 2013. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/31329. Acesso em: 22 jul. 2025.

GONZALEZ, L. Entrevista à Revista Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficos (SEAF), 1985. Republicada em: Uapê: Revista de Cultura, n. 2, “Em cantos do Brasil”.

IBGE (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA). Censo 2022: pela primeira vez, desde 1991, a maior parte da população do Brasil se declara parda. Agência de Notícias IBGE, 22 dez. 2023. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/38719-censo-2022-pela-primeira-vez-desde-1991-a-maior-parte-da-populacao-do-brasil-se-declara-parda. Acesso em: 31 maio 2025.

KENDI, I. X. Como ser antirracista. Tradução de Edite Siegert. Rio de Janeiro: Alta Books, 2020.

LEGEND, J.; COMMON. Glory. [S.l.]: Columbia Records, 2014. Letra de música.

LIL BABY. The Bigger Picture. [S.l.]: Motown Records, 2020. Letra de música.

MAIA, J. Letramentos de sobrevivência em redes digitais: caminhos possíveis na luta por direitos humanos. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, v. 57, n. 2, maio/ago. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/010318138651932366491.

MIGNOLO, W. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de Letras da UFF, n. 34, p. 287-324, 2008. Dossiê: Literatura, língua e identidade.

MOITA LOPES, L. P. (Org.). Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.

MOTA-PEREIRA, F. Decolonizando educação linguística de inglês com literatura de escritoras/es negras/os e indígenas. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 63, n. 1, p. 6–16, 2024. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8673891. Acesso em: 22 jul. 2025.

MUNIZ, K. Linguagem como mandinga: população negra e periférica reinventando epistemologias. In: SOUZA, A. L. S. (Org.). Cultura e política nas periferias: estratégias de reexistência. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2020.

NASCIMENTO, G. Racismo linguístico: os subterrâneos da linguagem e do racismo. Belo Horizonte: Editora Letramento, 2019.

NUNES, R. H. Abordagem (sócio)histórica e emancipatória em educação: diálogo entre Bakhtin e Freire. In: PEREIRA, A. L. et al. Ágora: fundamentos epistemológicos e pesquisas avançadas em educação. Rio de Janeiro: Editora Multifoco, 2019. p. 64-92.

PENNYCOOK, A. The cultural politics of English as an international language. London: Longman, 1994.

PENNYCOOK, A. A critical applied linguistics: an introduction. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates, 2001.

PENNYCOOK, A. Uma linguística aplicada transgressiva. In: MOITA LOPES, L. P. (Org.). Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. p. 67-83.

PENNYCOOK, A.; MAKONI, S. Innovations and challenges in Applied Linguistics from the Global South. London: Routledge, 2020.

DICIO. Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 2021. Disponível em: https://www.dicio.com.br/praxiologia/. Acesso em: 20 mar. 2021.

RAJAGOPALAN, K. Por uma linguística crítica: linguagem, identidade e a questão ética. São Paulo: Parábola, 2003.

ROCHA, C. H. Propostas para o inglês no ensino fundamental I público: plurilinguismo, transculturalidade e multiletramentos. 2010. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010.

RODRIGUES JÚNIOR, L. R. Pedagogia das encruzilhadas. Revista Periferia, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 71-88, jan./jun. 2018.

ROQUE-FARIA, H. J. R.; SILVA, K. A. Análise enunciativa sobre a formação docente. In: KAPITANGO-A-SAMBA, K. K. (Org.). Residência e desenvolvimento profissional docente. Curitiba: Editora CRV, 2019.

SANTOS, B. de S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In: SANTOS, B. de S.; MENESES, M. P. (Orgs.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010. p. 31-83.

SIGNORINI, I. Epistemologias de pesquisa no campo aplicado dos estudos da língua(gem). DELTA: Documentação de Estudos em Linguística Teórica e Aplicada, São Paulo, v. 31, n. 4, p. iii-iv, 2015.

SILVA, C. R. B.; ZENHA, L.; OLIVEIRA, M. G. de. Por práticas decoloniais no ensino da língua inglesa: atitudes e posturas outras com o uso das tecnologias digitais. Revista Desenredo, [S. l.], v. 18, n. 2, 2022. DOI: 10.5335/rdes.v18i2.13753. Disponível em: https://seer.upf.br/index.php/rd/article/view/13753. Acesso em: 22 jul. 2025.

SILVA, D. N. ‘A propósito de Linguística Aplicada’ 30 anos depois: quatro truísmos correntes e quatro desafios. DELTA: Documentação de Estudos em Linguística Teórica e Aplicada, São Paulo, v. 31, n. 4, p. 349-376, 2015.

SILVA, K. A.; COBUCCI, R. M. Por uma linguística aplicada antirracista articulada à praxiologia da esperança. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, Belo Horizonte, v. 24, n. 1, p. 1-24, 2024.

SILVA, K. A.; ROQUE-DE-FARIA, H. J.; NUNES, R. H.; PEREIRA, L. S. M.; GUIMARÃES, R. M.; SANTCLAIR, D. For a Critical Applied Linguistics articulated to the Praxeology of Hope. In: MAKONI, S.; KAIPER-MARQUEZ, A.; MOKWENA, L. (Eds.). The Routledge Handbook of Language and the Global South/s. 1. ed. London: Routledge, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.4324/9781003007074. Acesso em: 31 maio 2025.

SILVA, P. B. G. Educação das Relações Étnico-Raciais nas instituições escolares. Educar em Revista, [S. l.], v. 34, n. 69, p. 193–207, 2018. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/58097. Acesso em: 22 jul. 2025.

SOUZA, A. L. S. Letramentos de reexistência: práticas de linguagem e resistência nas periferias. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, Belo Horizonte, v. 11, n. 2, p. 345-368, 2011.

THOMAS, A. The hate u give. New York: Balzer + Bray, 2017.

URZÊDA-FREITAS, M. T. Letramento crítico de professoras/es de inglês da rede pública: uma experiência de desestabilizações. In: PESSOA, R. R.; DE OLIVEIRA, E. C. (Orgs.). Tensões e desestabilizações na formação de professoras/es de inglês. Goiânia: Editora UFG, 2016. p. 73-104.

URZÊDA-FREITAS, M. T.; PESSOA, R. R. Rupturas e continuidades na Linguística Aplicada Crítica: uma abordagem historiográfica. Calidoscópio, São Leopoldo, v. 10, n. 2, p. 225-238, maio/ago. 2012.

Downloads

Publicado

2025-11-03

Edição

Seção

Dossiê em Estudos Linguísticos

Categorias