Aquisição das vogais nasais francesas [??], [ã] e [??] por aprendizes brasileiros: aspectos articulatórios

Autores

  • Bruna Teixeira Correa UFPEL
  • Giovana Ferreira Gonçalves Universidade Federal de Pelotas

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8026.2017v70n3p131

Resumo

Este trabalho se propõe a investigar a aquisição das vogais nasais [??], [ã] e [??] da Língua Francesa por aprendizes do curso de licenciatura em Letras Português/Francês. Em termos articulatórios, essa classe de segmentos caracteriza-se pelo abaixamento do véu palatino, o que gera o acoplamento dos tubos nasal e oral (SEARA, 2000; DEMOLIN e MEDEIROS, 2006; BARBOSA e MADUREIRA, 2015) e, consequentemente, por aspectos acústicos diferentes daqueles encontrados nas vogais orais. Com a passagem livre do ar no trato nasal, o primeiro formante (F1) tende a abaixar e o terceiro (F3) a aumentar (HAWKINS e STEVENS, 1985; DELVAUX, 2001). Há também uma modificação na amplitude de picos espectrais – menor para as nasais –, aparecimento de picos espectrais adicionais e uma maior duração para os referidos segmentos (MORAES e WETZELS, 1992; SOUSA, 1994). Para desenvolver essa pesquisa, foram realizadas coletas de dados articulatórios com três grupos de informantes: Grupo I - dois aprendizes de FLE de semestres distintos (2º e 8º) do curso de licenciatura; Grupo II - uma nativa de francês; e Grupo III - uma nativa de português brasileiro.  O instrumento de coleta articulatória consistiu em um teste de produção de logatomas em frase-veículo. As coletas foram realizadas na cabine acústica do Laboratório Emergência da Linguagem Oral (LELO/UFPel). Para a coleta e análise dos dados articulatórios, foi utilizado o software Articulate Assistant Advanced (AAA), versão 2.16.11. A análise dos segmentos dos dois grupos de nativas constatou que: (i) para diferenciar o segmento nasal do oral, a nativa do francês posterioriza seus movimentos de língua, já a do português, eleva-os. Quanto aos dados das aprendizes, foi possível constatar: (i) generalização dos gestos de língua da informante do 2º semestre para as três vogais nasais do FR e (ii) distinção vocálica acurada da informante do 8º. Ainda, a ultrassonografia demonstrou ser uma ferramenta promissora para a realização de pesquisas acerca da nasalidade, evidenciando diferenças estatísticas significativas nos movimentos de língua entre os segmentos orais e nasais.

Biografia do Autor

Bruna Teixeira Correa, UFPEL

Mestre em Letras pela Universidade Federal de Pelotas, Professora Substituta da Universidade Federal de Pelotas

Giovana Ferreira Gonçalves, Universidade Federal de Pelotas

Mestre em Letras pela Universidade Federal de Pelotas, Professora Substituta da Universidade Federal de Pelotas

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Publicado

2017-09-22

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Artigos