Efeitos de Interferência Baseada em Semelhanças no Processamento Anafórico de Brasileiros Falantes de Inglês como L2
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-8026.2023.e94525Palavras-chave:
Interferência baseada em semelhanças, Processamento anafórico, Interferência de Recuperação, BilinguismoResumo
O objetivo deste artigo é investigar como ocorre o processamento anafórico por brasileiros falantes de inglês como L2, buscando descobrir se estes sujeitos se guiam pela sintaxe desde o momento inicial do processamento, ou se fazem uso de informações de outras naturezas, especialmente semântico-lexicais, para identificar o possível antecedente das anáforas. Para isto, realizamos um experimento de leitura automonitorada, que mostrou diferenças entre os sujeitos de nível de proficiência intermediário e os avançados. No primeiro grupo, houve uma facilitação da leitura quando os traços de gênero de ambos os antecedentes combinavam com o traço de gênero da anáfora. Já para os avançados, os resultados indicaram que este grupo tem a leitura facilitada quando ao menos um dos antecedentes combina com o traço de gênero da anáfora. Tais resultados são consistentes com modelos de processamento em L2 que defendem um acesso incompleto à sintaxe, dando prioridade à utilização de informações de natureza semântico-lexical e pragmática para a resolução anafórica (CLAHSEN & FELSER, 2006, 2017). Além disso, apesar de não se encaixar perfeitamente em nenhum modelo de interferência na memória de trabalho baseado em semelhanças, os resultados são indicativos de propostas que tratam sobre interferência na recuperação da memória de trabalho
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