O Mundo de Oz de L. Frank Baum: conto de fadas modernizado, utopia norte-americana ou alta fantasia avant la lettre?

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DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8026.2021.e76109

Resumo

Na introdução de O Maravilhoso Mágico de Oz (1900), L. Frank Baum declara sua intenção de inaugurar um novo tipo de conto de fadas, ao mesmo tempo mais moderno e mais americano. O resultado de seu projeto se traduz pela criação de um universo complexo, que se expande ao longo de treze sequências e obras derivadas, alcançando imenso sucesso midiático. Desde então, muito se especula sobre o gênero ou modo narrativo ao qual a série de Oz se enquadra, pois, embora Baum a aponte como um conto de fadas, e, portanto, associado ao maravilhoso, logo sua obra foi lida como uma utopia norte-americana e como uma precursora da fantasia. A partir desse contexto e de tais questionamentos, o presente estudo propõe uma leitura do universo criado por Baum buscando elementos dessas três categorias para entender seu lugar no cânone da fantasia, ao mesmo tempo em que procura entender a importância do uso de mapas na construção de mundos secundários, elemento que ao longo do século XX se popularizou em obras dessa vertente.

Biografia do Autor

Bruno Anselmi Matangrano, Universidade de São Paulo - USP

Doutor em Letras (Literatura Portuguesa) pela Universidade de São Paulo (USP, 2019), Mestre em Letras (Literatura Portuguesa) (USP, 2013), Bacharel em Letras (Português-Francês) (USP, 2011). Membro do Grupo de Pesquisa "Poem - Poéticas e Éticas da Modernidade" (USP), do "LEPEM - Laboratório de Estudos de Poéticas e Ética na Modernidade" (USP), do grupo Nós do Insólito - vertentes da ficção, da teoria e da crítica" (UERJ) e do LÉA-Lire en Europe Aujourd'hui, rede de pesquisa internacional da Universidade de Lisboa (FLUL, Portugal). Autor de diversos artigos relativos às vertentes do insólito ficcional e dos livros "Contos para uma Noite Fria" (Llyr Editorial, 2014) e "Fantástico Brasileiro: o insólito literário do romantismo ao fantasismo", com Enéias Tavares (Arte e Letra).

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Publicado

2021-01-28

Edição

Seção

Contextos literários: releituras e intertextos