Uma abordagem para estudos críticos do discurso sobre saúde mental

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8026.2022.e86238

Palavras-chave:

Estudos críticos do discurso, Saúde Mental, Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, Nueropolítica, Discurso judicial

Resumo

Neste artigo, apresento uma proposta metodológica para os estudos críticos do discurso sobre saúde mental. Partindo de princípios dos Estudos Críticos do Discurso (Flowerdew & Richardson, 2018; van Leeuwen, 2008; 2007) e da Sociologia da Saúde (Caponi, 2014; Martinez-Hernaez, 2014; Mitjavila, 2015; Rose & Abi-Rached, 2014), apresento uma breve contextualização dos Estudos Críticos do Discurso e estabeleço relações entre este campo e estudos em saúde mental. Na sequência, apresento uma proposta metodológica dividida em 8 etapas focadas na investigação de práticas sociais envolvendo saúde mental. Estas etapas são então aplicadas à análise de uma decisão judicial produzida pelo Superior Tribunal de Justiça no Brasil, envolvendo o diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. A análise revela que o TDAH tem uma função neuropolítica e que a autoridade relacionada ao diagnóstico está concentrada apenas no saber médico, embora não apresente marcadores biológicos.

Biografia do Autor

Pedro Gustavo Rieger, Universidade Federal de Alagoas

Professor adjunto na licenciatura em Letras Inglês da Universidade Federal de Alagoas. Graduação em Letras Inglês, Mestrado em Inglês: Estudos Linguísticos e Literários, e Doutorado em Inglês: Estudos da Linguagem (PPGI/UFSC). Membro do Núcleo de Estudos de Gênero através da Linguagem (DLLE/UFSC). Áreas de atuação: estudos críticos do discurso; linguagem e saúde; linguagem e gênero; ensino-aprendizagem de língua inglesa; escrita criativa. E-mail para contato: pedro.rieger@fale.ufal.br

Referências

American Psychiatric Association (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed.). Washington, DC: Author.

Agency for Health Care Research and Quality (2011). Effective Health Care Program: Comparative Effectiveness Review, 44.

Brasil. Superior Tribunal de Justiça. Apelação Cível HC 388920. Ementa: HABEAS CORPUS CONTRA DECISÃO QUE INDEFERIU PEDIDO LIMINAR NA ORIGEM. ECA. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO (ESTUPRO DE VULNERÁVEL E LESÃO CORPORAL COM RESULTADO MORTE). PLEITO DE EXTINÇÃO. NECESSIDADE DE AVALIAÇÃO MÉDICA.

Brasil (2015). Fórum sobre medicalização da educação e sociedade: Recomendações de práticas não medicalizantes para profissionais e serviços de educação e saúde. Conselho Federal de Psicologia. Brasília, DF.

Brasil (2015). Recomendação 19/2015 do Conselho Nacional de Saúde. Brasília, DF.

Brasil (2015). Recomendações do Ministério da Saúde para adoção de práticas não medicalizantes e para a publicação de protocolos municipais e estaduais de dispensação de metilfenidato para prevenir a excessiva medicalização de crianças e adolescentes. Ministério da Saúde. Brasília, DF.

Brasil (2022). Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Ministério da Saúde. Brasília, DF. Retrieved in July 7, 2022 from:

http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2022/20220311_Relatorio_CP_03_PCDT_TDAH.pdf

Caponi, S.; Brzozowski, F. (2012). Determinismo biológico e as neurociências no caso do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade. Rio de Janeiro: Revista de Saúde Coletiva, 22, 941–961.

Caponi, S. (2014). O DSM–V como dispositivo de segurança. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 24(3), 741–763.

Caponi, S. (2015). VIGIAR E MEDICAR: O DSM–5 E OS TRANSTORNOS UBUESCOS NA INFÂNCIA. In: Caponi, Sandra (org) Vigiar e medicar: Estratégias de medicalização da infância. Editora LiberArs Ltda.

Conrad, P. (2007). The medicalization of society: On the transformation of human conditions into treatable disorders. Baltimore: Johns Hopkins University Press.

Fairclough, N. (1985). Critical and descriptive goals in discourse analysis. Journal of Pragmatics, 9, 739-763.

Fairclough, N. (2001). Critical discourse analysis as a method in social scientific research. In: Wodak, R., & Meyer, M. (2001). Methods of critical discourse analysis. London: SAGE, 121-138.

Fairclough, N. (2018). CDA as dialectical reasoning. In: Flowerdew, J.; Richardson, J. E. (2018). The Routledge handbook of critical discourse studies. Milton Park, Abingdon, Oxon: Routledge.

Feeley, M.; Simon, J. (1992). "The new penology: notes on the emerging strategy of corrections and its implications". Criminology, 30 (4), 449-474.

Flowerdew, J.; Richardson, J. E. (2018). The Routledge handbook of critical discourse studies. Milton Park, Abingdon, Oxon: Routledge.

Kemshall, H. (2006). "Crime and risk". In: Taylor-Gooby, P.; Zinn, J. (orgs). Risk in social science. Oxford, Oxford University Press.

Martínez-Hernáez, A. (2014). LA CEREBRALIZACIÓN DE LA AFLICCIÓN. NEURONARRATIVAS DE LOS CONSUMIDORES DE ANTIDEPRESIVOS EN CATALUÑA; In: PERIFERIAS, FRONTERAS Y DIÁLOGOS: Actas del XIII Congreso de Antropología de la Federación de Asociaciones de Antropología del Estado Español. Universitat Rovira i Virgili, 4345–4355.

Mitjavila, M. (2015). Medicalização, risco e controle social. Tempo Social, 27(1), 117–137.

Rieger, P. G. (2019). NEURONARRATIVES, NEUROPOLITICS AND THE PHARMACEUTICALISATION OF MENTAL HEALTH: CONNECTING THE DOTS IN THE JUDICIAL DISCOURSE ABOUT ATTENTION DEFICIT AND HYPERACTIVITY DISORDER. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Santa Catarina.

Rose, N.; Abi–Rached, J. M. (2014). Governing through the brain: Neuropolitics, Neuroscience and Subjectivity. Cambridge Anthropology, 32(1), 3–23.

van Leeuwen, T. (2008). Discourse and practice: New tools for critical discourse analysis. Oxford: Oxford University Press.

Wodak, R.; Meyer, M. (2001). Methods of critical discourse analysis. London: SAGE.

World Health Organization (2005). Promoting Mental Health: Concepts, emerging evidence and practice. Geneva, World Health Organization.

World Health Organization (2001). The World Health Report 2001. Mental Health. New Understanding. New Hope. Geneva, World Health Organization.

Publicado

2022-09-27