Uma análise discursiva crítica da representação das mulheres e do aborto na Revista Azmina

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8026.2022.e86237

Palavras-chave:

Análise de Discurso Crítica, Mulheres, Aborto, Jornalismo, Revista AzMina

Resumo

Neste artigo, investigamos como o aborto e as mulheres que abortaram são representados discursivamente na prática jornalística. Dentre as várias facetas da temática, discutiremos, neste trabalho, a prática legal ou despenalizada no Brasil. Para isso, selecionamos sete reportagens da Revista AzMina, um veículo independente de jornalismo digital. Empreendemos uma análise fundamentada teórico-metodologicamente na Análise de Discurso Crítica (ADC) (FAIRCLOUGH, 2001, 2003, 2013). Os resultados apontam que o aborto é representado como campo de disputa jurídica, em certos momentos é legal, em outros, ilegal, e isso depende completamente de decisões que vão além das que as próprias mulheres podem tomar. As reportagens da AzMina visam ora a orientação sobre direitos, ora a humanização da temática ao apresentá-la a partir de vozes de mulheres envolvidas nessa prática.

Biografia do Autor

Bianca Mara Guedes de Souza, Universidade Federal de Uberlândia

Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Mestra em Estudos Linguísticos (2022). Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (2017). É membro fundador e agora colaboradora na Conexões - Agência de Notícias de Políticas, Ciências e Educação e do Luminar - Observatório de Mídia e Políticas Públicas. Durante a graduação foi bolsista do programa Jovens Talentos para a Ciência 2014 e bolsista da FAPEMIG no projeto de pesquisa "Políticas Sociais em Pauta - Mapeamento, monitoramento da cobertura e criação de Agência de Notícias para a mídia de Uberlândia/MG". Membro do Grupo de Pesquisas e estudos em Análise de Discurso Crítica e Linguística Sistêmico Funcional, da UFU, cadastrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq.

Maria Aparecida Resende Ottoni, Universidade Federal de Uberlândia

MARIA APARECIDA RESENDE OTTONI possui graduação em Letras - Português/Inglês pela Universidade Federal de Uberlândia (1988), mestrado em Linguística pela Universidade Federal de Uberlândia (1999) e doutorado, também em Linguística, área de concentração Linguagem e Sociedade, pela Universidade de Brasília (2007). Fez um estágio de doutoramento na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e estágio de pós-doutoramento na Universidade de Brasília. Atualmente, é professora associada do Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). É pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos (PPGEL/UFU), orientando na linha de pesquisa Linguagem, sujeito e discurso, e do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS/UFU), orientando na linha de pesquisa Estudos da Linguagem e Práticas sociais. É líder do Grupo de Pesquisas e Estudos em Análise de Discurso Crítica e Linguística Sistêmico-Funcional, membro do Núcleo de Estudos de Linguagem e Sociedade (NELiS/Ceam/UnB) e do GT Gêneros textuais/discursivos da ANPOLL. Seu trabalho é voltado para a Análise de Discurso Crítica, letramento, gêneros do discurso, identidades e ensino de Língua Portuguesa.

Referências

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 2. ed. Tradução de Maria Ermantina Galvão G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BARROCO, Maria Lúcia da S. Direitos humanos, neoconservadorismo e neofascismo no Brasil contemporâneo. Serviço Social & Sociedade, n. 143, p. 12-21, 2022. DOI: https://doi.org/10.1590/0101-6628.268

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Atenção humanizada ao abortamento - norma técnica. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em: https://catarinas.info/wp-content/uploads/2018/04/atencao_humanizada_abortamento_norma_tecnica_2ed.pdf. Acesso em 30 set. 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.282, de 27 de agosto de 2020. Dispõe sobre o Procedimento de Justificação e Autorização da Interrupção da Gravidez nos casos previstos em lei, no âmbito do Sistema Único de Saúde-SUS. Diário Oficial da União. Brasília, 2020a. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-2.282-de-27-de-agosto-de-2020-274644814. Acesso em: 12 dez. 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.561, de 23 de setembro de 2020. Dispõe sobre o Procedimento de Justificação e Autorização da Interrupção da Gravidez nos casos previstos em lei, no âmbito do Sistema Único de Saúde-SUS. Diário Oficial da União. Brasília, 2020b. Disponível em https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-2.561-de-23-de-setembro-de-2020-279185796. Acesso em: 12 dez. 2022.

CORRÊA, Sônia. “Saúde Reprodutiva”, Gênero e Sexualidade: legitimação e novas interrogações. In: GIFFIN, Karen; COSTA, Sarah Hawker (Orgs.). Questões da saúde reprodutiva. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1999. p. 39-50.

CORRÊA, Sônia; ALVES, José E. D.; JANNUZZI, Paulo M. Direitos e saúde sexual e reprodutiva: marco teórico-conceitual e sistema de indicadores. In: CAVENAGHI, S. (Org.). Indicadores municipais de saúde sexual e reprodutiva. Rio de Janeiro: ABEP, Brasília: UNFPA, 2006. p. 27-62.

DEL PRIORE, Mary. Conversas e histórias de mulher. São Paulo: Planeta, 2013.

DINIZ, Débora; MADEIRO, Alberto; ROSAS, Cristião. Conscientious Objection, Barriers, and Abortion in the Case of Rape: A Study Among Physicians in Brazil. Reproductive Health Matters, v. 22, n. 43, p. 141-148, 2014. DOI: https://doi.org/10.1016/S0968-8080(14)43754-6

DINIZ, Débora; MEDEIROS, Marcelo; MADEIRO, Alberto. Pesquisa Nacional de Aborto 2016. Ciência & Saúde Coletiva, v. 22, n. 2, p. 653-660, 2017. DOI: https://doi.org/10.1590/1413-81232017222.23812016

FAIRCLOUGH, Norman. Discurso e Mudança Social. Coordenação da Tradução de Izabel Magalhães. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 2001.

FAIRCLOUGH, Norman. Analysing Discourse: Textual Analysis for Social Research. Londres: Routledge, 2003.

FAIRCLOUGH, Norman. Critical Discourse Analysis: The Critical Study of Language. 2. ed. Londres: Routledge, 2013.

FEDERICI, Silvia. Calibã e a Bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. Tradução de Coletivo Sycorax. São Paulo: Elefante, 2017.

FUZER, Cristiane; CABRAL, Sara R. S. Introdução à Gramática Sistêmico-Funcional em Língua Portuguesa. Campinas: Mercado de Letras, 2014.

GERHARDT, Tatiana E. et al. Estrutura do projeto de pesquisa. In: GERHARDT, Tatiana. E.; SILVEIRA, D. T. (Orgs.). Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. p. 65-88.

LACERDA, Daniela. O jornalismo digital no Brasil e a busca da identidade perdida. 2016. 121 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação). Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2016.

LOUZADA, Gabriela Rondon Rossi. Constitucionalismo agonístico: a questão do aborto no brasil. 2020. 127 f. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Direito, Universidade de Brasília, Brasília, 2020.

MAGALHÃES, Izabel; MARTINS, André R.; RESENDE, Viviane M. Análise de Discurso Crítica: um método de pesquisa qualitativa. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 2017.

MENEZES, Antonio S. Jornalismo de resistência: apropriação das estratégias discursivas do campo midiático pela revista sem terra. 2010. 155 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação). Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2010.

O’DONNELL, Mick. UAM Corpus Tool. Versão 3.3, 2019. Disponível em: http://www.corpustool.com/download.html. Acesso em:10 jan. 2020.

RAMALHO, Viviane C. V. S.; RESENDE, Viviane de M. Análise de discurso (para a) crítica: O texto como material de pesquisa. v. 1. Campinas: Pontes, 2011.

REVISTA AZMINA. Disponível em: https://azmina.com.br/. Acesso em: 10 jun. 2021.

ROHDEN, Fabíola. A arte de enganar a natureza: contracepção, aborto e infanticídio no início do século XX. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2003.

ROSAS, Cristião; PARO, Helena B. M. S. Serviços de atenção ao aborto previsto em lei: desafios e agenda no Brasil. Brasília: Cfemea, 2021.

SILVEIRA, Denise T.; CÓRDOVA, Fernanda P. A pesquisa científica. In: GERHARDT, Tatiana E.; SILVEIRA, Denise T. (Orgs.). Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. p. 31-41.

SOUZA, Bianca Mara G. de. Vozes hegemônicas e vozes insurgentes: uma análise discursiva crítica sobre a representação do aborto na mídia. 2022. 173f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2022. DOI: http://doi.org/10.14393/ufu.di.2022.61

TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo. Volume II - A tribo jornalística: uma comunidade interpretativa transnacional. Florianópolis: Insular, 2005.

VARGAS, Mateus. Ministro da Saúde demite autores de nota distorcida por Bolsonaro que cita aborto legal. Estadão. São Paulo, 05 jun. 2020. Saúde, p. 1-5. Disponível em: https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,ministro-da-saude-demite-autores-de-nota-distorcida-por-bolsonaro-que-cita-aborto-legal,70003326035. Acesso em: 02 nov. 2021.

VENTORASSI, Andréa; OLIVEIRA, Dijaci D.; BENEVIDES, Rubens F. Direitos Humanos no Brasil: os ataques às humanidades no governo Bolsonaro. Revista Humanidades e Inovação, v.7, n.20, p. 400-417, 2020.

VIRGILIO, Bianca di; GELBES, Silvia Ramirez. Víctimas o filicidas: La mujer que aborta y el debate parlamentario argentino. Discurso & Sociedad, v. 15, n. 4, p. 950-983, 2021.

WOITOWICZ, Karina Janz; PEDRO, Joana Maria. Feminismo e ativismo midiático: o jornalismo como estratégia de ação política. In: Fazendo Gênero: Diásporas, Diversidades, Deslocamentos, 9, 2010, Florianópolis. Anais...Florianópolis, SC: Universidade Federal de Santa Catarina, 2010.

Reportagens analisadas

BERTHO, Helena. Como é feito um aborto seguro?. Revista AzMina, 18 set. 2019, Saúde e Sexo. Disponível em: https://azmina.com.br/reportagens/como-e-feito-um-aborto-seguro/. Acesso em 04 jun. 2021.

BERTHO, Helena. Elas iam abortar fora do Brasil, mas a pandemia impediu. Revista AzMina, 13 mai. 2020, Saúde e Sexo. Disponível em: https://azmina.com.br/reportagens/elas-iam-abortar-fora-do-brasil-mas-a-pandemia-impediu/. Acesso em 11 jun. 2021.

BERTHO, Helena. Principal hospital de aborto legal de SP interrompe o serviço na crise do coronavírus. Revista AzMina, 26 mar. 2020, Saúde e Sexo. Disponível em: https://azmina.com.br/reportagens/aborto-legal-sao-paulo-interrompe-servico-crise-coronavirus/. Acesso em 11 jun. 2021.

BERTHO, Helena; SANTANA, Jamille. Tortura em nome de Deus? Justiça condena padre por impedir aborto legal. Revista AzMina, 28 set. 2020, Saúde e Sexo. Disponível em: https://azmina.com.br/reportagens/tortura-em-nome-de-deus-justica-condena-padre-por-impedir-aborto-legal/ Acesso em 11 jun. 2021.

FERREIA, Letícia; SILVA, Vitória R. Só 55% dos hospitais que faziam aborto legal seguem atendendo na pandemia. Revista AzMina, 02 jun. 2020, Saúde e Sexo. Disponível em: https://azmina.com.br/reportagens/so-55-dos-hospitais-que-faziam-aborto-legal-seguem-atendendo-na-pandemia/. Acesso em: 11 jun. 2021.

LIBÓRIO, Bárbara. Só um PL propôs a descriminalização do aborto no Brasil na última década. Revista AzMina, 30 jun. 2020, Política. Disponível em: https://azmina.com.br/reportagens/so-um-pl-propos-a-descriminalizacao-do-aborto-no-brasil-na-ultima-decada/. Acesso em: 11 jun. 2021.

RODRIGUES, Suzana. Aborto legal: entenda quando é permitido interromper a gravidez no Brasil. Revista AzMina, 13 mai. 2020, Saúde e Sexo. Disponível em: https://azmina.com.br/reportagens/aborto-legal-quando-e-permitido-interromper-a-gravidez-no-brasil/. Acesso em 11 jun. 2021.

Downloads

Publicado

2022-09-27