O que são estudos de gênero: caracterização da produção científica autodenominada estudos de gênero em uma base de dados multidisciplinar e internacional
DOI:
https://doi.org/10.5007/1518-2924.2020.e71677Palabras clave:
Estudos de gênero, Produção científica, Bibliometria, Web of Science, Gênero, CientometriaResumen
Objetivo: Caracterizar qual é a pesquisa que se intitula como “estudos de gênero” em uma base de dados multidisciplinar e internacional, apontando também as possibilidades e as limitações no uso desse tipo de base de dados.
Método: A pesquisa apresenta um estudo exploratório com análise bibliométrica da produção científica autodenominada estudos de gênero, indexada na Web of Science e publicada até o ano de 2017.
Resultados: Os resultados refletem a história da área, com documentos identificados na base desde 1981 e crescendo até os últimos anos. Aponta a diversidade de disciplinas que pesquisam estudos de gênero, especialmente as ligadas às ciências humanas e sociais, mas também áreas como ciências da saúde e medicina. O número de publicações aumentou desde os anos 90, bem como a interdisciplinaridade, visto que houve aumento de disciplinas passando a publicar sobre (ou com abordagem de) estudos de gênero. A análise comparando diferentes períodos demonstra o seguinte: um aumento de publicações em coautoria; diferentes disciplinas e áreas do conhecimento ingressando nos estudos de gênero; periódicos mais gerais e multidisciplinares publicando estudos da área e também aumento de periódicos especializados em estudos de gênero. Também identifica impacto importante de trabalhos de evento e dispersão de veículos de publicação. Os EUA e países europeus são os mais produtivos, no entanto, Brasil, Argentina e Austrália se destacam por possuir algumas das instituições e fontes de publicação mais produtivas. A análise de termos aponta para pesquisas relacionadas à educação e ensino, assim como a importância de tópicos de influência pós-estruturalista. Pesquisas relacionadas à masculinidade e à sexualidade parecem ser emergentes na área, no entanto, os artigos sobre sexualidade são mais raros, enquanto palavras como masculino e masculinidade aparecem nos termos mais frequentes e nas publicações com mais citações. Os assuntos e termos das publicações também sugerem que os estudos de gênero, como seria de esperar, estão acompanhando as temáticas dos movimentos feministas.
Conclusões: A produção científica de estudos de gênero indexada na Web of Science demonstra a consolidação da área ao longo dos anos e seu reconhecimento entre os campos do conhecimento científico à medida que diferentes disciplinas passaram a publicar na área. Apesar de muitas características interessantes e pertinentes terem sido levantadas, a cobertura da base de dados para esse tipo de pesquisa é limitada. A qualidade dos dados também é uma limitação, visto que campos dos registros de dados estavam ausentes, especialmente ema documentos das ciências humanas e sociais. Por fim, sugerimos o uso de termos adicionais em pesquisas futuras.
Descargas
Citas
BUTLER, Judith. Bodies that matter: on the discursive limits of “sex”. New York: Rotledge, 1993.
BUTLER, Judith. O gênero é uma instituição social mutável e histórica. Revista do Instituto Humanitas Unisinos, v. 6, n. 199, 2006.
CLARIVATE ANALYTICS. Scope notes. 2017a.
CLARIVATE ANALYTICS. Web of Science Core Collection: list of field tags in output. 2017b.
CLARIVATE ANALYTICS. Searching document type field. 2017c
CLARIVATE ANALYTICS. InCites Journal Citation Reports [2017]. 2017d.
CLARIVATE ANALYTICS. Pesquisando no campo tópico. 201a.
CONWAY, Jill K.; BOURQUE, Susan C.; SCOTT, Joan W. Introduction: the concept of gender. Daedalus, v. 116, n. 4, p. 21–30, 1987.
CROSS, Di; THOMSON, Simon; SIBCLAIR, Alexandra. Research in Brazil: a report for CAPES by Clarivate Analytics. [s. l.]: Clarivate Analytics, 2018.
FOUCAULT, Michel. Histoire de la sexualité: la volonté de savoir. Paris: Gallimard, 1976.
FREEDMAN, Estelle B. No turning back: the history of feminism and the future of women. New York: Ballantine Books, 2003.
HARAWAY, Donna. “Gender” for a marxist dictionary: the sexual politics of a word. In: Women, gender, religion: a reader. New York: Palgrave Macmillan, 2001. p. 49-75.
HOPPEN, Natascha Helena Franz; SOUZA, Cláudia Daniele De; DE FILIPPO, Daniela; VANZ, Samile Andréa de Souza; SANZ-CASADO, Elías. Brazilian neurosciences research areas: a bibliometric analysis from 2006 to 2013. Informação e Sociedade, João Pessoa, v. 26, n. 3, p. 95–104, 2016.
HUANG, Mu-hsuan; CHANG, Yu-wei. Characteristics of research output in social sciences and humanities: From a research evaluation perspective. Journal of the American Society for Information Science and Technology, New York, v. 59, n. 11, p. 1819–1828, 2008.
LOURO, Guacira Lopes. Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
MEADOWS, Arthur Jack. A comunicação científica. Brasília: Briquet de Lemos, 1999.
MENDLOWICZ, Mauro Vitor; COUTINHO, Evandro Silva Freire; LAKS, Jerson; FONTENELLE, Leonardo Franklin; VALENÇA, Alexandre Martins; BERGER, William;
FIGUEIRA, Ivan; AGUIAR, Gláucia Azambuja De. Is there a “gender gap” in authorship of the main Brazilian psychiatric journals at the beginning of the 21st century? Scientometrics, Dordrecht, v. 86, n. 1, p. 27–37, 2011.
MICELI, Sérgio. A Fundação Ford e os cientistas sociais no Brasil, 1962-1992. In: MICELI, Sérgio (Ed.). Histórias das Ciências Sociais no Brasil. São Paulo: Sumaré, 1995. v. 2p. 341–396.
MONGEON, Philippe; PAUL-HUS, Adèle. The journal coverage of Web of Science and Scopus: a comparative analysis. Scientometrics, Hoboken, v. 106, n. 1, p. 213–228, 2016.
MOZAFFARIAN, Mehrnoush; JAMALI, Hamid R. Iranian women in science: a gender study of scientific productivity in an Islamic country. Aslib Proceedings, Bingley, v. 60, n. 5, p. 463–473, 2008.
NIELSEN, Mathias W. Limits to meritocracy? Gender in academic recruitment and promotion processes. Science and Public Policy, Oxford, v. 43, n. 3, p. 386–399, 2016.
PAN, Len; KALINAKI, Elizabeth. Mapping gender in the German research arena: a report conducted by Elsevier. [S.l.]: Elsevier, 2015.
PISCITELLI, Adriana. Gênero: a história de um conceito. In: ALMEIDA, Heloísa Albuquerque De; SZWAKO, José Eduardo (Eds.). Diferenças, igualdade. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2009. p. 116–148.
RUBIN, Gayle. O tráfico de mulheres: notas sobre a “economia política” do sexo. Recife: SOS Corpo, 1993.
RUBIN, Gayle. Thinking sex: notes for a radical theory of the politics of sexuality. In: Culture, society and sexuality: a reader. London: UCL Press, 1999. p. 143–178.
SCOTT, Joan W. Gender: a useful category of historical analysis. The American Historical Review, Bloomington, v. 91, n. 5, p. 1053–1075. 1986.
SCOTT, Joan W. The uses and abuses of gender. Tijdschrift voor Genderstudies, Amsterdam, v. 16, n. 1, p. 63–77, 2013.
SILVA, Susana Veleda da. Os estudos de gênero no Brasil: algumas considerações. Biblio 3W: revista bibliográfica de geografía y ciencias sociales, Barcelona, v. 5, n. 262, 2000.
SÖDERLUND, Therese; MADISON, Guy. Characteristics of gender studies publications: a bibliometric analysis based on a Swedish population database. Scientometrics, Dordrecht, v. 105, n. 3, p. 1347–1387, 2015.
VANZ, Samile Andréa de Souza. As redes de colaboração científica no Brasil (2004-2006). 2009. Tese (Doutorado em Comunicação e Informação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.
VIEIRA, Ana Sara; COELHO, Ana Júlia; MIQUELINO, Ana Sofia; CALADO, Pedro. Faces de Eva: uma análise bibliométrica. Faces de Eva: estudos sobre a mulher, Lisboa, n. 36, p. 34–60, 2016.
WEBSTER, Berenika M. Polish women in science: a bibliometric analysis of Polish science and its publications, 1980–1999. Research Evaluation, Oxford, v. 10, n. 3, p. 185–194, 2001.
WEEKS, Jeffrey. O corpo e a sexualidade. In: LOURO, Guacira Lopes (Ed.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2015. p. 35–82.
WUCHTY, Stefan; JONES, Benjamin F.; UZZI, Brian. The increasing dominance of teams in production of knowledge. Science, v. 316, n. 5827, p. 1036–1039, 2007.
ZIJLSTRA, Iris. The turbulent evolution of homosexuality: from mental illness to sexual preference. Social Cosmos, Utrecht, v. 5, n. 1, p. 29–35, 2014.
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2020 Natascha Helena Franz Hoppen, Samile Andrea de Souza Vanz
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
El autor debe garantizar:
que existe un consenso total de todos los coautores para aprobar la versión final del documento y su presentación para su publicación.
que su trabajo es original, y si se han utilizado el trabajo y / o las palabras de otras personas, estos se han reconocido correctamente.
El plagio en todas sus formas constituye un comportamiento editorial poco ético y es inaceptable. Encontros Bibli se reserva el derecho de utilizar software o cualquier otro método para detectar plagio.
Todas las presentaciones recibidas para su evaluación en la revista Encontros Bibli: revista electrónica de biblioteconomía y ciencias de la información pasan por la identificación del plagio y el auto-plagio. El plagio identificado en los manuscritos durante el proceso de evaluación dará como resultado la presentación de la presentación. En el caso de identificación de plagio en un manuscrito publicado en la revista, el Editor en Jefe llevará a cabo una investigación preliminar y, si es necesario, la retractará.
Esta revista, siguiendo las recomendaciones del movimiento de Acceso Abierto, proporciona su contenido en Acceso Abierto Completo. Por lo tanto, los autores conservan todos sus derechos, permitiendo a Encontros Bibli publicar sus artículos y ponerlos a disposición de toda la comunidad.
Los contenidos de Encontros Bibli están licenciados bajo Licencia Creative Commons 4.0.
Cualquier usuario tiene derecho a:
- Compartir: copiar, descargar, imprimir o redistribuir material en cualquier medio o formato
- Adaptar: mezclar, transformar y crear a partir del material para cualquier propósito, incluso comercial.
De acuerdo con los siguientes términos:
- Atribución: debe otorgar el crédito apropiado, proporcionar un enlace a la licencia e indicar si se han realizado cambios. Debe hacerlo bajo cualquier circunstancia razonable, pero de ninguna manera sugeriría que el licenciante lo respalde a usted o su uso.
- Sin restricciones adicionales: no puede aplicar términos legales o medidas tecnológicas que restrinjan legalmente a otros de hacer cualquier cosa que permita la licencia.