Relação Museu Escola: Influências da Escola nas Abordagens Museais
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7941.2020v37n2p971Resumo
Os Museus de Ciências são considerados espaços educativos com particularidades que aproximam suas perspectivas das políticas públicas de difusão e popularização das ciências. Mas, em países como o Brasil onde a cultura de visitação a Museus de Ciências não é muito forte, constata-se uma grande concentração de visitantes pertencentes ao grupo dos professores e estudantes da educação básica, dificultando a aproximação dos museus com o público em geral. Este fato tem atraído a atenção de alguns pesquisadores e favorecido a consolidação de estudos e pesquisas com interesse na relação Museu-Escola. Neste artigo apresentamos os resultados de uma pesquisa que objetivou investigar a relação Museu-Escola considerada a perspectiva da influencia que o público escolar pode exercer nas atividades museais. Desenvolvida no contexto do Museu Vivo da Ciência e do Espaço Energia em Campina Grande/PB a pesquisa de natureza qualitativa partiu da hipótese de um possível processo de escolarização dos museus e, a partir de entrevistas semiestruturadas orientadas aos coordenadores e monitores dos referidos espaços, procurou identificar traços característicos dessa influência e, ao mesmo tempo, discutir as implicações que esse processo pode causar naqueles espaços educativos. Os resultados apontaram que a presença de um público majoritariamente escolar introduz modificações nos discursos dos monitores e coordenadores, de modo que os Museus de Ciências, teoricamente orientados para atrair e dialogar com o público em geral, terminam por adequar o seu discurso, as suas práticas e a estrutura de funcionamento, aos sistemas formais de educação.
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