Chamada para seção temática/2017 - O “Novo” Ensino Médio: há lugar para a Educação Física?

2016-10-23

Recebimento via plataforma da revista até 30/abril/2017.

 Ementa:

A medida provisória 746/2016, remetida ao Congresso Nacional, impõe uma série de alterações na legislação educacional brasileira, sob a justificativa de criar o “novo” ensino médio ou ensino médio de tempo integral.

A começar pela forma usada, notadamente autoritária, a medida provisória vem causando inúmeras manifestações de repúdio e críticas de educadores, estudantes, pesquisadores, entidades científicas (como a ANPED, a SBPC, o CBCE) e movimentos sociais. São muitos os pontos do documento que, de fato, projetam uma tendência neoliberal para o ensino médio, propondo uma formação cada vez menos humanista (Sociologia, Filosofia e Artes deixariam de ser obrigatórias, por exemplo) e cada vez mais instrumental, com vistas à inserção precária e precarizada (porque terceirizada, já que o projeto de terceirização também avança no congresso nacional) dos jovens no mercado de trabalho.

Também na linha de fogo da medida provisória, a Educação Física igualmente deixaria de ser obrigatória, ao menos em parte do ensino médio, mesmo com a previsão do aumento progressivo da carga horária para atingir as metas de escolas de tempo integral prevista no Plano Nacional de Educação. Em paralelo a essa discussão político-legal e pedagógica mais geral, que é imprescindível e inadiável, acreditamos que este é um momento oportuno também para que a Educação Física reflita sobre o seu papel no ensino médio: o que vimos fazendo e o que propomos para a formação da juventude no que tange às práticas corporais? 

Há algum tempo, Bracht [BRACHT, Valter. Saber e fazer pedagógicos: acerca da legitimidade da Educação Física como componente curricular. In: CAPARRÓZ, Francisco (org.). Educação Física escolar: política, investigação e intervenção. Vitória: PROTEORIA, 2001] apontou a “orfandade da Educação Física escolar”, à medida que se esgotou a sua contribuição histórica para a consolidação do projeto liberal-burguês. E faz uma pergunta-chave que cabe agora de maneira especial à nossa presença (ou não) no ensino médio: “como é possível encontrar ou construir fundamentos para justificar a Educação Física no currículo escolar [do ensino médio] hoje?” (p.69).

Essa é a pergunta que fazemos aos pesquisadores da área, como chamamento para seção temática que integrará uma das edições da Motrivivência em 2017.