Cadê o viado que tava aqui? O preconceito e a discriminação excluíram da quadra de aula
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-8042.2020e73577Resumo
O presente artigo teve como vocação verificar se o tema homossexualidade é problematizado nas aulas de Educação Física, e qual o trabalho desenvolvido pelo professor de Educação Física frente aos alunos homoafetivos. Para tanto, nos apropriamos dos pressupostos teóricos e metodológicos da pesquisa qualitativa do tipo descritiva.Utilizamos a entrevista semiestruturada que foi realizada com 10 (dez) professores de Ed. Física que desenvolvem suas atividades docentes em escolas públicas estaduais da cidade de Teresina – PI. Os dados coletados foram submetidos à análise clássica de conteúdos proposta por Bardin (2011), com a finalidade de sintetização de categorias de análises. Da análise das falas dos depoentes, foi possível extrair quatro categorias de análise: O homoafetivo invisível nas aulas de Educação Física; A homoafetividade como discurso da recusa; A igualdade que descaracteriza o homoafetivo nas aulas de Educação Física e As escolas de muitos e as aulas de algunspoucos. Encontramos, nas escolas, educadores que se dizem (e se sentem) compromissados com o seu fazer profissional, mas mostram-se cegos para as suas ações, principalmente quando questionados sobre as ações didáticas pedagógicas estabelecidas na quadra de aula junto aos alunos homoafetivos. Portanto, conclui-se a não existência de tratos pedagógicos nas aulas de Ed. Física para as atividades corporais referentes à questão da homoafetividade, mesmo com todos os professores verbalizarem ser cientes da presença do homoafetivo em suas aulas. Ao contrário, o que ficou evidente foi um discurso da igualdade que descaracteriza o aluno homoafetivo no decorrer das aulas.
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