Ensinar geografia a contrapelo das representações dominantes de juventudes e suas espacialidades urbanas periféricas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2359-1870.2025.e107601

Palavras-chave:

Cidade, Escola, Juventudes, Ensino de geografia, Periferia

Resumo

O ponto de partida deste artigo é a articulação entre os conteúdos escolares de Geografia, em especial o urbano e a cidade, e as juventudes. O ensino pode se cercar de uma representação de urbano dominantemente capitalista, em que as cidades se configuram a partir da tensão colocada entre valor de uso e valor de troca, estabelecida por uma lógica de exploração exponencial do solo urbano. Mas o legado do conhecimento geográfico permite pensarmos os sujeitos plenos em suas espacialidades. Por isso, aos padrões urbanísticos que supõem as espacialidades periféricas como não urbanas, ou pré- urbanas, a Geografia dispõe de ferramentas para pensar e discutir um urbanismo periférico, subalterno (Roy, 2017). Isto posto, aqui pretendemos apontar o desafio do ensino de geografia na superação de estereótipos e leituras hegemônicas sobre os jovens estudantes de origem popular e seus territórios de moradia e, ao mesmo tempo, assinalar o potencial que os conteúdos escolares da disciplina dispõem para pensar as territorialidades e cidadanias insurgentes destes sujeitos.

Biografia do Autor

Mário Pires Simão, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutor e mestre em Geografia pela Universidade Federal Fluminense. Professor do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-graduação em Geografia da Faculdade de Formação de Professores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (FFP/UERJ).

Marcelo Pessoa da Silva , Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Licenciado em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professor de geografia na educação básica,  no município de São Gonçalo (RJ). 

 

Referências

ABRAMO, H. W.; BRANCO, P. P. M. (orgs.) Retratos da Juventude Brasileira: análises de uma pesquisa nacional. São Paulo: Ed. Fund. Perseu Abramo, 2008.

AYTKEN, Stuart C. Geographies of young people. The morally contested spaces of identity. London and New York: Routledge. Taylor & Francis Group, 2003.

AYTKEN, Stuart C. Jovens, direitos e territórios. Apagamento, política neoliberal e ética pós-infância. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 2019.

ALMEIDA, M. I. M. & EUGENIO, F. (orgs) Culturas Jovens: novos mapas do afeto.Rio de Janeiro: Zahar Editora, 2006.

ARANTES, Otília Beatriz Fiori. Urbanismo e fim de linha e outros estudos sobre o colapso da modernização arquitetônica. São Paulo: Editora da USP, 1998.

BARBOSA, Jorge Luiz. Juventudes e Cidades. Conferência ministrada em I Seminário de Pesquisa Juventudes e Cidades do Instituto de Ciências Humanas da UFJF.Out/2013. Revista de Geografia – número especial. V. 1. 2013 http://www.ufjf.br/revistageografia/files/2013/02/Palestra-Prof.-Jorge- Barbosa.pdf

BARBOSA, Jorge Luiz, COSTA. Eliane. Territórios e territorialidades em ciberculturas dos rolés: narrativas e práticas de compartilhamentos de corporeidades estético-políticas. In: DAMASCENO, I, BARBOSA, J. L (orgs) Juventudes das cidades. 1. Ed. – Rio de Janeiro: Letra Capital, 2020.

BRASIL, Secretaria Nacional de Juventude. Agenda Juventude Brasil – Quem são...Como vivem...O que pensam e propõem os jovens brasileiros? – Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros, 2013.

CASSAB, Clarice. (Re)Construir Utopias: jovem, cidade e política. Tese de Doutorado em Geografia. Instituto Geociências. Niterói: [s.n.], 2009.

CASTRO, M.; ABRAMOVAY, M. Por um novo paradigma do fazer políticas de/ para/com juventudes. Brasília: UNESCO, 2003.

CERBINO, Mauro. Jóvenes em la calle. Cultura y Conflicto. Rubi (Barcelona): Antrophos Editorial, 2006

DAYRELL, Juarez. Juventude, produção cultural e a escola. Revista Caderno do Professor. n. 9, 2002. Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais.

DAYRELL, Juarez. O jovem como sujeito social. Revista da Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Educação. Set-Dez, 2003, no.24

FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. Trad: Maria Ermantina Galvão. São Paulo: M. Fontes, 1999.

FOUCAULT, Michel. Genealogía del racismo. Buenos Aires: Altamira, 1976.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Trad. e org. de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Graal, 1992.

FRAGA, P. C. P.; LULIANELLI A. S. (orgs.). Jovens em tempo real. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

GONÇALVES, Thiago Giliberti Bersot. Periferias segregadas, segregação nas periferias. Por uma análise das desigualdades intraurbanas no município de São Gonçalo, RJ. 2012. 219f. Dissertação (Mestrado em Urbanismo). Pós-Graduação em Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, 2012. Disponível em: https://www.observatoriodasmetropoles.net.br/wp-content/uploads/2013/06/Periferias-segregadas-segrega%C3%A7%C3%A3o-nas-periferias.pdf. Acesso em: 2 jul. 2025.

GROPPO, Luis Antônio. Juventude: ensaios sobre sociologia e história das juventudes modernas. Rio de Janeiro: Difel, 2000.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Censo Demográfico 2010. Resultados do Universo. Rio de Janeiro, IBGE, 2010.

LACOSTE, Yves. Geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Tradução de Maria Cecília França. 3. ed. Campinas, SP: Papirus Ed., 1993.

LEEDS, Anthony; LEEDS, Elizabeth. A sociologia do Brasil urbano. Rio de Janeiro: Zahar Editora, 1978.

LEFEBVRE, Henri. A cidade do capital. Tradução de Maria Helena Rauta Ramos e Marilena Jamur. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 1999.

LEFEBVRE, Henri. A revolução urbana. Tradução de Sérgio Martins. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.

LEFEBVRE, Henri. La production de l’espace. 4. éd. Paris: Éditions Anthropos, 2000.

LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. Tradução de Rubens Eduardo Frias. São Paulo: Editora Centauro, 2001.

MAGNANI, José G. C.; SOUZA, Bruna M. (orgs.). Jovens na metrópole: etnografiasde circuitos de lazer, encontros e sociabilidade. São Paulo: Ed. Terceiro Nome, 2007.

MASSEY, Dorren. Filosofia da Espacialidade: algumas considerações. Geographia, Revista da Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense Niterói, ano VI, n. 12, p. 7-28, 2004.

MOREIRA, Ruy. Uma ciência das práticas e saberes espaciais. Revista Tamoios, São Gonçalo (RJ), ano 13, n. 2, p. 26-43, jul.-dez. 2017.

MOREIRA, Ruy. A diferença e a Geografia.O ardil da identidade e a representação da diferença na geografia. Geographia, Revista da Pós- Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense, Niterói, ano I, n.1, p. 41-58, 1999.

MOREIRA, Ruy. O círculo e a espiral. A crise paradigmática do mundo moderno. Rio de Janeiro: Obra Aberta, 1993.

NOVAES, Regina R.; RIBEIRO, Eliane (orgs). Livro das Juventudes Sul- Americanas. IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas. Rio de Janeiro: IBASE e Instituto Pólis, 2010.

NOVAES, Regina. Nada será como antes: notícias das juventudes sul-americanas. Publicação do Observatório da Cidadania, 2007.

OLIVEIRA, K. A. T.; PIRES, L. M. (orgs). Ensinar a cidade. Goiânica: Ed. Espaço Acadêmico, 2017.

PARRA, Adrián Restrepo. Jóvenes y antimilitarismo en Medellín. Medellín: La Carreta Editores, Universidad de Antioquia. Instituto de Estudios Políticos, 2007.

PIETERSE, Edgar. Culturas da Juventude e a mediação da exclusão/inclusão racial e urbana no Brasil e da África do Sul. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, Presidente Prudente/SP. v. 10, n.1, p. 105-124, maio 2008. Disponível em: Culturas da juventude e a mediação da exclusão/inclusão racial e urbana no Brasil e na África do Sul | Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais. Acesso em: 2 jul. 2025.

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO GONÇALO. Bairros. Secretaria Municipal de Infraestrutura, Urbanismo e Meio Ambiente, 2005.

REGUILLO, Rossana. Las culturas juveniles: un campo de estudio; breve agenda para la discusión. In: Juventude e Contemporaneidade. Brasília: UNESCO, MEC, ANPEd, 2007. 284 p. (Coleção Educação para Todos; 16).

RIBEIRO, Ana Clara Torres; LOURENÇO, Alice. Marcas do Tempo: violência e objetivação da juventude. In: FRAGA, P. C. P.; LULIANELLI A. S. (orgs.). Jovens em tempo real. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

ROY, Ananya. Cidades faveladas: repensando o urbanismo subalterno. Revista e-metropolis. Rio de Janeiro/RJ, ano 8, n. 31, p. 5-21, dez. 2017. Disponível em: emetropolis31_capa.pdf. Acesso em: 2 jul. 2025.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: espaço e tempo: razão e emoção. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 1999.

SILVA, Jailson Souza; BARBOSA, Jorge Luiz. Favela: Alegria e Dor na Cidade. Rio de Janeiro: Ed. SENAC Rio; [X] Brasil, 2005.

SILVA, J. de S.; BARBOSA, J. L.; SIMÃO, M. P. A favela reinventa a cidade. Rio de Janeiro: Mórula: EdUniperiferias, 2020.

SIMÃO, M. P. Cartografias de jovens como sujeitos políticos: dos espaços de identidade aos espaços de visibilidade. 2013. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal Fluminense, Niterói/RJ, 2013. Disponível em: https://posgeo-uff .com.br/wp-content/uploads/2022/02/para_o_site_oficial_v3.pdf . Acesso em: 2 jul. 2025.

UNIPERIFERIAS. Carta da Maré, Rio de Janeiro. Manifesto das Periferias. Instituto Maria e João Aleixo. UniPeriferias: Rio de Janeiro, 2017.

VELHO, Gilberto; DUARTE, Luis Fernando Dias (orgs.). Juventude Contemporânea. Culturas, gostos e carreiras. Rio de Janeiro: 7Letras, 2010.

WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma construção teórica e conceitual.

In: SILVA, T. T. (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

Downloads

Publicado

2025-07-09