O celular na aula de matemática: da distração ao potencial (in)explorado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1981-1322.2025.e104900

Palavras-chave:

Estudante, Ensino de Matemática, Transformação Digital

Resumo

O objetivo deste ensaio teórico é problematizar o uso do celular nas aulas de Matemática, considerando a transformação digital e as regulamentações acerca de sua utilização nas instituições de ensino. A transformação digital tem impulsionado novas abordagens pedagógicas, oferecendo aos alunos acesso a conteúdos e recursos educacionais de maneira mais interativa e personalizada. No ensino da Matemática, o celular se destaca como um recurso para tornar conceitos abstratos mais tangíveis, por meio de aplicativos, simulações e ferramentas de cálculo, além de fomentar a resolução de problemas. No entanto, o uso pedagógico do celular enfrenta entraves regulatórios que nem sempre acompanham a velocidade da evolução tecnológica. Um exemplo recente é a aprovação, pelo plenário do Senado Federal, em dezembro de 2024, do Projeto de Lei 105/2015, que restringe o uso de aparelhos eletrônicos portáteis, especialmente celulares, nas salas de aula. Embora amplamente acessível no Brasil, o celular ainda é um recurso pouco explorado pedagogicamente, o que aponta para  necessidade de mais estudos, debates e projetos práticos. Afinal, assim como o celular, muitas outras tecnologias ainda são subutilizadas, mesmo quando competências digitais são fundamentais na sociedade.

Biografia do Autor

Carla Denize Ott Felcher, Universidade Federal de Pelotas

Licenciada em Matemática pela Universidade Católica de Pelotas - UCPel e em Pedagogia (segunda licenciatura) pela Universidade Dom Bosco. Especialista em Educação Matemática pela UCPel , Especialista em Pedagogia Gestora com ênfase em Administração, Supervisão e Orientação Educacional pelas Faculdades Integradas da Rede de Ensino Univest - Santa Catarina e Especialista em Mídias na Educação pela UAB/UFPel. Mestra em Políticas e Gestão da Educação, CLAEH, Montevídeo. Mestra em Ensino de Ciências e Matemática pelo PPGECM/UFPel. Doutora em Educação em Ciências pela UFRGS. Pós-doutorado em Educação em Ciências pela Universidade Federal do Pampa. Professora no Departamento de Educação Matemática - DEMAT - IFM/UFPel, professora do Programa de Pós Graduação em Educação Matemática - PPGEMAT e Chefe da Seção de Politicas Institucionais para EaD no NUPED (Núcleo de Políticas de EaD). Pesquisa principalmente sobre o Ensino de Matemática, Tecnologias Digitais, Formação de Professores, Educação a Distância e Educação 5.0.

Michelsch João da Silva, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina

Possui graduação em Matemática pela Universidade do Sul de Santa Catarina (2008), especialização em Tecnologias do Ensino da Matemática pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2010), especialização em Coordenação Pedagógica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2016) e mestrado em Ensino de Matemática pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2014). Atualmente cursa doutorado acadêmico no Programa de Pós graduação em Educação em Ciências da Universidade Federal do Pampa. É docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC) - campus Garopaba - em regime de dedicação exclusiva. É pesquisador do grupo GENSQ - Grupo de Estudos em Nutrição, Saúde e Qualidade de Vida e editor científico e avaliador da REMAT, Revista Eletrônica da Matemática. Suas experiências estão voltadas para área do Ensino de Matemática.

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Publicado

2025-09-09

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Artigos