As condições cognitivas da aprendizagem da geometria

desenvolvimento da visualização, diferenciação dos raciocínios e coordenação de seus funcionamentos

Autores

  • Cleide Ribeiro Mota Arinos Arinos UFMS
  • José Luiz Magalhães de Freitas Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Campo Grande, Brasil. Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal, Campo Grande, Brasil. https://orcid.org/0000-0001-5536-837X
  • Méricles Thadeu Moretti Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-3710-9873

DOI:

https://doi.org/10.5007/1981-1322.2020.e85937

Palavras-chave:

Idoso, Cifose, Músculos respiratórios

Resumo

A geometria é um domínio do conhecimento que exige articulação cognitiva de dois registros de representação muito diferentes: a visualização de formas para representar o espaço e a linguagem para enunciar propriedades para daí deduzir novas. As dificuldades da aprendizagem vêm inicialmente da forma como esses dois registros são utilizados, de uma maneira frequentemente contrária ao seu funcionamento cognitivo normal e fora da matemática.  O modo de ver as figuras depende da atividade em que ela é mobilizada. Podemos assim, distinguir um modo de ver que funciona de maneira icônica e um modo de ver que funciona de maneira não icônica. A visualização não icônica implica na desconstrução das formas já visualmente reconhecidas. Existem três tipos de desconstrução das formas: a desconstrução instrumental para construir uma figura, a decomposição heurística e a desconstrução dimensional. A desconstrução dimensional constitui o processo central da visualização geométrica. Para analisar o papel da linguagem em geometria, deve-se distinguir três níveis de operações discursivas: a denominação, a enunciação de propriedades e a dedução. Essa distinção é essencial porque a relação da linguagem com a visualização muda completamente de um nível a outro. Contudo, nesta variação, se esconde um fenômeno cognitivo fundamental: o hiato dimensional. As passagens entre visualização e discurso implicam em geometria uma mudança do número de dimensões para reconhecer os objetos do conhecimento visados em cada um desses dois registros. A tomada de consciência da desconstrução dimensional das formas e a da variedade de operações discursivas são as condições para que a visualização e o discurso funcionem em sinergia, apesar de seu hiato dimensional. São esses os limiares decisivos na aprendizagem da geometria.

Referências

BALACHEF, N. Une étude des processus de preuve en mathématique chez des élèves de Collège. Thèse Université Grenoble 1. Grenoble, 1988.

BERTHELOT, R.; SALIN, M. H. L’enseignement de la géométrie à l’école élémentaire. Grand N, 53, p. 39 – 56, 1994.

BERTHELOT, R.; SALIN, M. H. L’enseignement de l’espace à l’école élémentaire. Grand N, 65, p. 37 – 59, 2000.

COREN, S.; PORAC, C.; WARD, L. M. Sensation and Perception. New York: Academic Press, 1979.

DUPUIS, C.; DUVAL, R.; PLUVINAGE, F. Étude sur la géométrie en fin de troisième, in Géométrie au Premier Cycle. Tome II, APMEP, p. 65 – 101, 1978.

DUVAL, R.; EGRET, M. A. L’organisation déductive du discours: interaction entre structure profonde et structure de surface dans l’accès à la demonstration, Annales de Didactique et de Sciences Cognitives, 2, p. 41 – 65, 1989.

DUVAL, R. Sémiosis et pensée humaine: registres sémiotiques et apprentissages intellectuels. Bern: Peter Lang, 1995a.

DUVAL, R. Geometrical Pictures: Kinds of representation and specific processings. In: Exploiting Mental Imagery with Computers in Mathematic Education (Ed. R. Sutherland & J. Mason), Springer, p. 142- 157, 1995b.

DUVAL, R. Costruire, vedere e ragionare in geometria: quali rapporti? Bolletino dei docenti di matemática, 41, p. 9 – 24, Bellinzona, 2000.

DUVAL, R. Ecriture et compréhension, dans Produire et lire des textes de démonstration. Ed. Barin &alii, p. 183 – 205, Ellipses, 2001.

EDWARDS, C. H. The historical Development of Calculus, Springer, 1979.

EUCLIDE. Les Eléments, volume 1 Livres I à IV, Tr. B. Vitrac. Paris: PUF, 1990.

GODIN, M. De trois regards possibles sur une figure au regard “géométrique”, à paraître dans le Actes du séminaire national de didactique, 2004.

IREM de Strasbourg, Mathématiques . Istra, 1979.

IREM de Strasbourg, Mathématiques . Istra, 1986.

KANIZA, G. La grammaire du voir (tr. A. Chambolle). Paris: Diderot éditeur, 1998.

KANT, E. Critique de la raison pure (tr. Barni). Paris: G. F., 1976.

LABORDE, C. Enseigner la géométrie: permanences et révolutions. Bulletin APMEP, 396, p. 523 – 548, 1994.

LEPOIVRE, G. et POIRSON, A. Cours de Géométrie théorique et pratique, I. Lille: Janny, 1920.

PADILHA, V. L’influence d’une acquisition de traitements purement figuraux pour l’apprentissage des mathématiques, Thèse U. L. P.: StrasbourG, 1992.

PEIRCE, C. S. Ecrits sur le signe (Choix de textes, tr. G. Deledalle). Paris: Seuil, 1978.

POINCARÉ, H. “Pourquoi l’espace a trois dimensions” dans Dernières pensées. Paris: Flammarion, 1963.

PIAGET, J. La representation de l’espace chez l’enfant. Paris: P. U. F. 1972.

SÉMINAIRE IUFM. Conversion et articulation des representations analogiques. Ed. R. Duval. IUFM Nord Pas de Calais, 1999.

Downloads

Publicado

2022-03-30

Edição

Seção

Traduções