Traduzir a poesia sonora

Autores

  • Olga Kempinska Departamento de Ciências da Linguagem, Universidade Federal Fluminense (UFF). Niterói, RJ, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7968.2018v38n2p185

Resumo

Relacionada enquanto efeito aos momentos-chave da encenação da emergência da linguagem, intensamente permeada pela afetividade, a meio-caminho entre o verbal e o pré-verbal, a poesia sonora é, sem dúvida, uma das maiores tentações de um tradutor de poesia. Ela se torna também um dos seus casos-limite. O presente trabalho procura apresentar e discutir a teoria da tradução da poesia sonora tal como conceituada por Roman Ingarden. Tomando como exemplos algumas das práticas poéticas das vanguardas e algumas soluções propostas por Augusto e Haroldo de Campos no Panorama de Finnegans Wake, analiso a noção ingardeniana de quase palavra e a diferença que existe entre a fruição da obra literária e a apreciação da obra musical. O interesse pela tradução não se limita para o pensador polonês à análise teórica: ele surge em meio ao seu trabalho filosófico, que se destaca pelos aspectos marcadamente bilíngues. De fato, na formulação da sua estética fenomenológica a tradução do polonês para o alemão (e vice-versa) participa do próprio processo do pensamento criativo.

Biografia do Autor

Olga Kempinska, Departamento de Ciências da Linguagem, Universidade Federal Fluminense (UFF). Niterói, RJ, Brasil

Olga Kempinska possui graduação e mestrado em Filologia Românica pela Uniwersytet Jagiellonski de Cracóvia e doutorou-se em História Social da Cultura pela PUC-Rio sob a orientação de Luiz Costa Lima. Atualmente é professora de Teoria da Literatura do Departamento de Ciências da Linguagem da Universidade Federal Fluminense. Publicou em 2011 o livro Mallarmé e Cézanne: obras em crise pela Editora Nau. Tem experiência nas áreas de Teoria da Literatura e Teoria da Arte, com ênfase na relação entre a mímesis, as emoções e o gênero.

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Publicado

11-05-2018

Como Citar

Kempinska, O. (2018). Traduzir a poesia sonora. Cadernos De Tradução, 38(2), 185–201. https://doi.org/10.5007/2175-7968.2018v38n2p185

Edição

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Artigos