Tradução e ciência no iluminismo lusobrasileiro: intertextualidade em epígrafes e divisas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7968.2018v38n3p259

Resumo

As pesquisas na área de história da tradução há muito têm se beneficiado com a análise dos paratextos editoriais, material que também utilizado nas investigações conduzidas por historiadores da ciência. Nessas áreas, o recurso a esses elementos — marcas tanto da materialidade do texto em determinado contexto temporal e espacial quanto da intervenção de autores, tradutores e editores na interpretação das obras — pode revelar características importantes acerca das filiações intelectuais e culturais desses agentes, em particular se for dada atenção à intertextualidade criada. Nesse sentido, voltado mais especificamente para o exame de epígrafes e divisas, este trabalho apresenta discussão feita com base em material constante em páginas de rosto de traduções produzidas no âmbito do Iluminismo luso-brasileiro. Publicadas na virada do século XVIII em Lisboa sob a coordenação do Frei José Mariano da Conceição Veloso, essas obras tinham o propósito de trazer o progresso ao Reino Português por meio da chamada boa e útil ciência. As epígrafes e divisas nelas encontradas são tema relevante igualmente para a história da tradução e para a história das ciências, pois seu exame permite compreensão mais aprofundada de redes culturais determinantes para a disseminação do ideário iluminista em língua portuguesa

Biografia do Autor

Alessandra Ramos Oliveira Harden, Universidade de Brasília, Brasíla, DF

Professora do quadro permanente do Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução da Universidade de Brasília desde 1996. Atualmente, realiza pesquisa em história da tradução, tradução de textos feministas e tradução audiovisual, com interesse especial em possibilidades de diálogo com o direito, a história, a educação e a filosofia.

Referências

BEAUVAIS RAISEAU (Beauvais-Raseau). O Fazendeiro do Brazil: Cultivador. (...). Tomo II. Tinturaria. Parte II. Cultura da Indigoeira, e Extracção da sua Fecula. Translated bz J. M. da C. Velloso. Lisboa: Off. Simão Thaddeo Ferreira, 1800.

BRETELLE-ESTABLET, Florence, and Stéphane Schmitt. Introduction. Pieces and Parts in Scientific Texts, edited by Florernce Bretelle-Establet, and Stéphane Schmitt. Springer, 2018, 3-17.

BURKE, Peter. History as Social Memory. Memory, History, Culture and the Mind, edited by Thomas Butler, Basil Blackwell, 1989, 97-114.

CURTO, D. R. (1999) ‘D. Rodrigo de Souza Coutinho e a Casa Literária do Arco do Cego’. In: M. F. Campos (org.) (1999) A Casa Literária do Arco do Cego: Bicentenário. Lisboa: Biblioteca Nacional e Imprensa Nacional, Casa da Moeda. pp. 15-49

GENETTE, Gerard. Paratexts: Thresholds of Interpretation. Trans. Jane E. Lewin. Cambridge - New York: Cambridge University Press, 1997.

GONÇALVES RODRIGUES, Antônio A. A Tradução em Portugal: Tentativa de Resenha Cronológica das Traduções Impressas em Língua Portuguesa Excluindo o Brasil de 1495 a 1950. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1992.

HENIGE, David. Being Fair to the Hounds: The Function and Practice of Annotation, II. History in Africa, 29, 2002, 63-88.

JOURNAL DE COMMERCE. Volume 18. Bruxelles: Chez P. de Bast, 1761.

KNOWLES, Gilbert. Materia Medica Botanica (...). Londini: Guil. Bowyer, 1723.

KRISTEVA, Julia. Word, Dialogue and Novel. The Kristeva Reader, edited by Toril Moi. New York: Columbia University Press, 1986.

MARCANDIER, M. Tratado Sobre o Canamo, Composto em Francez por Mr. Mercandier, (...). Translated by M. F. R. de Andrade. Lisboa: Off. de Simão Thaddeo Ferreira, 1799.

MASSAC, Pierre L.-R. Memoria sobre a Qualidade, e sobre o Emprego dos Adubos, ou Estrumes. Translated by J. M. da C. Velloso. Lisboa: Typographia Chalcographica, Typoplastica, e Litteraria do Arco do Cego, 1801.

MERCANDIER, M. Traité du chanvre. Paris: Chez Nyon, 1758.

NUVELLONE-PERGAMO, Giuseppe. Discurso Prático sobre a Cultura, Maceração e Preparação do Canamo (...). Translated by J. M. da C. Velloso. Lisboa: Off. de Simão Thaddeo Ferreira, 1799.

OLIVEIRA HARDEN, Alessandra R. Brasileiro tradutor e/ou traidor: Frei José Mariano da Conceição Veloso. Cadernos de Tradução (UFSC), v. 1/23, p. 131-148, 2009.

OLIVEIRA HARDEN, Alessandra R. Brazilian translators in Portugal 1785-1808: ambivalent men of science. Vol. I: 401 p., Vol. 2: 211 p. Dublin: University College Dublin. Doctorate Thesis. Hispanic and Lusophone Studies, School of Languages and Literatures, University College Dublin, Dublin-Irlanda, 2010.

OLIVEIRA HARDEN, Alessandra R. Tradução, história e o Iluminismo luso-brasileiro: a Casa Tipográfica Arco do Cego e as línguas do progresso. Ilustração, cultura escrita e práticas culturais e educativas. Edited by Antonio Cesar de Almeida Santos, Estúdio Texto, 2016, 107-129.

RUMPHIUS, Georg Eberhard. Herbarium amboinense: plurimas conplectens arbores, frutices, herbas, plantas terrestres & aquaticas (...). Edited and translated by Joannes Burmannus. Pars secunda. Amstelaedami:1741.

SCHMITT, Stéphane. Epigraphs as Parts of Text in Natural History Books in the Eighteenth Century: Between Intertextuality and the Architecture of the Book. Pieces and Parts in Scientific Texts, edited by Florernce Bretelle-Establet, and Stéphane Schmitt. Springer, 2018, 3-17.

STAHLS, Johann F. (hrsg.). Allgemeines Oeconomisches Forst-Magazin in welchem allerhand nuzliche Beobachtungen (etc.). Zehender Band (etc.). Frankfurt – Leipzig: Mezler und Compagnie, 1767.

The Bible. King James Version Standard Online. www.kingjamesbibleonline.org/Exodus-Chapter-25/. Accessed 20 June 2018.

The Bible. The Latin Vulgata. www.biblestudytools.com/vul/exodus/25.html. Accessed 20 June 2018.

VELLOSO, José M. da C. Quinografia portuguesa ou Collecção de varias Memorias sobre vinte e duas especies de quinas, (...) por Fr. José Mariano Velloso (...). Lisboa: Offic. de João Procopio Correa da Silva, 1799.

VELLOSO, José M. da C. ‘Dedicatória-Prefácio’. In: Beauvais Raiseau (Beauvais-Raseau). O Fazendeiro do Brazil: Cultivador (...). Tomo II. Tinturaria. Parte II. Cultura da Indigoeira, e Extracção da sua Fecula. Translated by J. M. da C. Velloso. Lisboa: Off. Simão Thaddeo Ferreira, 1800

VELLOSO, José M. da C. (editor and translator). O Fazendeiro do Brazil: Cultivado. (...) Colligido de Memorias Estrangeiras (...). Tomo III. Bebidas Alimentosas. Parte I. Lisboa: Off. Simão Thaddeo Ferreira, 1800.

VELLOSO, José M. da C. (editor and translator). O Fazendeiro do Brazil: Cultivador. (…) Tomo III. Bebidas Alimentosas. Cacao. Parte III. Lisboa: Impressam Regia, 1805.

VELLOSO, José M. da C. (1805b) (editor and translator) O Fazendeiro do Brazil: Cultivador. (…) Tomo IV. Especierias. Parte I. Lisboa: Impressam Regia, 1805.

VELLOSO, José M. da C. (editor and translator). O Fazendeiro do Brazil: Cultivador. (…) Tomo V. Filatura. Parte I. Lisboa: Impressam Regia, 1806.

VIRGIL. The Georgics of Virgil. Translated by J. W. MacKail. New York: Modern Library, 1934.

VIRGIL. Virgil in Two Volumes. Translated and edited by R. Fairclough. (Rev. ed.) London: William Heinemann; Cambridge (MA): Harvard University Press, 1960.

WYLER, Lia. Línguas, Poetas e Bacharéis: Uma Crônica da Tradução no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Rocco, 2003.

Downloads

Publicado

12-09-2018

Como Citar

Oliveira Harden, A. R. (2018). Tradução e ciência no iluminismo lusobrasileiro: intertextualidade em epígrafes e divisas. Cadernos De Tradução, 38(3), 259–278. https://doi.org/10.5007/2175-7968.2018v38n3p259

Edição

Seção

Artigos