Entre avanços, retrocessos e apagamentos: a Proposta Pedagógica da Educação Infantil, do Campo, das Águas e das Florestas nos PNQEIs
DOI:
https://doi.org/10.5007/1980-4512.2025.e105632Palabras clave:
Educação Infantil, Proposta Pedagógica , DecolonialidadeResumen
Este artigo investiga em que medida os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil (PNQEI) incorporam conhecimentos e práticas territoriais na dimensão da proposta pedagógica. Argumentamos que, sob uma lógica universalizante, as políticas públicas tendem a excluir conhecimentos territoriais; em uma política que versa sobre qualidade, tal exclusão implica considerar esses saberes e práticas, referências para a construção das identidades, como sem qualidade. Analisamos as três versões dos PNQEI (2006, 2018 e 2024) à luz da pluriversalidade e da criança corpo–território. No documento de 2006, os conhecimentos do território têm presença decorativa, na medida em que são mencionados, mas não são incorporados de fato. No de 2018, eles sequer aparecem, sendo totalmente apagados. Já o documento de 2024 inclui indicadores que reconhecem o território e as infâncias nele tecidas, porém outras políticas do contexto regulatório atual acabam limitando os avanços.
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