O cuidado enquanto ética na educação infantil: uma etnografia com bebês em contexto coletivo de educação

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1980-4512.2022.e90451

Palavras-chave:

Etnografia, Bebês, Cuidado, Corpo, Práticas Pedagógicas

Resumo

Este texto tem por objetivo problematizar o cuidado que é vivido em um contexto coletivo de educação de um grupo de bebês, localizado na Prefeitura Municipal de Florianópolis. Parte-se da premissa de que foi possível identificar, a partir do processo de observações e registros que emergiram no cotidiano, que o cuidado é significado e vivido de modo específico por cada um dos sujeitos envolvidos. A escolha por uma etnografia com bebês foi priorizada por estar revestida como um campo epistemológico, metodológico e ético. Sendo assim, toma-se como base os conceitos que foram anunciados pelos bebês e pelas professoras e que, trazem enunciados para pensar a ética do cuidado entrelaçado aos contextos coletivos de educação, neste caso específico, o cuidado como uma relação social. Os estudos foucaultianos auxiliam a movimentar esse conceito (cuidado) a partir do cuidado-de-si. Constatou-se, a partir da pesquisa, os bebês como sujeitos potentes que interrogam à docência.  

Biografia do Autor

Jacira Carla Bosquetti Muniz, Prefeitura Municipal de Florianópolis

Doutoranda pelo Programa de Pós Graduação da Universidade Federal de Santa Catarina na Linha de Pesquisa Educação e Infância. Possui Mestrado (2017) pelo mesmo Programa e Graduação em Pedagogia por esta mesma Universidade (2003). É pesquisadora CNPQ do Núcleo Vida e Cuidado: Estudos e Pesquisas sobre Violências (NUVIC) - desde 2015 e do GEPEI - Grupo de Estudos e Pesquisas Etnografia e Infância desde 2016. É professora efetiva de Educação Infantil desde 2006 da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis/SC.

Patrícia de Moraes Lima, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, Florianópolis, Santa Catarina

Professora do Centro de Educação da UFSC na área Educação e Infância junto ao Curso de Pedagogia.Doutora na área da Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2008).Pós-Doutorado na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação na Universidade do Porto- Portugal (2014-2015).Em 2016 desenvolveu Estágio Capacitação na FLACSO/Argentina Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais. Atua no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFSC desde 2014 e suas pesquisas convergem para os estudos das infâncias, direitos e violências. Atua na produção de conhecimentos em pesquisa etnográfica com crianças através do Núcleo GEPEI-Cnpq- onde é líder do Grupo desde 2016. No Centro de Educação CED integra o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Violências (NUVIC).

Cristina Teodoro, Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira - UNILAB

Possui estágio de pós-doutoramento em infância e diferença, pela Universidade de São Paulo. Doutorado em Educação: Psicologia da Educação, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestrado em Educação, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e Graduação em Pedagogia, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professora Adjunta Efetiva da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). Chefe de Gabinete da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Oficial de Projetos do Setor de Educação da Representação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil, responsável pelo Programa Brasil-África: histórias cruzadas e pelos projetos realizados na seara da Educação Infantil e Primeira Infância. Bolsista do Programa Internacional de Bolsas da Fundação Ford, turma 2007-2010. Tem experiência e interesse nos seguintes temas: educação, identidade étnico-racial; educação e relações étnico-raciais, história e cultura africana e afro-brasileira; diferença, infância; criança; Educação Infantil, formação docente para a Educação Infantil, currículo e prática docente para a Educação Infantil, no campo da diferença. 

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Publicado

2022-10-27