Caminhos para decolonizar a educação científica: decolonizar as relações CTS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1982-5153.2025.e99449

Palavras-chave:

educação científica, CTS, decolonialidade, educação decolonial

Resumo

Este artigo tem como objetivo discutir ideias sobre caminhos para a decolonialidade das relações CTS por meio da educação científica. Para isso, analisamos alguns referenciais pertinentes, a partir de três elementos constitutivos descritos na historiografia dominante: a unificação do movimento CTS, sua origem na tomada de consciência social e o questionamento ao cientificismo. Repensar as relações CTS, para nós, origina-se na educação científica e no trabalho de ensino para a aprendizagem científica, por meio da reconceituação do campo e na educação crítica para a função social da ciência e da tecnologia. Isso envolve pensar nas múltiplas formações docentes para o trabalho de ensino, bem como suas fundamentações para a educação decolonial. Dessa forma, deixamos a reflexão-convite para que as pessoas leitoras tomem esse espaço, continuando essas discussões conforme seus próprios questionamentos e possíveis problematizações que emergirão pelo caminho.

Biografia do Autor

Maria Fernanda Lopes de Freitas, Universidade Federal do Paraná

Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e em Matemática (PPGECM) e Mestra em Ensino das Ciências Ambientais (PROFCIAMB, 2020), ambos pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Pós-graduada em Formação Docente para EaD (UNINTER, 2021) e em Desenvolvimento Regional (UFPR, 2011). Licenciada em Pedagogia (UNINTER, 2024), licenciada em Ciências Biológicas (Uniasselvi, 2017) e bacharel em Engenharia Agronômica (UFPR, 2009). É professora na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Integra o Laboratório de Estudos deInterculturalidade, Discursos e Decolonialidades na Educação (LIDEC). Tenho aproximadamente 12 anos de experiência lecionando para os ensinos fundamental, médio, técnico e superior. Atua no estudo e pesquisa das temáticas de educação ambiental, sustentabilidade, decolonialidade, e decolonialidade no trabalho de ensino, análise do discurso.Currículo Lattes: https://lattes.cnpq.br/3751335185325739.

Patrícia Barbosa Pereira , Universidade Federal do Paraná

Graduada em Ciências Biológicas (Bacharelado e Licenciatura), mestra e doutora em Educação Científica e Tecnológica, pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atua como docente e pesquisadora na Universidade Federal do Paraná, vinculada ao Departamento de Teoria e Prática de Ensino - Setor de Educação, ao Programa de Pós Graduação em Educação, na linha de Pesquisa "Cultura, Escola e Processos Formativos em Educação", e ao Programa de Pós Graduação em Educação em Ciências e em Matemática, na linha "Transversalidade na Educação em Ciências e em Matemática". Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação em Ciências e seu ensino/pesquisa, prioritariamente nos seguintes temas: Ensino de Ciências e Linguagem, Estudos Decoloniais e Interculturalidade no Ensino de Ciências/Biologia. Coordena o LIDEC - Laboratório de Estudos de Interculturalidade, Discursos e Decolonialidades na Educação. Atualmente está em estágio de pós-doutoramento no Programa Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina, na linha de Pesquisa "Modernidade e Globalização", no qual é pesquisadora colaboradora do Núcleo Mover. Nos últimos anos tem se dedicado à formação inicial e continuada de professores de Ciências e/ou Biologia, buscando entrelaçar questões substanciais da área aos seus temas de pesquisa.

Roberto Dalmo Varallo Lima de Oliveira , Universidade Federal do Paraná

Licenciado em Química pela Universidade Federal Fluminense (2012), Mestre e Doutor em Ciência, Tecnologia e Educação pelo CEFET-RJ (2017). Foi professor da Escola Básica. Trabalhou entre 2014 e 2017 na Universidade Federal do Tocantins (UFT), entre 2017 e 2019 na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atualmente, é professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Coordenador da Coleção Culturas, Direitos Humanos e Diversidades na Educação em Ciências. Atuando nos programas de pós-graduação em Educação (PPGE) e Educação em Ciências e em Matemáticas (PPGECM) com os temas Estudos Culturais da Ciência e Tecnologias; Relações entre Ciências, Artes e filosofias. Amante da linguística, focou os últimos anos de sua carreira em estudos em Therolinguística o que fez com que se sentisse confortável para trabalhar como tradutor da obra "A Máquina Classificatória de Humanidades: escritos excrementais" produzida pelo intelectual Bartholomew Feather. Busca pensar fins de mundo e possibilidades de sobrevivência no apocalipse zumbi.

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2025-02-20

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Artigos