Infância em tempos de guerra: uma análise comparativa de Menino Mamba-Negra e Muito Longe de Casa: Memórias de um Menino-Soldado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8026.2024.e99613

Palavras-chave:

Poética do refúgio, Trauma, Memória, Nadifa Mohamed, Ishmael Beah

Resumo

Este artigo tem por objetivo analisar duas obras que têm como protagonistas crianças que, por força das circunstâncias, foram obrigadas a deixar a terra natal, se viram em meio à guerra e tiveram de lutar pela sobrevivência: Menino mamba-negra, de Nadifa Mohamed, e Muito longe de casa: memórias de um menino-soldado, de Ishmael Beah. A primeira é uma narrativa semi-autobiográfica e a segunda um memoir. Em ambas, os protagonistas vivem a experiência do refúgio e se tornam soldados. Partindo dos pressupostos teóricos de Márcio Seligmann-Silva, Walter Benjamin, Paulo Ricoeur, Michael Pollak e Diego Antonello em relação às operações da memória no testemunho do trauma, a análise focalizará em particular as estratégias utilizadas pelos autores ao narrar o impacto da guerra sobre as personagens.

Biografia do Autor

Shirley de Souza Gomes Carreira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutora em Literatura Comparada pela UFRJ (2000), com pesquisa de Pós- doutorado em Literaturas de Língua Inglesa (2004-2005). É professora associada de Literaturas de Língua Inglesa da Faculdade de Formação de Professores da UERJ e docente permanente do Programa em Letras e Linguística da UERJ. É também Procientista UERJ/FAPERJ desde 2020 e Bolsista de Produtividade em Pesquisa PQ2 do CNPq.

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Publicado

2024-11-01

Edição

Seção

Estudos Literários e Culturais

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