Uma Proposta Decolonial de Unidade Didática para o Ensino de Inglês no Contexto Escolar
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-8026.2025.e106941Palavras-chave:
Decolonialidade, Ensino de Língua Inglesa, Estereótipos NegativosResumo
Kumaravadivelu (2016) afirma que professores não-nativos de línguas estrangeiras são intelectuais subalternos, que devem agir em coletividade para desfazer os nós que os prendem ao pensamento hegemônico. Com isso em mente, apresentamos neste artigo uma unidade didática de língua inglesa para alunos do Ensino Médio, fundamentada nos conceitos de gramática da decolonialidade (Kumaravadivelu, 2016), de educação linguística intercultural (Mendes, 2022) e de letramento sociointeracional crítico (Tílio, 2019). As aulas que compõem a unidade têm como ponto de partida vídeos que abordam estereótipos negativos sobre o continente africano, desenvolvidos pela influenciadora nigeriana Charity Ekezie. Dessa forma, aspectos que tangenciam questões como desequilíbrio de poder e subalternidade, questões essas que podemos relacionar ao conceito de colonialidade, além de aspectos ligados à reflexividade e desenvolvimento de consciência crítica, são colocados em pauta durante as atividades propostas. Essas questões englobam as seguintes reflexões: (i) como estereótipos sobre sujeitos que estão na condição de subalternos podem ser questionados e desconstruídos, e (ii) como a própria prática de sala de aula de línguas estrangeiras pode reforçar concepções colonializadas, como a de native speakerism, sendo reproduzidas através de materiais didáticos importados, entre outros artefatos que replicam ideologias de grupos hegemônicos.
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