A Odisseia Segundo Penélope, por Margaret Atwood

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8026.2021.e76111

Resumo

Este artigo analisa a re-visão que Margaret Atwood faz da Odisseia em A odisseia de Penélope. Para tanto, partimos de Bakhtin (1993) para mapear a subversão operada pela versão de Penélope dos traços constitutivos do épico. Ao destronar Odisseu e dar voz, em primeira pessoa, à Penélope e às doze servas enforcadas no retono de Ulisses à Ítaca, Atwood rompe com a linguagem épica sagrada, desmistifica a lenda e atualiza o passado épico absoluto, oferecendo, no lugar da narrativa grandiosa, a experiência pessoal e privada da vida das mulheres. Analisamos também algumas das implicações da reescrita do mito homérico por uma escritora canadense contemporânea. Argumentamos que, ao matar Homero enquanto Autor, Atwood tanto inscreve sua obra no cânone quanto abre espaço para o reconhecimento de outras versões da história.

Biografia do Autor

Daniela Silva de Freitas, Professora de Literaturas de Língua Inglesa na Universidade Federal de Alfenas

Possui graduação em Letras: Inglês/ Literaturas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, mestrado em Literaturas de Língua Inglesa pela mesma instituição e doutorado em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, com período sanduíche na Universidade do Novo México. Atualmente é professora de literaturas de língua inglesa na Universidade Federal de Alfenas. Tem interesse por literaturas e culturas contemporâneas e nos debates acerca das questões de nação, raça, gênero e suas interseccionalidades.

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Publicado

2021-01-28

Edição

Seção

Contextos literários: gênero, identidade e resistência