Prata que vale ouro. O processo de profissionalização do futebol de mulheres no Brasil: uma análise do caso Athletico Paranaense/Foz Cataratas (2019)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8042.2025.e105816

Palavras-chave:

Futebol, Profisisonal, Mulheres

Resumo

Este texto objetiva compreender as estratégias utilizadas pelas jogadoras de futebol da equipe Athletico Paranaense/Foz Cataratas para atuar no campo futebolístico de modo profissional. Para tanto optou-se por um estudo de caso realizado através de observações e entrevista semiestruturada aplicadas à quatorze jogadoras e ao dirigente. As narrativas foram analisadas com base na metodologia denominada Análise de Conteúdo. Verificou-se que diante das condições desfavoráveis para atuação futebolística profissional das jogadoras, as mesmas se tornam protagonistas na luta diária, buscando criar estratégias para se inserir e se manter neste campo. Este estudo sobre a equipe Athletico Paranaense/Foz Cataratas possibilitou reflexões mais amplas sobre o futebol de mulheres, na medida que o caso observado é a realidade de muitas futebolistas no Brasil que mesmo diante das dificuldades conseguiram acumular a terceira medalha de prata nas Olímpiadas de Paris (2024).

Biografia do Autor

Marcela Caroline Pereira, Universidade Estadual de Ponta Grossa

Doutorado em Ciências Sociais Aplicadas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, Brasil(2022)
Professora do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Ponta Grossa , Brasil.

Miguel Archanjo de Freitas Junior , Universidade Estadual de Ponta Grossa

Possui pós doutorado em Ciências da Saúde, pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (2022), doutorado em História pela Universidade Federal do Paraná (2009), mestrado em Ciências Sociais Aplicadas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (2000). Professor do Departamento de Educação Física da UEPG, professor do Programa Stricto Sensu em Ciências Sociais Aplicadas (UEPG). 

Edina Schimanski , Universidade Estadual de Ponta Grossa

Possui graduação em Serviço Social pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (1992), mestrado em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (1998) e doutorado pela UNIVERSITY OF LONDON - INSTITUTE OF EDUCATION (2005). É professora Associada da Universidade Estadual de Ponta Grossa vinculada ao Departamento de Serviço Sociail, bem como do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais Aplicadas. É professora Afiliada ao Departamento de Human Development and Family Studies na Texas Tech University.

Referências

ABAL, Felipe Cittolin. O Contrato de trabalho do atleta profissional de futebol frente aos direitos fundamentais trabalhistas. Espaço Jurídico Journal of Law [EJJL], [S. l.], v. 13, n. 2, p. 325–336, 2012. Disponível em: https://periodicos.unoesc.edu.br/espacojuridico/article/view/1455. Acesso em: 18 ago. 2025.

ALMEIDA, Caroline. PISANI, Mariane. Carreiras e profissionalismo de futebolistas brasileiras após a regulamentação do Futebol Feminino no Brasil. Labrys, estudos feministas, jul./dez., 2015. Disponível em: https://www.labrys.net.br/labrys28/sport/caroline.htm. Acesso em: 05 jun. 2020.

ARAÚJO, Jonas Gomes. Mulher no futebol: Que medidas protetivas? Monografia (Graduação em Direito). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.

BALARDIN, G. F.; VOSER, R. DA C.; DUARTE, M. A.; MAZO, J. Z. O futebol feminino no Brasil e nos Estados Unidos: semelhanças e diferenças no esporte. RBFF - Revista Brasileira de Futsal e Futebol, v. 10, n. 36, p. 101-109, 17 fev. 2018. Disponível em: https://www.rbff.com.br/index.php/rbff/article/view/549. Acesso em: 19 jan de 2020.

BARDIN, Laurance. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1979.

BARLEM, Cíntia. Conmebol diz que regra de times femininos será cumprida; clubes buscam regularização junto à CBF. Blog Dona do Campinho, Ge.globo, 15 de agosto de 2018. Disponível em: https://ge.globo.com/blogs/dona-do-campinho/post/2018/08/15/conmebol-diz-que-regra-de-times-femininos-sera-cumprida-clubes-buscam-regularizacao-junto-a-cbf.ghtml Acesso em: 10 jul. 2019.

BBC NEWS. Menos investimento e proibição: os desafios enfrentados pela seleção feminina de futebol fora de campo. BBC NEWS, 2 de agosto de 2023. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/clk3r4kgzk7o#:~:text=Em%202022%2C%20a%20Confedera%C3%A7%C3%A3o%20Brasileira,dados%20divulgados%20pelo%20pr%C3%B3prio%20%C3%B3rg%C3%A3o. Acesso em 17 de novembro de 2024.

BOURDIEU, Pierre. Esboço de uma teoria da prática. In: ORTIZ, Renato (org.). Pierre Bourdieu: Sociologia. São Paulo: Ática, 1983.

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro/Lisboa: Bertrand Brasil/Difel, 1989.

BOURDIEU, Pierre. Os Usos Sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: UNESP, 2004.

BOURDIEU, P. A dominação masculina: A condição feminina e a violência simbólica. Rio de Janeiro: BestBolso, 2014.

BRASIL. Lei nº 12.395 de 16 de março de 2011. Altera as Leis nºs 9.615, de 24 de março de 1998, que institui normas gerais sobre desporto, e 10.891, de 9 de julho de 2004, que institui a Bolsa-Atleta; cria os Programas Atleta Pódio e Cidade Esportiva; revoga a Lei nº 6.354, de 2 de setembro de 1976; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 de março de 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12395.htm. Acesso em: 02 jan. 2020.

BRASIL. Lei no. 9.615, de 24 de março de 1998. Institui normas gerais sobre desporto e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 mar. 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9615consol.htm. Acesso em: 21 dez. 2019.

DAMO, Arlei Sandro. Do dom à profissão: a formação de futebolistas no Brasil e na França. São Paulo: Aderaldo & Rothschild Ed. ANPOCS, 2007.

CALEGARI, Luis Fernando. O contrato de trabalho do atleta profissional de futebol e a lei 12.395 de 2011: Uma análise da aplicação das cláusulas compensatória desportiva e indenizatória desportiva. Monografia (Graduado em Direito). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2016.

CONMEBOL. Regulamento de Licença de Clubes. 2016. Disponível em: https://www.conmebol.com/wp-content/uploads/documents/reglamento-de-licencia-de-clubes-portugues.pdf. Acesso em: 22 jul. 2018.

ELIAS, Jalile. Quanto dinheiro o seu time investe no futebol feminino? ESPN pergunta a 25 clubes, mas só um terço responde. ESPN, 8 de março de 2024. Disponível em: https://www.espn.com.br/undefined. Acesso em: 15 de novembro de 2024.

ESPN. Jogadora do Santos, Sochor desabafa sobre condições do futebol feminino e recebe apoio: 'Cansada de viver na sombra'. ESPN, 16 de julho de 2019. Disponível em: https://www.espn.com.br/espnw/artigo/_/id/5843153/jogadora-do-santos-sochor-desabafa-sobre-condicoes-do-futebol-feminino-e-recebe-apoio-cansada-de-viver-na-sombra Acesso em: 02 dez. 2019.

FREITAS JUNIOR, Miguel Archanjo de. Operário Ferroviário Esporte Clube: um estudo das causas do fracasso de uma equipe de futebol profissional do interior do Estado do Paraná. 148 2000, 133 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais Aplicadas), Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2000.

GABRIEL, Bruno José. A cobertura acerca da seleção brasileira de futebol feminino realizada pelo caderno de esporte do jornal Folha de S. Paulo (1991-2011). 2015. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais Aplicadas) – Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2015.

GASTALDO, Édison. “O país do futebol” mediatizado: mídia e Copa do Mundo no Brasil. Sociologias, Porto Alegre, ano 11, n. 22, jul/dez. 2009, p. 352-369. Disponível em: https://www.scielo.br/j/soc/a/VsTMZSGjm583CGxKDYnRmxb/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 02 nov. 2020.

LAURINDO, Alice. Análise dos impactos jurídicos por trás do tema da profissionalização do futebol feminino. Lei em Campo, 2019. Disponível em: https://leiemcampo.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Alice-Laurindo-Profissionalizac%CC%A7a%CC%83o-do-Futebol-Feminino.pdf. Acesso em: 02 mar. 2021.

ITAIPU BINACIONAL. Foz Futebol feminino retoma os trabalhos no campo da Itaipu Binacional. Itaipu Binacional, 25 de janeiro de 2013. Disponível em: https://www.itaipu.gov.br/sala-de-imprensa/noticia/foz-futebol-feminino-retoma-os-trabalhos-no-campo-da-itaipu-binacional. Acesso em: 22 jun. 2022.

KESSLER, Claudia Samuel. Mais que barbies e ogras: uma etnografia do futebol de mulheres no Brasil e nos Estados Unidos. Tese (Doutorado em Antropologia social), Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2015.

MENDONÇA, Renata. Jogadoras desabafam sobre ‘bagunça’ do Brasileiro feminino. Dibradoras, 2019. Disponível em: https://dibradoras.blogosfera.uol.com.br/2019/07/17/jogadoras-desabafam-sobre-bagunca-do-brasileiro-feminino/. Acesso em: 29 nov. 2019.

MIGUEL, Ricardo Georges Affonso. ATLETA: DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E DEVERES. Juslaboris. 2011. Disponível em: https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/94402/2014_miguel_ricardo_atleta_definicao.pdf. Acesso em: 15 set., 2020

MIRANDA, Martinho Neves. O art. 483 da CLT e a rescisão indireta do contrato de trabalho do atleta profissional de futebol. In: FILHO, F. M. S.; ZAINAGHI, L. G. K. Relações de trabalho no Desporto: estudos em homenagem ao prof. Domingos Sávio Zainaghi. São Paulo: LTr, 2018. p. 162-170.

PEREIRA, Camila Augusta Alves.; GARBOGGIN, Luísa Sá Barbosa. A obrigação explica o desenvolvimento: clubes cariocas e o futebol feminino em 2019. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 43, 2020, Belém. Anais [...]. Belém: INTERCOM, 2020.

PISANI, Mariane. Poderosas do Foz: trajetórias, migrações e profissionalização de mulheres que praticam futebol. 2012. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social). Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2012.

RIAL, Carmen. Rodar: a circulação dos jogadores de futebol brasileiros no exterior. Horizontes Antropológicos, [S.L.], v. 14, n. 30, p. 21-65, dez. 2008. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0104-71832008000200002.

SALVINI, Leila, MARCHI JUNIOR. Wanderlei. Registros do futebol feminino na revista Placar: 30 anos de história. Motrivivência, Santa Catarina, v.28, n. 49, p. 99-113, dez. 2016. https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/2175-8042.2016v28n49p99.

SOCHOR, Patrícia. Nos pedem para ser profissionais. Instagram, 2020. Disponível em: https://www.instagram.com/p/Bz-vhu1BFwh/?utm_source=ig_embed. Acesso em: 15 nov. 2020.

SAVIANI, Rodrigo. Paranaense Feminino não cresce e terá apenas quatro times na edição de 2019. ge.globo.com, 2019. Disponível em: https://ge.globo.com/pr/futebol/noticia/paranaense-feminino-nao-cresce-e-tera-apenas-quatro-times-na-edicao-de-2019.ghtml. Acesso em: 24 mar. 2021.

SOUZA JUNIOR, Osmar Moreira. Futebol como projeto profissional de mulheres: interpretações da busca pela legitimidade. Tese (Doutorado em Educação Física). Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Campinas, Campinas, 2013.

VEIGA, Maurício de Figueiredo Souza; SOUSA, Fabrício Trindade. A Evolução do Futebol e das Normas que o Regulamentam: Aspectos Trabalhista-Desportivos. São Paulo: Ltr, 2014.

YIN, Robert. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001.

ZARCO, Raphael. Em ano de Copa feminina, CBF prevê investimentos diretos no futebol de quase R$ 800 milhões. Ge. Globo, 5 de maio de 2023. Disponível em: https://ge.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2023/05/05/em-ano-de-copa-feminina-cbf-preve-investimentos-diretos-no-futebol-de-quase-r-800-milhoes.ghtml. Acesos em: 22 de novembro de 2024.

ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2015.

Downloads

Publicado

2025-08-19

Como Citar

PEREIRA, Marcela Caroline; FREITAS JUNIOR , Miguel Archanjo de; SCHIMANSKI , Edina. Prata que vale ouro. O processo de profissionalização do futebol de mulheres no Brasil: uma análise do caso Athletico Paranaense/Foz Cataratas (2019). Motrivivência, Florianópolis, v. 37, n. 68, p. 1–20, 2025. DOI: 10.5007/2175-8042.2025.e105816. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/105816. Acesso em: 5 dez. 2025.

Edição

Seção

Artigos Originais