Mais um ouro para quem? Os marcadores sociais da diferença no surfe profissional brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-8042.2025.e107424Palavras-chave:
Brasil, Surfe, Atletas, Marcadores sociaisResumo
No presente estudo, tem-se por objetivo analisar criticamente como os efeitos da interseção dos marcadores sociais da diferença afetam a trajetória e a ascensão esportiva de surfistas brasileiros. O esporte se apresenta como instrumento capaz de perfurar as camadas sociais e, assim, atingir um lugar de privilégio e poder. Aqueles que não atingiram a transformação social e econômica são ofuscados na sociedade da produção e do espetáculo. O destaque de surfistas brasileiros no cenário mundial reforça o crescimento da modalidade no país. No entanto, a meritocracia é posta em relevo, enquanto as relações interseccionais de poder que sustentam a desigualdade de raça, gênero e classe são ocultadas. A aposta em uma trajetória de vida pautada exclusivamente na conquista do “ouro” evidencia a fragilidade e o risco daqueles que buscam transformar a sua realidade social e econômica por meio de uma carreira de sucesso no esporte. A responsabilidade da sociedade para superação de determinada conjuntura está no reconhecimento e no desejo de reparação impulsionadas por novas práticas que não compactuam com as diferentes formas de exclusão e silenciamento.
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