Georges Hébert e a legitimação do esporte no Brasil: notas a partir da imprensa (1920-1930)

Autores

  • Carolina Nascimento Jubé Unicamp
  • Evelise Amgarten Quitzau Instituto Superior de Educación Física, da Universidad de la República. Uruguai

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8042.2019e54291

Resumo

As primeiras décadas do século XX constituem, no Brasil, um período marcado por um ímpeto de industrialização, urbanização e modernização. Neste contexto, o esporte começou a despontar como uma prática com grande potencial higiênico, educativo e de sociabilidade, tornando-se símbolo de modernidade entre as elites e os intelectuais brasileiros. Estes grupos frequentemente publicavam artigos em defesa do esporte em distintos periódicos, utilizando distintos autores para legitimar estas práticas, entre eles Georges Hébert, conhecido atualmente por sua crítica à prática esportiva como um fim em si mesmo e como espetáculo. O objetivo deste artigo é compreender a recepção da obra de Hébert e seus usos na discussão sobre o esporte em periódicos de grande circulação publicados no Brasil entre 1920 e 1930. Observa-se nestes periódicos certo entusiasmo com a obra e as proposições hebertistas, mas, principalmente, usos e abusos de seu nome como argumento de força para legitimar a prática esportiva.

Biografia do Autor

Carolina Nascimento Jubé, Unicamp

Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) pela linha "Educação e História Cultural"

Evelise Amgarten Quitzau, Instituto Superior de Educación Física, da Universidad de la República. Uruguai

Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Professora da Universidad de la República. Uruguai

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Publicado

2019-03-18

Como Citar

Jubé, C. N., & Quitzau, E. A. (2019). Georges Hébert e a legitimação do esporte no Brasil: notas a partir da imprensa (1920-1930). Motrivivência, 31(57). https://doi.org/10.5007/2175-8042.2019e54291

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