Demarcando espaço com magnésio para mulheres na ginástica artística: a consolidação das barras assimétricas entre os anos de 1952-1964

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8042.2021e77792

Resumo

As ginastas começaram a competir na GA nas primeiras décadas do Século XX, quando o sistema ideológico de gênero ditava os papeis e valores da mulher e, consequentemente, o que ela poderia ou não fazer na sociedade e no esporte. O intuito desse estudo foi lançar luz sobre a consolidação dos aparelhos oficiais no formato competitivo da GA feminina, por meio da análise das barras paralelas assimétricas, um aparelho inicialmente adaptado da categoria masculina. Percebe-se que, ao longo do tempo, as mulheres foram subjugadas ao discurso médico e social que direcionava o uso de seus corpos no cerne da modalidade e na sociedade. Mas, por meio de passos pequenos e do desenvolvimento imposto pelas próprias atletas, houve a necessidade de se construir um aparelho próprio que, simbolicamente, revela que as mulheres queriam ditar os direcionamentos da GA feminina nos seus próprios termos.

Biografia do Autor

Mauricio Santos Oliveira, Universidade Federal do Espírito Santo

Licenciado Pleno e Bacharel em Treinamento em Esportes pela Faculdade de Educação Física (FEF) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Mestrado em Educação Física, na área de concentração Educação Física e Sociedade - Linha de pesquisa Esporte e Sociedade - pela FEF/UNICAMP. Doutor em Ciências pela Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da Universidade de São Paulo (USP) na área de concentração Pedagogia do Movimento Humano. Ademais, possui o título de instrutor em esportes pela Escola de Ginástica de Ollerup (Gymnastikhøjskolen i Ollerup) na Dinamarca. Líder do Núcleo de Pesquisa em Ginástica (NPG), membro da Equipe Universitária de Estudos da Ginástica e do Grupo de Estudos e Pesquisa em Ginástica da USP (GYMNUSP). Docente no Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) alocado no Departamento de Desportos. Professor permanente do Programa de Pós-graduação em Educação Física do CEFD/UFES. 

Anna Stella Silva de Souza, Universidade Federal do Espírito Santo

Possui graduação em Educação Física - Bacharelado pela Faculdade Multivix (2018) e graduação em Educação Física pela Universidade Federal do Espírito Santo (2015). Atualmente possui mestrado em andamento na Universidade Federal do Espírito Santo. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Física, atuando principalmente nos seguintes temas: formação inicial e ginástica.

Myrian Nunomura, Universidade de São Paulo

Graduação (Licenciatura) em Educação Física pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (1989). Mestrado em Educação pela Yokohama National University, Japão (1995). Doutorado em Ciências do Esporte pela Universidade Estadual de Campinas (2001). Pós-doutoramento no Institute of Health and Sports Sciences da University of Tsukuba, Japão (2006-2008). Livre docência em Educação Física pela Universidade de São Paulo (2009). Atualmente é professora Titular da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Desenvolve estudos em Ginástica Artística e Pedagogia do Esporte (formação esportiva, formação profissional e carreira esportiva). Orienta mestrado no programa da EEFERP e FFCLRP-USP e doutorado no programa da FEF-UNICAMP.

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Publicado

2021-04-23

Como Citar

Oliveira, M. . S., Souza, A. S. S. de ., & Nunomura, M. (2021). Demarcando espaço com magnésio para mulheres na ginástica artística: a consolidação das barras assimétricas entre os anos de 1952-1964. Motrivivência, 33(64), 1–21. https://doi.org/10.5007/2175-8042.2021e77792

Edição

Seção

Porta Aberta