Analfabetismo no Brasil: desconceitos e políticas de exclusão
DOI:
https://doi.org/10.5007/%25xResumo
Este trabalho articula duas perspectivas de análise do analfabetismo no Brasil, intimamente relacionadas. A primeira resgata toda uma sucessão de desconceitos (ignorância, cegueira, preguiça, doença, erva daninha, incapacidade,
periculosidade etc.) que têm marcado a abordagem do fenômeno, desde o período da reforma eleitoral no final do Império (a Lei Saraiva,de 1881), quando o analfabetismo emergiu como questão nacional, até os dias atuais. A segunda focaliza o debate, que se estendeu por mais de um
século, sobre o voto dos analfabetos, questão esta só superada na Constituição de 1988. Conclui-se sustentando que esses desconceitos sobre o problema do analfabetismo têm servido muito mais para desacreditar e estigmatizar os analfabetos e para consumar e legitimar a sua exclusão do
direito do voto e da cidadania, do que à causa da universalização da alfabetização no país.
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